São Paulo, 27 de dezembro de 1999 n.495/99
Rap mostra a cara da periferia
Algumas músicas do grupo de rap Racionais MC'S foram tema de pesquisa na FFLCH. O trabalho mostra as letras como fontes reveladoras dos sentimentos dos jovens negros da periferia e como meio de denúncia das condições de violência, preconceito e discriminação vividas por eles.

FSP disponibiliza na Internet dados sobre o câncer na cidade de São Paulo
 
 

TV USP apresenta programa sobre as estatísticas de futebol, mostrando as projeções feitas por matemático do IME para o campeonato brasileiro
 


Destaques


Linguagem agressiva do rap mostra realidade de jovens negros da periferia
        Estudo realizado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP mostra que o rap expressa os sentimentos dos jovens negros da periferia e denuncia as condições de violência, preconceito e discriminação por eles vividas. Para a pesquisadora Sílvia Cristina Oliveira, que analisou e avaliou as letras de dez músicas do CD Raio X Brasil, do grupo de rap Racionais MC’S, "o jovem negro encontra espaço no rap para manifestar sua revolta contra o sistema que o agride. Eles utilizam a arte e a música como forma de reivindicar cidadania".
        Os negros, afirma Sílvia, sofrem por parte da sociedade brasileira um racismo velado. "Vivemos o mito da de-mocracia racial", diz, e os jovens negros respondem a essa situação de várias maneiras. Uns partem para a violência concreta, enquanto outros manifestam sua agressividade por meio do discurso violento proposto pelo rap. "As músicas que analisei trazem impressas em suas letras a realidade desses jovens. Eles encontram na violência verbal e simbólica uma maneira de desabafar e registrar as agressões raciais e institucionais, como atendimento médico deficiente, sistema educacional precário e agressões policiais, das quais são vítimas", explica. "Além disso, o rap oferece à sociedade a chance de entrar em contato com a vida desses jovens, cuja realidade é ignorada".
        Porém, a função social do rap vai além da denúncia. Segundo a pesquisadora, essa manifestação artística serve como um instrumento de politização dessa juventude desfavorecida. Como a realidade descrita nas letras é a mesma para esses jovens, há uma grande identificação entre eles, unem-se como vítimas da mesma repressão. "O rap acabou se transformando em uma espécie de religião para eles". Os autores das músicas utilizam-se desse fato para pregar o direito à cidadania e incentivá-los a melhorarem suas chances de vida, por meio do estudo e não uso de drogas.
        Na linguagem agressiva do rap, afirma Sílvia, expressa-se o desejo de mudar a situação social vigente, desafiando o jovem a sair da passividade e ter uma posição ativa frente ao sistema opressor. "As letras incentivam a busca da cidadania plena e expõem os tipos de violência que os jovens negros sofrem e propõem a paz".
        Esse tipo de música, além de conter uma descarga emocional dos jovens da periferia, contribui para a formação e recuperação da identidade negra, reforçando os valores da cultura afro-brasileira. É um espaço para que eles possam reaver a identidade negra e reconstruir a auto-estima. "As músicas possibilitam a conscientização dos jovens da periferia, trazem informações e preservam a identidade coletiva como maneira de se romper o ciclo de miséria, da violência e do racismo", ressalta a pesquisadora.
        Mais informações: ( (0XX11) 9995-1734 ou 209-2226.

Câncer em São Paulo na Internet
        O Registro do Câncer em São Paulo, órgão do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP colocou na Internet a publicação Incidência de câncer no município de São Paulo, Brasil, 1983-1988-1993 - Tendência no período 1969-1993, lançada em junho. O trabalho, coordenado pelo professor Antônio Pedro Mirra, mapeou os tipos de câncer que ocorrem na cidade de São Paulo entre 1969 e 1993, apontando tendências que possam favorecer políticas de prevenção e controle.
        O projeto foi realizado em parceria com o Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer, Fundação Ary Frauzino para Pesquisa e Controle do Câncer, Secretaria Estadual de Saúde, Fundação Oncocentro de São Paulo e Secretaria Municipal de Saúde. Os dados da publicação podem ser acessados no endereço http://www.fsp.usp.br/csp/.
        Mais informações: ( (0XX11) 3066-7799, 282-2920 (fax).


Agenda Cultural

Programação da TV USP
        A TV USP exibe, na semana de 27 de dezembro e 2 de janeiro, os seguintes programas:
        PANORAMAInstituto Oceanográfico, mostrando sua biblioteca, o museu e a contribuição à sociedade; As aventuras do Dr. Broca, episódio da série produzida pela TV USP em parceria com a Faculdade de Odontologia da USP no centro de São Paulo em que o Dr. Broca ensina, de forma bem-humorada, a prevenção contra as cáries; Estatísticas de futebol, mostrando as projeções estatísticas feitas pelo matemático Marcelo Arruda, do Instituto de Matemática e Estatística (IME), para o campeonato brasileiro de futebol. Terça-feira (28/12), às 6h30, 11h e 15h30; quinta-feira (30/12), às 6h30, 11h, 15h30, 20h e 00h30; sábado (1/1), às 11h, 15h30 e 20h; e domingo (2/1), às 6h30, 20h e 00h30.
        DELTA PITerceira Idade. Co-produção da TV USP e da TV PUC. O tema será debatido por alunos e professores da USP envolvidos no Projeto Universidade Aberta a Terceira Idade e pelo aluno de direito da PUC Marcelo Zovico, com mediação de Paulo Blikstein. Terça-feira (28/12), às 19h30 e 0h; quarta-feira (29/12), às 10h30; sábado (1/1), às 6h e 0h; e domingo (2/2), às 10h30 e 15h.
        O CINEMA CULTURAL NO ANO 2000, mesa-redonda promovida pela Associação Brasileira dos Documentaristas (ABD) com Edina Fuji, gerente da Quanta, empresa de locação de equipamentos de cinema, e Eliane Daminelli, representante comercial da Fuji Film do Brasil. Segunda-feira (27/12) e sexta-feira (31/12), às 6h30, 11h, 15h30, 20h e 00h30, e quarta-feira (29/12), às 6h30, 15h30, 20h e 0h30.
        Mais informações: ( (0XX11) 818-4101.


Quadro de Avisos

Diretor científico da Fapesp é reconduzido ao cargo
        O físico e engenheiro eletrônico José Fernando Perez foi reconduzido, pela segunda vez, ao cargo de diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), após ter sido eleito por unanimidade pelos 12 integrantes do Conselho Superior da Fundação e confirmado no cargo pelo governador Mário Covas. O decreto de nomeação registra também a nomeação do médico e diretor da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu, Paulo Eduardo de Abreu Machado, para a função de vice-presidente da Fundação.
        Mais informações: ( (0XX11) 838-4151 e 838-4008.
 
Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, nº 374, conj. 244, São Paulo - SP. 
Tel. 818-4411/818-4691 - Fax: 818-4476/ 818-4426/818-4689 - E-mail: agenusp@edu.usp.br
Home Page: http://www.usp.br/agen/agweb.html
Jornalista Responsável: Marcia Furtado Avanza (Mtb 11552) mfrsouza@usp.br
Repórteres: Antonio Carlos Quinto acquinto@usp.br , Ivanir Ferreira ivanir@usp.br
Estagiários: Caco Cardoso, Ciro Bonilha, Júlio Bernardes e Renata Bessi.