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O encontro entre
a teoria e a prática |
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Profissionais
que atuaram como estagiários na redação da Agência USP de Notícias
falam de suas experiências e do desafio de transformar ciência
em notícia |
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Por Marcelo Gutierres * |
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As dúvidas dos
estudantes não se referem somente ao meio acadêmico. Relacionam-se
também com o futuro de suas profissões. Afinal, nem sempre a teoria
está de acordo com a prática. Muitos somente se deparam com essa
realidade depois de se formarem. Mas, ao longo de sua história,
a Agência USP de Notícias (Agenusp) caracterizou-se
por ser um espaço de oportunidades para estagiários. E, para aqueles
que estiveram em sua redação, a teoria e a prática se mantiveram
vivas em cada pauta, entrevista, apuração, enfim, em cada palavra
de um texto jornalístico.
A primeira estagiária da Agenusp foi a estudante Renata Bessi,
em 1997, graças a uma bolsa-trabalho. No mesmo ano, ela ingressara
no curso de Relações Públicas da Escola de Comunicações e Artes
(ECA) e não tinha convicção de qual carreira seguir. "Prestei Relações
Públicas na USP e Jornalismo na Unesp de Bauru. Passei nas duas
e resolvi ficar em São Paulo", conta.
O contato com a prática jornalística logo a ajudaria a se decidir.
"Ao chegar na redação, eu obviamente não tinha nenhuma experiência.
Fiquei insegura, mas os meus colegas me 'pegaram pela mão' e me
ensinaram." Para ela, a Agenusp foi a sua primeira escola
de jornalismo. Trabalhou durante três anos, sendo dois anos e meio,
de 97 a 99, e mais seis meses de agosto de 99 a janeiro de 2000,
ano em que se formou em Relações Públicas.
"Embora tendo a certeza de que é
Renata Bessi:
da prática à teoria |
nessa carreira em que me realizo, resolvi terminar o curso de Relações
Públicas para então cursar Jornalismo", conta Renata, que está no
primeiro ano do curso na Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo.
Segundo a estudante, a experiência adquirida no trato com o jornalismo
científico proporcionou maior facilidade com o jornalismo factual.
Atualmente, ela integra a equipe de assessoria de imprensa da Fundação
Instituto de Administração (FIA), entidade ligada à Faculdade de
Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP.
Perguntas e respostas
"Antes eu encontrava algumas respostas. Agora, várias perguntas."
A frase é de Álvaro Magalhães Pereira da Silva, ex-estagiário, referindo-se
ao fato de o jornalismo científico trazer, geralmente, respostas
às mais variadas questões. Álvaro é repórter do caderno "Cidades",
do Jornal da Tarde. Ele explica que cobrir o trabalho de
pesquisadores possibilitou o contato com as conclusões e as saídas
apontadas nos estudos. "Respostas que não vejo hoje em dia", diz.
Em sua nova rotina, Álvaro passa pelos dramas de quem deve noticiar
o que acontece numa metrópole como São Paulo. "Fico pensando, por
exemplo, se é possível acabar com tanta injustiça." Para ele, é
um outro tipo de desafio. Mesmo lidando diariamente com os mais
variados problemas da cidade, Álvaro não esconde sua satisfação
em ser repórter. "Adoro o que faço."
Assim como Renata, o repórter do JT também passou pela redação
da Agenusp em dois momentos. A primeira, de setembro de 98
a junho de 99; a segunda, apenas por um mês no ano de 2001. "Quando
voltei para Agência, recebi uma proposta para trabalhar no
JT e não resisti."
Antes de ser "contaminado" pelo jornalismo, Álvaro cursou Engenharia
Naval na Escola Politécnica (Poli) da USP. "Mudei de idéia quando
assisti a uma entrevista do Carl Bernstein - um dos dois jornalistas
do The Washington Post que cobriu o caso "Watergate" -, no
programa "Roda Vida", da TV Cultura." Álvaro
está no quarto ano de jornalismo na ECA.
Álvaro Magalhães: buscar o
impacto na primeira frase |
O trabalho na Agenusp foi o primeiro contato dele com o jornalismo
diário. Antes, trabalhava numa assessoria, duas vezes por semana.
Tendo de produzir textos com maior freqüência, Álvaro fala que ganhou
mais confiança. "Gosto de buscar na primeira frase o impacto. Se
possível, na primeira palavra."
Ciência e Jornalismo
Formada em 2001, Bruna Maria Martins Fontes estagiou na Agenusp
de fevereiro de 2000 a agosto do ano em que se formou. De lá, foi
direto para o caderno "Empregos", do jornal Folha de S.Paulo.
Ela conta que seu maior desafio era transformar uma reportagem de
jornalismo científico em um texto de fácil compreensão e, ao mesmo
tempo, interessante. "O 'público' da Agência é o jornalista.
Então, ele tem de sentir o 'cheiro' da pauta quando lê a matéria."
Bruna ressalta uma outra importância no trabalho realizado pela
Agência: a divulgação da produção científica. "A mídia, de
modo geral, passa uma imagem da universidade como uma instituição
sucateada. Isso não é verdade. Há muita produção científica na universidade
pública." Para ela, esta idéia é transmitida à sociedade com o objetivo
de fortalecer os defensores da privatização do ensino público superior.
Além das matérias, a jornalista conta que gostava da Seção de
Notas, do Boletim diário da Agenusp. "Nas notas, o desafio
era ser seletivo e objetivo. Recebíamos releases gigantescos
e o importante era separar o que realmente interessava. Era um grande
exercício encontrar o 'nervo' da notícia." Com essa prática, ela
diz que trabalhar na mídia comercial se tornou mais fácil.
Bruna Fontes: encontrar o
"nervo" da notícia |
Agora, como profissional da Folha, Bruna reconhece as vantagens
de se estagiar na área antes de se formar. "Pelo menos na Agência,
a gente fazia de tudo. Nosso trabalho sempre foi valorizado. Além
disso, sempre tivemos tempo e liberdade para escrever e, com isso,
aprimorávamos no senso de responsabilidade."
Outra lembrança que Bruna traz consigo é a da "troca de textos".
"A gente, quando acabava uma matéria, sempre pedia para algum colega
ler. Com isso, tínhamos contato com o estilo do outro e, como a
equipe era formada de pessoas muito críticas, se a matéria passasse
por todos sem maiores problemas, era porque o texto estava bom mesmo."
Marcelo Gutierres é estagiário da Agenusp e estudante
do 2º ano do curso de Jornalismo da ECA
imagens: Cecília Bastos [Jornal
da USP] e Ernani Coimbra [Agenusp]
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