"As cerdas não protegem a taturana de
nenhum dos predadores encontrados na pesquisa, por isso provavelmente
alguns deles estão extintos" |
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Os
motivos da expansão populacional da taturana Lonomia obliqua foram
identificados pelo pesquisador Roberto Henrique Pinto Moraes. A espécie,
em um simples contato com a pele humana, causa hemorragias internas
e pode até levar à morte. O estudo também encontrou alguns dos predadores
naturais da taturana.
Ela vive em comunidade, originalmente em árvores altas, mas nos últimos
anos tem provocado acidentes em áreas urbanas. Houve mais de mil casos
registrados por contato com a lagarta nos últimos dez anos nos estados
do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, inclusive com óbitos.
"O desmatamento é o responsável pelo aumento populacional da taturana;
o número de acidentes é conseqüência", afirma Moraes. Seu estudo,
Identificação dos inimigos naturais de Lonomia obliqua Walker,
1855 (Lpidoptera Saturniidae) e possíveis fatores determinantes
do aumento da sua população, foi apresentado à Escola Superior de
Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq), da USP de Piracicaba, em julho
de 2002.
Ele explica que plantações e cidades se instalaram no lugar das florestas,
desalojando as taturanas. "Sem o cedro e a aroeira - seus principais
alimentos - e seu habitat natural, a Lonomia adotou as árvores
frutíferas do pomar das casas".
Em busca de predadores
Outra razão para o aumento da população do inseto é a extinção
de um ou mais de seus predadores naturais. O principal deles é uma
mosca da família Tachinidae. Ela deposita cinco ou seis ovos.
Ao nascer, dentro da taturana, as larvas se alimentam de seu corpo.
Uma vespa da família Ichneumonidae tem o mesmo procedimento,
embora deposite apenas um ovo.
Outro predador é o vírus loobMNPV, nocivo apenas para a Lonomia
obliqua. Ela fica com movimentos lentos e aparência amarelada.
Segundo o pesquisador, uma semana é suficiente para o vírus dizimar
toda a colônia.
Um verme da família Mermitidae também foi identificado como
um predador, mas havia apenas um exemplar. Existe ainda um percevejo,
da família Pentatomidae, que consegue sugar os líquidos da
lagarta através do aparelho bucal sugador
Não se encontrou nenhum mamífero ou ave como inimigo natural, que
justificaria a existência das cerdas. "Elas não protegem a taturana
de nenhum dos predadores encontrados. Por isso pensamos que alguns
deles estão extintos." Segundo o especialista, entre os motivos de
extinção dos predadores, estariam desmatamento e agrotóxicos lançados
nas plantações.
Moraes, também pesquisador do Instituto Butantan, compõe a equipe
que produz um soro - único remédio para acidentes com a Lonomia.
O Antilonômico é feito a partir das cerdas e tem se mostrado extremamente
eficiente; após sua invenção, em 1994, não foram registrados óbitos
por queimaduras.
"Para reduzir acidentes, o melhor é a conscientização. Conhecer a
lagarta e saber como evitá-la". O pesquisador sugere que no futuro
haja um inseticida para a Lonomia, à base do vírus loobMNPV,
"que possibilitaria o controle mais fácil e sem risco aos seres humanos".
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