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Informação e democracia,
projeto mil vezes assinado |
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Por
Cremilda Medina |
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No fim do século XIX, a ampla distribuição da notícia empolgava
os anseios democráticos. Os centros urbanos do Norte se lançavam
a mais uma viagem da globalização, a da informação jornalística.
Surgiram as grandes agências internacionais e o mundo parecia estar
ingressando numa era de ampla e irrestrita circulação dos sentidos
da atualidade. Se, no entanto, as fronteiras desapareciam perante
a velocidade do teletipo, o conteúdo veiculado pelos correspondentes
internacionais logo demonstrava a visão hegemônica dos países que
concentravam o poder político e econômico.
Foi um longo caminho, no século XX, até se fazerem presentes as
vozes do Sul. Na reconstrução do pós-guerras, a busca da nova geopolítica
vai alimentar velhas utopias que defendem a distribuição da notícia
no espaço democrático da comunicação social. A América Latina assumiu
com vigor a bandeira da Nova Ordem da Informação e se uniu, nos
fóruns da ONU e da Unesco, àqueles que, conscientes das carências
informativas, precisavam criar suas próprias agências de notícias.
Dos anos 60 para os anos 70, a luta pela descentralização vai ecoar
em todos os ambientes - nacionais, regionais e comunitários. Antecipa-se
aí a aspiração pelo diálogo Sul-Norte.
Nesse contexto, a Universidade de São Paulo implanta uma nova unidade
(1966) voltada para a Comunicação Social e para as Artes. Já no
final da década de 60, a discussão da Nova Ordem da Informação chega
à ECA e, em particular, ao Departamento de Jornalismo. Entre os
projetos inaugurais que marcaram presença no ensino, pesquisa e
extensão surge a Agência Universitária de Notícias. Os primeiros
cinco anos da década de 70 definiram uma localização significativa
para a autonomia informativa. E com a criação do complexo de comunicação
social da Universidade de São Paulo (a atual CCS), a experiência
de formação de jornalistas iria inspirar a iniciativa profissional
da Agência USP de Notícias, que hoje comemora seu milésimo boletim.
Do século XX para o século XXI, muitos embates se travaram nos países
do Sul e a América Latina continua sendo um foco dramático da construção
democrática. No entanto, a nova ordem da informação, dando voz aos
protagonistas que estão sob fogo cerrado, tem contribuído para a
cidadania emergente. Da mesma maneira, o conhecimento gerado na
USP, que se pauta pelas necessidades sociais, tem o que dizer e
o que ouvir na prática do signo da relação. E esta relação vem sendo
cumprida através da mediação da Agência de Notícias, integrada às
mídias impressas, eletrônicas e virtuais da Coordenadoria de Comunicação
Social. Mil boletins sinalizam uma das múltiplas frentes abertas
da história da informação de atualidade na democracia brasileira.
Cremilda Medina é coordenadora da Coordenadoria de Comunicação
Social (CCS) da USP e professora do Departamento de Jornalismo e
Editoração da ECA
imagem: Cecília Bastos [Jornal
da USP]
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