São Paulo, 07/06/2005

Pesquisadores da USP identificam e sintetizam feromônio do minador-dos-citros

André Benevides


Um grupo de pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba, se adiantou a cientistas do mundo todo e conseguiu isolar, identificar e sintetizar o feromônio sexual da praga denominada minador-dos-citros, que anualmente causa milhões de dólares de prejuízo aos citricultores. A descoberta será útil principalmente na detecção do inseto e, além dos benefícios econômicos, colaborará para um menor impacto ambiental do controle químico da praga.

O anúncio deve acontecer, nesta sexta-feira (10), em coletiva após o encerramento da Semana de Citricultura, o mais importante evento da área no Brasil, que ocorre na cidade de Cordeirópolis (SP).

Segundo Ana Lia Pedrazzoli, que fez a descoberta em sua tese de doutoramento pela Esalq, a identificação do feromônio foi possível, principalmente, graças à metodologia de pesquisa utilizada. Após um longo estudo sobre os hábitos comportamentais do minador-dos-citros (realizada em seu mestrado), a pesquisadora conseguiu determinar características do acasalamento do inseto. Com base nestas informações, foram extraídas as glândulas de feromônio de cerca de 5 mil fêmeas virgens que continham a substância.

As pesquisas conduzidas em países como EUA e Japão, onde a praga tem grande importância, ignoravam o comportamento do inseto e, com isso, não conseguiram amostras da substância. "O acasalamento ocorre entre uma hora antes e uma hora depois do amanhecer. O feromônio é produzido apenas neste período". As amostras conseguidas foram levadas à Universidade de Davis, na Califórnia (EUA), onde foram identificadas, e então sintetizadas.

De volta ao Brasil, Ana Lia foi a campo testar a eficiência dos compostos isolados. "O feromônio sintético conseguiu atrair dez vezes mais machos que uma fêmea virgem", relata. As substâncias químicas presentes no feromônio ainda são mantidas em sigilo por razões de registro.

Benefícios
Segundo Ana Lia, a utilização das substâncias terá como principal utilidade a detecção precoce da praga nos pomares. Isso evitará pulverizações desnecessárias de agrotóxicos, trazendo economia e precisão ao controle químico do minador. "Além do fator econômico, outra grande vantagem será na preservação do meio ambiente, pois diminuirá a quantidade de substâncias tóxicas espalhadas na natureza", afirma. Ela acrescenta ainda que baixos níveis de agrotóxicos não só favorecem os consumidores, mas a exportação do produto, que regulamenta estas quantidades.

A pesquisadora acredita que até o fim do ano os produtores já poderão se valer da descoberta. "Faltam ainda algumas pesquisas com relação à armadilha para a detecção do minador", explica. Serão analisadas questões como o raio de ação do feromônio, o melhor tipo de armadilha e a altura de colocação.

Praga
O grande problema do minador-dos-citros não é apenas os sintomas que ele provoca ao atacar brotações, causando queda de folhas e o conseqüente prejuízo no desenvolvimento da planta. O principal agravante é que ele abre portas para a penetração de uma bactéria que causa o cancro cítrico, considerada uma das piores doenças da citricultura mundial. "Ao primeiro sinal da doença, o produtor precisa eliminar a planta e todas as vizinhas num raio de 30 metros". Com esta nova arma espera-se evitar de forma considerável a presença do cancro cítrico.

A entrevista coletiva será realizada na unidade do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) na cidade de Cordeirópolis, no quilômetro 158 da Rodovia Anhanguera, após o término da Semana de Citricultura, organizada pelo IAC e pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus).

Participaram das pesquisas os professores da Esalq, Maurício Bento e José Roberto Parra, Walter Leal, da Universidade de Davis, e Evaldo Vilela, da Universidade Federal de Viçosa. O estudo contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Fundecitrus.

Mais informações: (0XX19) 3429-4199, ramal 208, com Ana Lia Pedrazzoli ou Maurício Bento



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