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São Paulo, 1º de
setembro de 1999 n.450/99
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Violência:
instrumento de educação no início do século
Pesquisadora da FFLCH analisou as diversas formas de
abuso contra crianças e adolescentes, além dos motivos
que levavam a sociedade a legitimar essa violência. Ainda hoje, segundo
ela, muitos defendem a idéia de "bater para educar".
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Saúde
Pública promove seminário de articulação entre
as agendas sociais
Centro
Maria Antonia e Instituto Oceanográfico promovem exposições
sobre Ambiente Marinho e Antártica
Biodiversidade
de peixes e conservação de ambientes marinhos é tema
de curso no IO
Destaques
Violência legitimada pela sociedade
A violência era, no início
do século, um instrumento socialmente aceito para disciplinar os
futuros cidadãos. Essa é uma das conclusões da dissertação
de mestrado de Tamy Valéria Moraes Furlotti, "Segredos de família:
violência doméstica contra crianças e adolescentes
na São Paulo das primeiras décadas do século XX",
defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
da USP.
A pesquisadora estudou os
diferentes tipos de violência na família que eram cometidos
na época e sua repercussão na sociedade, no período
entre 1890 e 1927, ano da criação do primeiro Código
de Menores brasileiro. Os documentos para análise foram selecionados
entre documentos policiais, processos judiciais, reportagens e editoriais
de jornais. O respaldo teórico, porém, só foi encontrado
em material contemporâneo, como manuais de medicina, psiquiatria
e psicologia, pela ausência do assunto na produção
e mesmo no contexto científico do começo do século.
"Tive que olhar o fenômeno no passado com o respaldo científico
de hoje, levando em conta a especificidade da época", disse ela.
Tamy pesquisou a violência
contra a criança e o adolescente de acordo com a classificação
feita pela medicina atual, dividindo-a em três tipos de vitimização:
a física, a sexual e a psicológica. Elas são ilustradas
por casos em que as agressões ultrapassaram os limites do ambiente
privado e vieram a público, os quais foram encontrados principalmente
na documentação policial e jurídica. A pesquisadora
abordou também casos em que a violência levou à morte
da vítima.
Na pesquisa Tamy também
mostrou como a sociedade, a imprensa e a Igreja viam o assunto. Através
da análise de reportagens, artigos e editoriais de jornais, de leis
criadas no período e do discurso da Igreja, percebe-se, segundo
ela, a legitimidade dada à violência como instrumento de educação
e a leveza da legislação em relação a quem
se excedesse. Tamy cita o exemplo de passagens da Bíblia nas quais
defende-se a idéia de "que a criança deve ser punida, que
ela cobra do pai essa punição", e de um catecismo da época
que também defende essa posição. Outro exemplo está
na documentação do Centro das Indústrias do Estado
de São Paulo (CIESP) contra o Código de Menores de 1927.
Segundo Tamy, existem também depoimentos de pais contra essa legislação
"porque ela os proibia de colocar as crianças para trabalhar antes
dos 8, 9 anos".
Para a pesquisadora, a explicação
para esse posicionamento está tanto na transformação
pela qual passava a sociedade no período quanto na manutenção
de padrões sociais vigentes. Somavam-se uma maior visibilidade devida
ao adensamento das cidades e o surgimento de legislações
controladoras no exterior. A legitimidade dada à violência
doméstica era o resultado do encontro da tradição
familiar brasileira, patriarcal e paternalista, com a pressão do
mundo moderno, industrializado. Relações de dominação
estabeleciam-se naturalmente dentro das famílias, sujeitando os
menores a todos os tipos de abusos.
O Estado começava
a se interessar pela formação dos cidadãos, mas não
tinha como dar melhor assistência às crianças e aos
adolescentes, e os casos de abuso eram raramente punidos. Segundo Tamy,
a maioria dos inquéritos policiais e denúncias estudados
não resultou em processos, e normalmente, depois de uma multa ou
advertência aos pais, a criança voltava para casa. A criança
e o adolescente passaram a ser tema de discussões no país,
sob a influência das legislações estrangeiras, mesmo
assim, inicialmente, só para a instalação de programas
de puericultura e pediatria. Somente depois da II Guerra Mundial é
que a violência contra o menor começou a ser discutida por
pediatras, mas pouca coisa foi feita. Para a pesquisadora, mesmo sem a
legitimação da sociedade muita gente ainda defende a idéia
de "bater para educar".
Dia 22, das 9 às
18 horas, no Auditório da Escola Politécnica, a USP estará
reunindo pesquisadores que tratam do estudo da violência e dos direitos
humanos. O seminário USP fala sobre a violência pretende
discutir saídas institucionais para a contenção da
violência e, em especial, políticas sociais capazes de promover
direitos humanos e políticas públicas que possam restituir
o direito à segurança
Mais informações:
(
(0XX11)453-2217 com Tamy Valéria Moraes Furlotti.
Movimento dos Municípios Saudáveis e
outras Agendas Sociais
Funciona há mais de um
ano na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP a Oficina
Permanente de Estudos e Programas sobre Cidades/Município saudáveis,
com o objetivo de contribuir para o estabelecimento de políticas
públicas saudáveis na América Latina e no Brasil,
e melhorar a saúde e qualidade de vida da população.
Composta por 40 membros, interdepartamentais e interinstitucionais, a Oficina
representa um grande apoio ao movimento dos Municípios Saudáveis
no Brasil, realizando seminários, pesquisas avaliativas, articulação
entre instituições acadêmicas envolvidas com o tema
e eventuais assessorias a Municípios.
De acordo com a professora
Marcia Faria Westphal, o movimento de Municípios Saudáveis,
as estratégias de implementação da agenda 21, os programas
da Comunidade Solidária e outras agendas sociais vêm tentando
dar respostas a um estilo de desenvolvimento que se mostra ecologicamente
predatório, socialmente perverso, politicamente injusto, culturalmente
alienado e eticamente censurável. "Cada uma dessas Agendas Sociais
está buscando caminhos para transitar para um outro modelo de desenvolvimento
local, que seja sustentável, que satisfaça as necessidades
das gerações atuais sem comprometer a capacidade das futuras.
O que acontece é que os esforços estão sendo feitos
de forma dispersa, sem articulação ou integração
o que pode enfraquecer todos os movimentos e os resultados dos esforços
empreendidos em seu nome", diz a professora.
Com o objetivo de possibilitar
a troca de experiências entre as agendas sociais que atuam na sociedade
brasileira e identificar os fatores comuns entre elas, visando o fortalecimento
dos movimentos sociais, a Oficina promove, no próximo dia 13, o
seminário Articulação entre as agendas sociais:
agenda 21, município saudável, comunidade solidária
e outras, que representa uma primeira iniciativa para interação
entre as diferentes Agendas Sociais.
Mais informações:
(
(0XX11) 881-5091.
Cursos, Seminários
e Palestras
Cursos de Arquitetura e Urbanismo da FUPAM
A Fundação
para a Pesquisa Ambiental (FUPAM), da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
(FAU) da USP, oferecerá os seguintes cursos para o mês de
setembro, na área de Arquitetura e Urbanismo:
Gerenciamento de Obras.
De 21 a 29 de setembro, terças e quartas-feiras, das 19 horas às
22h30.
Paisagismo: Da Concepção
ao Projeto -I. De 22 de setembro a 18 de outubro, segundas e quartas-feiras
(A 8ª aula, visita técnica, será num sábado),
das 18 às 22 horas.
Pinturas Especiais.
De 23 de setembro a 14 de outubro, segundas e quintas-feiras, das 17 às
21 horas.
Planejamento de Restaurantes
- Indústrias, Hospitais, Hotéis, Fast Foods e Lanchonetes.
Primeira parte, de 20 a 24 de setembro, segunda a sexta, das 18 às
21 horas. Segunda parte, de 27 de setembro à 13 de outubro, segundas
e quartas-feiras, das 18 às 21 horas.
Uso do Aço na
Arquitetura - Módulo I. De 22 de setembro a 14 de outubro, quartas
e quintas-feiras, das 18h30 às 21h30.
As inscrições
terminam uma semana antes do início de cada curso.
Mais informações:
(
(0XX11) 818-4566/4815 ou 814-0829.
Mestrado em Ciência Ambiental
Estão abertas as
inscrições para a turma de mestrado do ano 2000 do Programa
de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (PROCAM).
A seleção dos candidatos será feita com base em três
etapas eliminatórias. O prazo de inscrições estende-se
até 3 de setembro, reiniciando no dia 8 para terminar no dia 10
do mesmo mês.
Mais informações:
(
(0XX11) 818-3496.
Biodiversidade de peixes e conservação
de ambientes marinhos
O Instituto Oceanográfico
(IO) da USP dará o curso de difusão cultural Biodiversidade
de peixes e conservação de ambientes marinhos, que acontecerá
em duas etapas. O Módulo Teórico será dado
no próprio Instituto, de 20 a 24 de setembro, das 14 às 18
horas. O Módulo Prático acontece na Base Clarimundo
de Jesus do IO, em Ubatuba, no mês de outubro. As inscrições
devem ser feitas até o dia 17 de setembro, no Instituto Oceanográfico,
na Praça do Oceanográfico 191, Cidade Universitária,
das 9 às 11 e das 14 às 17 horas.
Mais informações:
(
(0XX11) 818-6530 ou pelo e-mail pcunning@dialdata.com.br
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Agenda Cultural
Museu Oceanográfico
O Centro Universitário
Maria Antonia (Ceuma) e o Instituto Oceanográfico (IO) da USP promovem,
de 9 de setembro a 17 de outubro, as exposições
Expo Ambiente
Marinho e Expoantártica, em que serão apresentadas
vitrines com amostragem de biodiversidades e fotografias. A abertura das
exposições acontece no dia 9, a partir das 10 horas. A visitação
pode ser feita diariamente, das 9 às 23 horas.
Mais informações:
(
(0XX11) 255-5538/7182 ou pelo e-mail: mariantonia@edu.usp.br
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Teses e Dissertações
Faculdade de Direito
Doutorado
A recepção
do Tratado Internacional no Direito brasileiro: uma proposta de sistema
integrador. Pedro Boholonetz de Abreu Dallari. Dia 10/09, 8h30.
Mais informações:
(
(0XX11) 3111-4004.
Escola de Enfermagem
Mestrado
O sentir, o pensar e
o agir do aluno de graduação para cuidar do paciente com
HIV/AIDS. Lylian Piquera dos Santos. Dia 3/09, 14 horas.
A resposta psicossocial
de impotência e o 'locus de controle' de pacientes no pós-operatório
de cirurgia cardíaca. Cristiani Giffoni Braga. Dia 9/09,
14 horas.
Mais informações:
(
(0XX11) 3066-7533.
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Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, nº 374,
conj. 244, São Paulo - SP.
Tel. 818-4411/818-4691 - Fax: 818-4476/ 818-4426/818-4689
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Jornalista Responsável: Marcia Furtado Avanza
(Mtb 11552) mfrsouza@usp.br
Repórteres: Antonio Carlos Quinto acquinto@usp.br
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Júlio Bernardes e .Renata Bessi. |