São Paulo, 13/10/2005

Tamanho do prejuízo com aftosa depende da habilidade do governo

André Benevides e Flávia Souza

Ainda é cedo para avaliar os impactos que o embargo à carne bovina brasileira, promovido por diversos países após o surgimento de focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul (MS), terá na economia e na pecuária do País. Na opinião do professor Sérgio de Zen, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP de Piracicaba, as proporções do prejuízo dependerão do rigor dos bloqueios comerciais impostos e da habilidade de negociação do governo.

Já o professor Albino Luchiari Filho, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), da USP de Pirassununga, acrescenta que "muitos países aproveitam a situação para baixar o preço da carne brasileira. Aquilo que seria uma punição sanitária acaba virando uma penalização econômica.

Como o Brasil é o maior exportador mundial do produto (a previsão é que neste ano o País venda US$ 3,3 bilhões), um único foco da doença causa estragos em muitos países. "Esse é um problema de importância histórica, que adquire maior exposição e relevância na medida em que cresce a dependência do mercado externo", afirma de Zen. Luchiari acrescenta que o Brasil poderá perder cerca de R$ 10 milhões só com o ICMS que deixará de ser recolhido com as exportações.

Como forma de evitar o surgimento de novos focos, de Zen aposta na melhoria dos sistemas de informação e fiscalização. "É preciso investir mais em campanhas de vacinação e de conscientização. A pecuária para exportação tem uma grande importância para a população e para a economia local, na medida em que é responsável por inúmeros postos de trabalho." O aumento da fiscalização inclui uma maior vigilância nas áreas de fronteira - há possibilidades de a doença ter sido trazida por gado contrabandeado do Paraguai.

Normalidade
Luchiari acredita que, no momento, devemos nos preocupar em "mostrar aos organismos internacionais que o Brasil está fazendo um trabalho sério. O ministro está tomando todas as providências necessárias para eliminar o problema o mais rapidamente possível." Segundo ele, é muito importante comprovar a origem do foco para determinar quais as falhas que causaram o surto e impedir que isso se repita.

Contrariando a previsão do secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Antônio Duarte Nogueira Júnior, de que as barreiras devem ser levantadas entre seis meses e um ano, Luchiari é mais otimista. "Espera-se que dentro de algumas semanas algumas barreiras já sejam levantadas, e tudo deve voltar à normalidade."

No entanto, a produção que já foi embargada não poderá ser destinada à exportação, e deve ser escoada internamente, causando uma possível queda dos preços no mercado brasileiro. Ambos os especialistas concordam que este será um dos principais efeitos imediatos, pois os bloqueios feitos pelos importadores certamente aumentarão a oferta de carne no Brasil, desvalorizando a mercadoria.

Mais informações: (0XX19) 3565-4206, com o professor Luchiari, ou (0XX19) 3417-8729, com o professor de Zen


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