Pesquisa identifica
bactérias ainda desconhecidas pela ciência
Da Redação, Agência USP
Bactérias desconhecidas no meio científico foram identificadas
em pesquisa desenvolvida por cientistas da Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz (Esalq), da USP de Piracicaba, e da Universidade da Califórnia.
Após verificar que na superfície de uma simples folha podem
viver centenas de espécies de bactérias organizadas em comunidade,
os pesquisadores comprovaram que 97% das espécies de bactérias
identificadas de nove espécies de árvores da mata atlântica
ainda são desconhecidas.
O trabalho contrbibui para ampliação da lista de espécies
bacterianas no ambiente. Hoje temos um banco de dados de aproximadamente
5 a 6 mil espécies de bactérias classificadas e conhecidas
no mundo todo. No nosso estudo identificamos que só na mata atlântica
temos entre 2 e 13 milhões o total de novas espécies de
bactérias vivendo na superfície das folhas das cerca de
20 mil espécies de plantas lá existentes, ampliando a base
de dados anterior, comenta o coordenador da pesquisa, professor
Márcio Rodrigues Lambais, do Departamento de Ciência do Solo
da ESALQ.
A pesquisa desenvolvida em parceria com o professor David Crowley, da
Universidade da Califórnia - Riverside, professor Ricardo Ribeiro
Rodrigues, coordenador do Programa Biota, Juliano Cury, aluno de pós-graduação
em Microbiologia Agrícola, e Ricardo Büll, estudante de iniciação
científica, teve início há cinco anos no programa
Biota da Fapesp, num projeto temático envolvendo várias
áreas de estudo. A essa equipe foi destinado o estudo da diversidade
microbiana em solo, superfície de folha, casca de árvores.
A metodologia consiste, basicamente, em coletar as folhas na floresta,
remover os microorganismos da superfície das folhas e fazer uma
extração de DNA de toda comunidade microbiana. Posteriormente,
um gene típico de bactérias é analisado por meio
de seqüenciamento do DNA, possibilitando a identificação
das espécies e a estimativa da riqueza de espécies nas diferentes
folhas.
Já era sabido que as folhas abrigavam uma variedade elevada de
micoorganismos, mas os pesquisadores não imaginavam que encontrariam
valores tão admiráveis quando começaram o estudo.
Em análises moleculares realizadas em três espécies
de plantas, a catuaba ou catiguá (Trichilia catigua), o catiguá-vermelho
(Trichilia clausenii) e a gabiroba (Campomanesia xanthocarpa) foi possível
constatar que em cada folha pode viver um mínimo de 95 e um máximo
de 671 espécies de bactérias.
Segundo o microbiologista, existia uma perspectiva em encontrar uma diversidade
elevada, porque a metodologia adotada permitia não somente acessar
os microorganismos cultiváveis como também aqueles que não
podem ser cultivados nos meios de cultura tradicionais. Esperávamos
uma diversidade elevada, mas não tão elevada e nem com uma
distribuição tão única como observamos.
O artigo foi publicado em 30 de junho na revista Science, relatando as
primeiras conclusões da equipe. Uma nova etapa da pesquisa já
teve início com o levantamento bacteriológico de mais sete
espécies diferentes em outra área da mata atlântica.
Um próximo passo será explorar essas comunidades bacterianas,
cultivando-as e investigando se elas produzem substâncias de interesse
farmacêutico, industrial ou agrícola, além de determinar
seu papel ecológico. É importante apurar a função
que essas bactérias têm na floresta, o papel que elas exercem
sobre o fluxo de gases do efeito estufa na mata, como elas contribuem
para ciclagem de nutrientes na floresta, ou de que forma elas ajudam na
sobrevivência da própria espécie vegetal, sem nos
esquecermos de explorar o potencial biotecnológico, isto é,
utilizar essa biodiversidade para produzir substâncias de interesse
econômico, conclui Lambais.
(Com informações da Assessoria de Imprensa da Esalq)
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