São Paulo, 05 de janeiro de 2000 n.498/00.
Estudos mostram como está a violência no Brasil
Na próxima terça-feira (11), a USP lança Primeiro Relatório Nacional sobre Direitos Humanos no Brasil e a pesquisa Atitudes, Normas Culturais e Valores em Relação à Violência em Dez Capitais Brasileiras. Os trabalhos mostram a realidade dos direitos humanos e da violência no País.

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Destaques

USP lança o primeiro relatório nacional sobre direitos humanos

        O Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) lança, na próxima terça-feira (11), o Primeiro Relatório Nacional sobre Direitos Humanos no Brasil, coordenado pelo professor Paulo Sérgio Pinheiro, e a pesquisa Atitudes, Normas Culturais e Valores em Relação à Violência em Dez Capitais Brasileiras, coordenada pela professora Nancy Cardia. O lançamento acontece às 11 horas, na sala 8 da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, que fica na Av. Prof. Luciano Gualberto, 315, Cidade Universitária.
        O relatório, elaborado a partir de dados dos governos federal, estaduais e de organizações nacionais e internacionais da sociedade civil, focaliza predominantemente a situação dos direitos humanos no Brasil, desde o lançamento do Programa Nacional dos Direitos Humanos (PNDH), em maio de 1996, até dezembro de 1998.
        De acordo com Pinheiro, a colaboração dos governos estaduais num curto espaço de tempo, demonstra o interesse de fazer o possível para aumentar o grau de respeito aos direitos humanos no Brasil. "Deixam claro que não é mais possível tolerar a continuidade da violência policial, dos grupos de extermínio, da exploração do trabalho infanto-juvenil, da exploração sexual de crianças e adolescentes, do trabalho escravo, da violência contra povos indígenas e da discriminação por motivo de nacionalidade, gênero, idade, etnia, raça, orientação sexual, diversas modalidades de incapacidade, crença religiosa ou convicção política", justifica.
        O relatório, além de enfatizar o que foi feito em cada estado em benefício dos direitos humanos desde o lançamento do PNDH, registra alguns casos exemplares de violações que ainda exigem atenção do poder público e da sociedade.
        O estudo coordenado pela professora Nancy Cardia, encomendado pela Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, teve como objetivo traçar um perfil da criminalidade através de pesquisas de opinião e estudos de vitimização, que permitiram conhecer as atitudes da população em relação ao crime e à violência. Nancy coletou os dados entre março e abril de 1999, em dez capitais brasileiras: Porto Alegre, São Paulo,. Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Belém, Manaus, Porto Velho e Goiânia. Foram entrevistadas 1.600 pessoas a partir de 16 anos, com diferentes graus de escolaridade e condições econômicas.
        As informações levantadas, que oferecem um retrato rigoroso e minucioso com o cruzamento dos dados por idade, gênero, renda, religião, moradia e comparações entre as cidades, deixam claro que a violência é percebida como um fenômeno que atinge todas as localidades pesquisadas e todos os grupos sociais. Os resultados permitem conhecer o perfil da vitimização nos diferente segmentos da sociedade e um quadro mais complexo das percepções da violência.
        Para Nancy, a pesquisa é um primeiro passo para um delineamento desse diagnóstico mais refinado sobre as causas da violência fatal. Com essa abordagem, a pesquisadora justifica com a falta de indig-nação generalizada contra o crescimento da violência. Segundo ela, observa-se maior freqüência de indignação contra o crescimento da criminalidade violenta do que com o crescimento dos homicídios que vitimam, em sua maioria, jovens do sexo masculino, moradores de bairros mais pobres. "Essa ausência de indignação pode ser conseqüência de vários fatores: pode indicar a existência de uma normalização ou aceitação da violência interpessoal desde que praticada contra o que se imagina sejam determinados ‘tipos de pessoas’, ou para resolver determinados ti-pos de disputa (por exemplo, do tráfico)."
        Para a pesquisadora, a inexistência de indignação resulta na falta de uma pressão social organizada para que o problema seja enfrentado em suas raízes. Segunda ela, "a pressão que surge é ocasional, fragmentada, alimentada por uma indignação muito forte, mas de curta duração, que segue a algum episódio de violência que chame a atenção da mídia e que evoque uma sensação de identidade entre as vítimas e audiência."
        Ela reforça, porém, que o pressuposto da pesquisa é de que a violência não se explicaria apenas a partir da presença de variáveis estruturais: pobreza, desemprego, carência em vários níveis, mal funcionamento do sistema de justiça criminal, presença de álcool ou drogas na sociedade. Sua explicação exigiria também a presença de um conjunto de valores e de normas que justifiquem a adoção de comportamento violentos. "Assim, a violência tem múltiplas causas, sendo que os valores e normas socialmente compartilhados são parte desse modelo de causalidade", conclui.
        Mais informações: ( (0XX11) 8184965, na Ass. de Imprensa do NEV-USP, com Ricardo Lavalle.


Cursos, Seminários e Palestras 

Inglês no Campus
        Estão abertas até o dia 18 de janeiro as inscrições para novos alunos do curso de difusão cultural English on Campus, promovido pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Após a inscrição, os candidatos serão submetidos a um teste e a um sorteio, para o preenchimento das vagas no curso.
        Mais informações: ( (0XX11) 818-4645.

Psicologia hospitalar
        O Serviço de Psicologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (HCFM) da USP receberá nos dias 12 e 13 de janeiro inscrições para o Curso de aprimoramento em psicologia clínica hospitalar aplicada a cardiologia, com duração de um ano. Os participantes terão bolsa de estudos custeada pela Fundap.
        Mais informações: ( (0XX11) 3069-6292.

Educação e Cidadania
        O Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP oferece, de 10 a 14 de janeiro, das 14 às 18 horas o curso Educação e Cidadania: a produção de vídeos ambientais. As inscrições devem ser feitas até dia 7.
        Mais informações: ( (0XX11) 818-4645; e-mail extensao_fflch@recad.usp.br .
 
 
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Estagiários: Caco Cardoso, Ciro Bonilha, Júlio Bernardes e Renata Bessi.