16/09/2003 - astronomia
Professor do IAG é eleito diretor do conselho de um dos mais versáteis novos telescópios, o Soar
O telescópio deve ser inaugurado em abril do ano que vem, no Chile, em parceria com três entidades norte-americanas. O Brasil terá direito a 31% do seu tempo de uso, o que possibilitará o avanço de pesquisas do País


Maurício Kanno


O professor do Instituto de Astronomia e Geofísica (IAG) da USP João Steiner foi eleito, no último dia 10, diretor-executivo do conselho diretor do consórcio que administra a construção do telescópio Soar (Southern Astrophisical Research telescope). De acordo com o diretor do IAG, Jacques Lépine, a inovação no empreendimento é o tempo que o Brasil terá disponível nele, ou seja, de 31%. "O telescópio será um dos mais versáteis do mundo na utilização de instrumentos e, além disso, seu espelho terá uma superfície de polimento especial, que pode captar ondas de comprimento bem curto, como as ultravioletas", conta Lépine, que participa da construção de um dos instrumentos do equipamento.

O telescópio Gemini - inaugurado em janeiro -, tem o dobro da altura do Soar, que é de 4,2 metros, mas não é adequado para conduzir uma tese de doutorado. "O Brasil pode utilizar somente 2,5%, devido à quantidade de países envolvidos," afirma Lépine. "Além do Gemini, a USP dispõe de apenas um telescópio de 1,5 metro, em Minas Gerais, para fazer observações. Com este novo equipamento, poderemos concretizar muitos projetos da Universidade. Um deles é o estudo da abundância química das estrelas próximas ao centro da galáxia. Queremos entender como isso evoluiu, traçar a história de nossa galáxia."

O telescópio está sendo montado na montanha Cerro Pachón, a mesma do Gemini, a 2.500 metros de altitude, ao norte do Chile, próximo à cidade de La Serena. "O melhor local para observar o hemisfério Sul, tanto pela sua altitude como pelo céu limpo", diz o diretor do IAG.

Consórcio
O Brasil é representado pelo Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), que contou com recursos de US$ 10 milhões do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e mais US$ 2 milhões da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O consórcio também conta com as entidades norte-americanas National Optical Astronomy Observatories (NOAO), a Universidade da Carolina do Norte, e a Universidade do Estado de Michigan, que completaram o investimento de US$ 28 milhões de dólares.

Cada um dos sócios se comprometeu com a construção de uma parte do telescópio. O Brasil está construindo o Espectógrafo de Campo Integral, o que permitirá a análise de 1.300 espectros (partes do objeto visualizado) de uma só vez, o que será muito útil para estudar um campo denso de estrelas, por exemplo. Normalmente se visualiza somente um espectro por vez.

Porém, o instrumental brasileiro só deve ficar pronto no fim do ano que vem. O telescópio deve ser inaugurado em abril do próximo ano, com dois equipamentos: um "imageador", que permitirá "tirar fotografias" e um outro espectógrafo, que analisa um único espectro, mas com alta sensibilidade.

Desde o pedido de verba à Fapesp, em 1995, e o começo da entrada de dinheiro, em 1997, o projeto tem estado, surpreendentemente, dentro dos cronogramas, e o custo não saiu do previsto. "A exceção foi o atraso de um ano por uma proibição da Fapesp de importar equipamentos. Mas, para a primeira fase, os recursos já estão garantidos. Inclusive o NOAO se comprometeu com a manutenção", diz Lépine. "Porém, sempre vamos providenciar novos equipamentos, a gente não quer ficar atrás de ninguém."

O professor finaliza: "Além de tudo, agora estamos bem representados. Steiner foi o único brasileiro que se engajou no projeto desde o início. Ele sempre assumiu um papel de liderança entre os três brasileiros que integram o conselho do Soar."

 

Mais informações: (0XX11) 3091-4762, ou jacques@astro.iag.usp.br, com o diretor do IAG Jacques Lépine


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