29/05/2003 - saúde
Própolis mostra-se eficaz no combate a infecção hospitalar
Própolis coletada em Minas Gerais aliada a antibiótico oxacilina, torna possível novas opções terapêuticas contra infecções hospitalares. Pesquisadora do ICB busca agora patentear sua descoberta


Juliana Kiyomura Moreno


Pesquisa desenvolvida no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP comprova que a própolis mostrou-se eficiente no combate à ORSA (sigla em inglês para Staphylococcus aureus resistente ao antibiótico oxacilina), uma das mais comuns causadoras de infecção hospitalar. De acordo com o mestrado Composição química e atividade antibacteriana de Apis mellifera e Tetragonisca angustula contra Staphylococcus aureus, da biomédica Patrícia Laguna Miorin, até 1998, a ORSA era responsável por 45% dos óbitos causados pela Staphylococcus aureus registrados em Unidades de Terapias Intensivas (UTIs).

Utilizada como cicatrizante e anti-inflamatória pela medicina popular desde os tempos da Grécia Antiga, a resina própolis passa agora a adquirir seu caráter científico. Mais recentemente, em 1999, a resina mostrou-se ativa no combate ao Bacilo de Koch, bactéria causadora da tuberculose e, em 2001, contra o protozoário Trypanossoma cruzi, responsável pela Doença de Chagas.

Patrícia busca agora patentear o seu novo uso. Segundo a pesquisadora, a própolis em conjunto com o antibiótico oxacilina seria mais eficaz que o próprio medicamento sozinho. "O microrganismo possui elevada resistência aos antibióticos dificultando seu fim em infecções hospitalares. O uso da própolis mostrou-se muito ativo contra essa bactéria tornando possível novas opções terapêuticas", observa.

Compostos bioativos
Para o estudo, foram coletadas várias amostras de mel e própolis de diferentes localidades do País e, posteriormente, sujeitas à análise de sua composição química por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE).

A própolis é um produto de origem vegetal, em que a abelha coleta resinas de tronco de árvores como abacateiro, eucalipto e pinheiro. "Trabalhamos com a própolis coletada em Minas Gerais e tipificada como BRP1 por apresentar maior quantidade de compostos bioativos, que seriam os responsáveis pela sua melhor eficácia contra a ORSA", lembra a biomédica. A BRP1 provém de colméias de espécies Apis mellifera - abelha africanizada - e Tetragonisca angustula - nativa, popularmente conhecida como "Jataí".

O próximo passo para o estudo será separar cada composto bioativo e descobrir como eles interagem com o antibiótico oxacilina, comprovando sua eficácia no combate à bactéria. "Já quantificamos estes compostos. Falta agora estudá-los separadamente para, mais adiante, submetê-los a testes animais e, posteriormente, em humanos".

De acordo com Patrícia, a média do tempo entre pesquisas in vitro e sua aplicação é de dez anos. "Este período pode ser menor no caso do combate a infecções hospitalares já que a própolis movimenta grande interesse financeiro", complementa.

 

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