São Paulo, 04 de janeiro de 1999 n.363/99
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Estudo revela os ideais dos militares contrários ao Golpe de 64 
Pesquisa que vem sendo realizada na FFLCH da USP quer mostrar um lado ainda desconhecido da história recente do Brasil: o pensamento dos militares "esquerdistas" que lutaram contra a repressão e ao abuso de poder das Forças Armadas, durante o regime militar.
 
 
 
Centro de Saúde Geraldo de Paula Sousa, da FSP agora tem diretor clínico, de acordo com determinação do Conselho Federal de Medicina
 
 
Cursos de extensão universitária no Instituto Butantã
 
 
Projeto Atual-Tec da Cecae terá novos cursos em janeiro
 
 

Destaque 
Como pensam os militares que foram contrários ao Regime Militar

        A historiadora Andrea Paula dos Santos, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, procurou, nas Forças Armadas do Brasil, militares que foram contrários à repressão e ao abuso de poder do exército, situações agravadas no regime militar. Com a pesquisa, que é tema de sua dissertação de mestrado, Andrea quer documentar a existência de uma minoria esquerdista nas Forças Armadas. "Hoje, esses militares não possuem peso no exército, foram colocados na reserva mas exerceram influência na Instituição até o Golpe Militar de 1964", explica.
        Para Andrea, quando se fala em militar logo se pensa em "direita", na repressão que uma geração inteira sofreu em sua vida política, social e educacional, idéia encontrada na maior parte da literatura. Mas, para mostrar o que não está em nenhum livro de história, Andrea entrevistou 17 pessoas que representam, no mínimo, três gerações de militares que assumiram posições contrárias. "Os mais antigos, com idade entre 85 e 90 anos, participaram do Movimento Tenentista e do Levante Comunista. Os mais novos, com cerca de 60 anos, foram contra o Golpe de 1964. E ainda há os que participaram da Segunda Guerra Mundial", conta a pesquisadora.
        "Essa esquerda dentro das Forças Armadas era heterogênea. Apesar da formação militar, alguns ficaram à esquerda pelo próprio contexto social e político do País, outros por influências familiares", diz Andrea. Alguns disseram ter lido as Teorias de Marx e admiravam os movimentos comunistas internacionais. Participaram de Movimentos Comunistas, enquanto outros integraram o Partido Socialista Brasileiro ou o Partido Trabalhista Brasileiro, apoiado por Getúlio Vargas.
        Em comum, possuem uma história de perseguição. Foram expulsos do exército, presos, discriminados e torturados. Perderam seus empregos e foram prejudicados em suas carreiras, além de serem considerados bandidos pelos documentos oficiais do exército. No Regime Militar, o simples fato de possuir posições conflitantes ao sistema, mesmo que não fosse de forma atuante, era passível de punição. "Ao ser expulso, o militar ficava impossibilitado de exercer sua profissão em qualquer outro lugar, além de ser considerado morto. A esposa, então, recebia uma pensão como viúva", relata Andrea.
        Mas a exclusão, segundo a pesquisadora, não é o único ponto em comum dessas pessoas. Defendiam, e ainda defendem, idéias como o nacionalismo, o patriotismo, o desenvolvimento tecnológico/social do País e melhor distribuição de renda. Lutaram e ainda possuem uma atuação política em defesa de uma sociedade igualitária e democrática. "Acreditam que um País tem que gerir seus próprios recursos sem uma alta dívida externa e não depender de empresas estrangeiras. Combatiam a influência imperialista norte-americana, que ajudou no Golpe de 64 e contribuiu com a repressão social, através de compra de armas e treinamentos de pessoal", diz Andrea.
        "Os entrevistados não rejeitam a Instituição Militar, mas têm o sentimento de defesa e preservação dessa Instituição. Porém, reconhecem que foi feito mau uso de seu poder, acreditando que as Forças Armadas ainda podem ajudar no desenvolvimento da Soberania Nacional", acrescenta a historiadora.
        Segundo os depoimentos, alguns militares que eram da direita, hoje juntaram-se aos da esquerda pois perceberam que as políticas do Regime Militar acarretaram a desnacionalização do País. "Conversei com um senhor que não quis gravar entrevista, porque atua politicamente com pessoas que o prejudicou durante a ditadura. Outros contaram que encontraram torturadores e carcereiros que hoje reconhecem que os ideais igualitários que defendiam não eram nenhum absurdo", conclui.
        Mais informações: ( (011) 689-8667 ou 818-3760/3701/3731, ramal 248, ou pelo e-mail andreaps@usp.br .

Centro de Saúde agora tem Diretor Clínico

        O Centro de Saúde Escola "Geraldo de Paula Souza", da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, além de um Diretor Administrativo, agora tem também um Diretor Clínico, que terá a função de coordenar e dirigir a atuação do Corpo Clínico do Centro de Saúde, conforme Resolução do Conselho Federal de Medicina.
        Essa nova função terá ainda como competência fazer cumprir as metas do regimento interno da Instituição, dentre as quais se destacam: contribuir para o bom desempenho dos profissionais de Saúde da Instituição, assegurar melhor assistência médica aos pacientes da Unidade, colaborar para o aperfeiçoamento dos médicos e do pessoal técnico, estimular a pesquisa e o ensino médico, cooperar com a administração da Instituição visando a melhoria da assistência médica prestada e estabelecer rotinas e esquemas para a melhoria dos serviços prestados.
        Também por determinação do Conselho Federal de Medicina, foi realizada a eleição para Diretor do Centro de Saúde Escola Geraldo de Paula Souza da FSP. Dr. Mário Luiz de Camargo, médico oftalmologista, foi o eleito para o cargo.
        Ao longo de sua carreira, o Dr. Mário Luiz já foi Médico Supervisor da Clínica Oftalmológica do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP, Chefe do Serviço de Pronto Socorro de Oftalmologia do HC, Senior Registrar do Addembrooke’s Hospital da Universidade de Cambridge – Inglaterra, Conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. É autor de dezenas de artigos médicos especializados em revistas científicas nacionais e estrangeiras, além de colaborações em livros de Oftalmologia e Congressos médicos.


Cursos, seminários e palestras 

Extensão Universitária no Instituto Butantã
        O Instituto Butantã oferece, dentro do Programa de Atendimento Didático da sua Divisão de Desenvolvimento, os seguintes cursos:
        Informações Básicas em Animais Peçonhentos, para profissionais de biociências, educação ambiental, professores e militares de nível superior. De 8 a 12 de fevereiro e de 5 a 9 de julho.
        Biologia de Serpentes, para graduados e graduandos nas áreas de Ciências Biológicas, Ciências Biomédicas, Medicina Veterinária e Zootecnia, de 22 a 26 de fevereiro e de 26 a 30 de julho.
        O valor dos cursos é de R$25,00 (Unidades Públicas e Militares estão isentas). São 25 vagas para cada curso. As inscrições devem ser feitas com antecedência mínima de 45 dias.
        Mais informações: ( (011) 813-7222, ramal 2117. Telefax: (011) 813-7222, ramal 2293. Ou por e-mail: instbut@uol.com.br.


Novos cursos do Projeto Atual-Tec
        O Projeto Atual-Tec (Atualização Tecnológica), criado e organizado sob a responsabilidade da Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária e de Atividades Especiais (CECAE) da USP, com o objetivo de promover a sensibilização tecnológica nas micro, pequenas e médias empresas mediante o aproveitamento do potencial tecnológico da USP, está oferecendo os seguintes cursos em janeiro:
        Qualidade no atendimento ao público, de 26 a 29 deste mês, das 18h30 às 21h30;
        Reciclagem do plástico, também de 26 a 29, das 18h30 às 22h30.
        O valor da inscrição é de R$225,00, ou R$200,00 para pagamentos até dia 20 de janeiro, para os dois programas. Os cursos são ministrados em unidades localizadas dentro do campus da USP em São Paulo.
        Mais informações: ( (011) 818-3903 e 818-4164.
        Internet: pelo sitehttp://cecae.usp.br/atualtec; e-mail: atualtec@org.usp.br.
 
 
Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, nº 374, conj. 244.  
Tel. 818-4411/818-4691 - Fax: 818-4476/ 818-4426/818-4689 
E-mail: agenusp@edu.usp.br 
Home Page: http://www.usp.br/agen/agweb.html 
Jornalista Responsável: Marcia Furtado Avanza 
Repórteres: Antonio Carlos Quinto, Ivanir Ferreira 
Estagiários: Renata Bessi, Henry Koibuchi Sakane, Carolina Cavalcanti e Alvaro Magalhães
 
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