São Paulo, 14/01/2005

Equipes da USP participam da reativação do Projeto Rondon na Amazônia

Flávia Souza e Tadeu Breda

Reativado recentemente por iniciativa da Presidência da República e da União Nacional dos Estudantes (UNE), o Projeto Rondon terá a participação de três equipes da USP. Entre as instituições de ensino superior selecionadas, estão equipes formadas por estudantes e professores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Escola Politécnica (Poli) e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP).

O projeto, criado em 1967 e desativado em 1989, levava estudantes universitários a regiões carentes do país durante as férias. De acordo com o planejamento estratégico desenvolvido pelo Ministério da Defesa, dois aspectos da visão original do projeto permanecem atuais: democratizar e compartilhar o conhecimento produzido nas universidades e "proporcionar aos jovens estudantes o conhecimento de novas realidades".

Foram selecionadas 40 equipes - de 130 inscritas - para participar da primeira fase do projeto, implementada neste mês de janeiro no Amazonas. A seleção levou em conta o histórico escolar dos alunos, o currículo dos docentes e o trabalho das instituições. Os grupos, formados por quatro estudantes e um professor/tutor, passarão duas semanas (de 15 a 29 de janeiro) em comunidades carentes do estado. O objetivo é diagnosticar os problemas locais e elaborar um relatório com propostas de melhorias. Em julho, as equipes retornarão aos municípios avaliados para a segunda fase do projeto, voltada à implementação de soluções.

Meio ambiente
A equipe da Esalq, coordenada pelo professor Luis Eduardo Aranha Camargo, fará um levantamento das condições ambientais do município de São Gabriel da Cachoeira. "Vamos focar questões relacionadas à exploração racional de recursos, à recuperação florestal, à reposição de espécies da floresta e ao uso de biodiesel", afirma Camargo. Sobre este último aspecto, o professor enfatiza que o transporte de combustíveis para a região é uma operação cara. "Uma alternativa seria a produção de biodiesel a partir da cultura local de dendê."

São Gabriel da Cachoeira está localizada na região da Cabeça de Cachorro, a 1.800 km de Manaus. Segundo Camargo, o município, de 23 mil habitantes, é composto por pequenas comunidades dispersas, que provavelmente fazem uso intensivo dos recursos naturais. "Em nosso relatório final, faremos propostas que busquem minimizar os efeitos nocivos dessa exploração", diz.

Energia para a economia
O professor Edílson Hiroshi Tamai também irá atuar em São Gabriel da Cachoeira como coordenador da equipe formada por alunos da Poli. O grupo pretende avaliar o acesso à energia elétrica e ao saneamento básico oferecido a comunidades ribeirinhas do município. "O Amazonas possui dois grandes problemas ligados à geração e distribuição de eletricidade: os rios possuem poucas quedas d'água, e a floresta dificulta a instalação de linhas elétricas", explica Tamai.

Segundo o professor, isso impossibilita a transmissão de energia até as áreas isoladas da floresta, fazendo com que as comunidades inteiras permaneçam sem eletricidade - ou a obtenham, de forma precária, através de geradores a diesel. "Uma das idéias é estudarmos a viabilidade da instalação de fornos solares, que captam energia do Sol de forma mais barata. A colocação de turbinas ativadas pela correnteza dos rios também é uma alternativa."

A principal finalidade em ampliar o acesso à eletricidade nas comunidades ribeirinhas, de acordo com Tamai, é fornecer subsídios para que elas consigam, por meio de cooperativas, beneficiar os produtos que coletam da natureza. "Com acesso à energia elétrica, a população que vive do extrativismo pode processar produtos como o açaí e a castanha-do-pará - normalmente comercializados in natura - agregando valor àquilo que retiram da floresta", diz Tamai.

Saúde
O município de Tabatinga, na fronteira do Brasil com a Colômbia, será o destino da equipe formada pela FMRP. Segundo o tutor do grupo, o professor Anderson Soares da Silva, a equipe também levantará dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). "Precisamos fazer um diagnóstico das necessidades do local. Vamos avaliar as unidades de saúde, condições de acessibilidade, estrutura e quadro de funcionários", aponta.

O município possui cerca de 40 mil habitantes e carências em saneamento. "Somente 34% das residências são abastecidas com água potável", informa o coordenador. Silva chama a atenção para o provável grande número de vítimas de malária, doenças sexualmente transmissíveis e acidentes com arraias, muito freqüentes na região.

Mais informações: (0XX19) 3429-4485 (Assessoria de Imprensa da Esalq); (0XX11) 3091-5295 (Assessoria de Imprensa da Poli); (0XX16) 602-3058 (Assessoria de Imprensa da FMRP)

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