São Paulo, 19/10/2005

Candidatos expõem suas idéias em debate promovido pela CCS

Da Redação, Agência USP

A Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) promoveu nesta quarta-feira (19) um debate com os cinco candidatos declarados ao cargo de reitor da USP: Antonio Marcos Massola, Suely Vilela, Helio Nogueira da Cruz, Adilson Avansi Abreu e Sedi Hirano. O encontro teve lugar no Anfiteatro Camargo Guarnieri, na Cidade Universitária, em São Paulo, e foi transmitido ao vivo na Internet, pelo Portal da USP.

Com a mediação do jornalista Marcelo Rollemberg, do Jornal da USP, os candidatos responderam a perguntas do público presente e dos internautas (foram registrados mais de 800 acessos). O debate, que contou com a organização e participação de profissionais das diversas mídias que compõem a CCS, teve início às 15 horas e terminou por volta das 17 horas.

A seguir um resumo do que foi discutido no encontro, que foi dividido nos seguintes temas: Expansão Universitária; Qualidade de ensino e pesquisa na USP e Reforma estatutária; Plano de carreira e segurança; Projetos para a Cultura e Extensão Universitária e atuação da Comunicação; Desburocratização e benefícios para docentes e funcionários.

Expansão universitária
A discussão sobre a expansão universitária passou pela questão dos recursos. Na opinião de Adilson Avanzi, há a necessidade de se buscar alternativas. "Aumentamos 3 mil vagas nos últimos anos, mas isso não é suficiente". Para Massola, a busca de recursos passa por discussão maior com a Assembléia Legislativa e o Governo Estadual. "Precisamos demonstrar a real necessidade da ampliação dos cursos da USP Leste", disse. O candidato mencionou sua participação na comissão que discutiu a incorporação da Faenquil, sediada em Lorena, à USP.

Sedi Hirano declarou ser contrário às incorporações que se fazem por critérios políticos ou econômicos. No caso específico da Faenquil, disse: "se aquela unidade se adaptar ao padrão USP, aí concordo com a incorporação". Para ele a USP Leste é um bom exemplo de expansão "feito dentro de critérios de autonomia do conhecimento e excelência acadêmica".

Nogueira da Cruz defendeu a expansão, mas declarou ser necessário escolher como será ela será feita. "Não adianta ter recursos para investimento, mas não para custeio. Daqui para frente, a expansão tem que ser muito cuidadosa e temos que lutar por recursos do Estado e de outras fontes", recomendou.

Estabelecer um projeto para 15 anos que envolva o interesse das unidades e a demanda social é a proposta de Suely Vilela. Com relação a Faenquil, lembrou que o caso será tema de debate na próxima reunião do Conselho Universitário.

Qualidade de ensino e pesquisa na USP
Os candidatos expuseram suas propostas para manter a qualidade do ensino e pesquisa na USP. Massola defendeu maior intercâmbio internacional de professores e alunos. Para Nogueira da Cruz, "a Universidade deve ampliar programas de iniciação científica e fortalecer a Comissão de Cooperação Internacional (CCInt)".

Sedi Hirano propôs a ampliação dos programas de iniciação científica, "para que os alunos de graduação produzam conhecimentos e não apenas o recebam pronto dos professores". Suely Vilela sugeriu a implantação de programas de estímulo a professores visitantes, colaboradores e pós-doutoramento, além "da melhoria da infra-estrutura da graduação". Avansi destacou que "o Conselho Universitário deve definir um projeto de longo prazo para a USP, a fim de que as prioridades não mudem a cada gestão reitoral".

Uma das questões encaminhadas aos candidatos foi relacionada à mudança no estatuto da USP para permitir a criação de dois cursos iguais numa mesma cidade. "O estatuto pode mudar, ainda mais quando temos uma cidade que é uma metrópole", afirmou Massola. Nogueira da Cruz concordou com a proposta, mas defendeu que a expansão não deve ser feita em grande escala.

Para Hirano, "é preciso modernizar o estatuto da USP, em muitos casos é uma carcaça que engessa atividades inovadoras", enquanto a professora Suely Vilela defende uma reforma que associe descentralização e desburocratização, "revendo o papel dos colegiados, hoje muito concentrados em aspectos administrativos". Avansi afirmou que "a USP precisa de meios de informação e decisão que agilizem as atividades-meio e favoreçam as atividades-fim".

Planos de carreira e segurança
Nogueira da Cruz defendeu o aprimoramento do sistema de avaliação de desempenho, lembrando que o plano atual teve sua base formada na gestão do professor Flávio Fava de Moraes. Mas o professor Hirano declarou: "A USP não tem plano de carreira". Para ele, há a necessidade de se construir um sistema de qualidade e o plano de carreira deve ser pensado para tornar a administração mais ágil e racional.

Suely Vilela avaliou que a mobilidade vertical de professores e funcionários é uma necessidade da Universidade, e que aqueles com bom desempenho precisam ser reconhecidos. "Vamos propor treinamento para que estes profissionais adquiram o perfil desejado pela instituição." Avansi também lembrou que o modelo atual segue as bases da gestão de Fava de Moraes, e que antes não havia uma boa estrutura. "Falta um planejamento no longo prazo."

Massola defendeu que é preciso investir nos funcionários, sob o risco de perdê-los para empresas que sejam mais organizadas neste aspecto. Ele ressaltou a necessidade do estabelecimento de um cronograma para o plano de carreira e do fornecimento de treinamento adequado e de plano de benefícios aos funcionários.

Segurança
O trágico acontecimento da última sexta (14), quando o estudante de jornalismo Rafael Fortes Alves foi assassinado por um colega na Rádio USP, motivou questões com relação a medidas que poderão ser tomadas daqui por diante. Nogueira da Cruz afirmou que não há maneiras de prevenir um acontecimento deste tipo. "Este caso pertence à área do imponderável", lamentou. Mesmo assim, disse acreditar que novos tipos de controle, como cartões de acesso e catracas, sejam uma opção de segurança.

Sedi Hirano lembrou que a Universidade também sofre com precariedades em salas de aula, iluminação e ventilação. "A USP não tem uma arquitetura e uma engenharia que sigam padrões de segurança." Classificou estas características como graves e afirmou que é preciso planejamento e trabalho na linha da segurança. Suely Vilela lembrou de algumas providências que já estão sendo tomadas, como a instalação de câmeras, semáforos e lombadas eletrônicas e afirmou a necessidade de se investir na área de recursos humanos, como na qualificação dos vigilantes.

Avansi acredita que a interação da sociedade com a Universidade é extremamente importante para a segurança, e exemplificou a utilização dos diversos museus da USP como uma ferramenta para este fim. "São Paulo é uma cidade mundial, e a USP precisa ter um uso qualificado de seu espaço."

Para Massola, "A USP não está tão ruim assim". Segundo ele, o projeto arquitetônico da Universidade foi direcionado aos anos de 1950, quando São Paulo não era tão grande quanto hoje. Fez menção a projetos de inclusão, como o USP Legal, e ressaltou que é preciso planejar as modernizações, pois os recursos para isso são escassos.

Projetos para a Cultura e Extensão Universitária e atuação da Comunicação
Na visão de Hirano, a cultura é também um elemento integrante do conhecimento científico, "um patrimônio cultural da sociedade" que deve ser expandido de maneira eficaz para a sociedade". Uma das estratégias para a gestão de Suely Vilela é a implementação de programas de popularização da ciência. Assim a Universidade estaria presente na escola pública, atuando no ensino médio e fundamental.

Avansi destacou a boa relação da USP com a cidade de São Paulo, estrutura que deve ser reforçada. Para ele, mesmo com as iniciativas já existentes, como os museus, a Estação Ciência e o Parque Cientec, a política de extensão da USP deve ter uma ação cultural mais focada para as profissões.

Massola foi enfático ao dizer que "não devemos ter as pesquisas só nas prateleiras". Do lado da cultura e extensão, ele apontou que é necessário trazer a comunidade para atividades mais nobres, como cursos de treinamentos profissionalizantes. Nogueira da Cruz disse defendeu a necessidade de se pensar a extensão como fonte de pesquisas, fazendo com que a comunidade e a universidade se relacionem em pé de igualdade.

Comunicação
Os candidatos também foram questionados a respeito de seus projetos para a área de comunicação.

Hirano desatacou que "o sistema deve comunicar de forma ampla a excelência acadêmica e o conhecimento". Suely Vilela tem como proposta "explorar melhor os competentes profissionais que já trabalham na comunicação interna para dar uma maior visibilidade à universidade", enquanto Avansi argumentou que a CCS precisa de mais profissionais que poderiam estar mais enraizados na realidade da USP, "que é muito grande e complexa."

Massola concordou que a USP não tem condição de divulgar tudo o que nela acontece, acrescentando que atualmente a cobertura fica polarizada na Reitoria e em algumas unidades. Para alterar a situação, ele também defende a disponibilização de mais profissionais na comunicação, o que iria garantir a transparência do que se faz dentro da USP para a comunidade externa.

Ao contrário, Nogueira da Cruz classificou como "pobre" o entendimento dos que pensam que a USP não tem visibilidade. Para ele, o tamanho da responsabilidade em cobrir toda a USP é maior do que os recursos permitem. Como alternativa, além da apresentação de um projeto mais claro por parte da reitoria para a sociedade, ele recomenda que a comunicação da USP seja descentralizada.

Desburocratização e benefícios para docentes e funcionários
Sobre esta questão, Suely Vilela defendeu a simplificação dos processos decisórios que passam por muitas instâncias diferentes. A candidata pretende desafogar o Departamento de Recursos Humanos (DRH), descentralizando os processos de contratação, direcionando-os às unidades. Para Avansi, a gestão das atividades-meio deve passar por uma descentralização. "É preciso identificar unidades de gestão temporo-espaciais, de acordo com a localização e finalidade de cada atividade."

"É muito complexa a questão na USP", disse Massola. "Os procedimentos passam pelos técnicos mais diferenciados possíveis e não sabemos nunca em que gaveta está o processo", declarou. "Desburocratizar não é algo que se faça por decreto - isso passa por uma mudança cultural numa universidade com mais de 70 anos."

Na opinião de Nogueira da Cruz, desburocratização exige mais competências que voluntarismo. "A USP é uma organização que muda muito, é muito grande e complexa, com 100 mil pessoas envolvidas. É preciso rever a legislação interna - às vezes criamos burocracia desnecessária". Sedi Hirano afirmou que a burocracia sufoca uma administração ágil e inteligente. "A burocracia virou uma atividade fim, criando um conjunto de procedimentos que se transformaram numa carcaça que só possibilita a vida não inteligente".

Benefícios sociais para a comunidade USP
Suely Vilela afirmou ter uma política adotada para benefícios. Para os funcionários, a professora propõe o fortalecimento - na medida da disponibilidade orçamentária - do auxílio creche, alimentação e outros. Para os alunos, implementar uma nova política de assistência estudantil. Os benefícios integram um conjunto de reforços para o salário de docentes e funcionários, na opinião de Adilson Avansi. "Seria útil criar um fundo previdenciário - que já começou a ser projetado na gestão Jacques Marcovith, mas não foi implementado porque não houve regulamentação". Para o aluno, o candidato projeta uma política de apoio para substituir o exaurido fundo de Heranças Vacantes. "Para os funcionários, como salário é padronizado em função do CRUESP, podemos dar gratificação por desempenho de funções."

Massola afirmou que os funcionários da USP são excluídos quando passam pelo problema de drogas. "Nesses casos é complicado conseguir a reinserção deles na atividade e na comunidade. A Universidade precisa apoiar este funcionário para recuperá-lo."

A área de saúde é, também na opinião de Nogueira da Cruz, uma das prioridades. "Existe a isonomia do CRUESP, que não inclui essa área. Este setor está sendo pouco explorado". O vice-reitor afirma que há possibilidade de se criar um fundo de previdência. "Precisamos muito disso. Os jovens docentes não têm um padrão de classe média para sustentar suas famílias."

Hirano acredita que uma alternativa são os fundos - e exemplificou com o fundo oferecido pelo Banco do Brasil a seus funcionários. "São extremamente ágeis e benéficos para todos os funcionários daquela instituição."



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