De acordo com o pesquisador, o enfoque
central no manejo da pastagem é obter a máxima resposta
da planta forrageira e dos animais que a utilizam |
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O
projeto de pesquisa Braquiarão x Nelore, desenvolvido
na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP
de Pirassununga, vem estudando de maneira multidisciplinar o capim-braquiarão
(Brachiaria brizantha), ou cultivar Marandu, em pastagens para
a raça bovina Nelore.
O estudo avalia o desempenho do animal em crescimento e todo o ecossistema
de pastagem a fim de estabelecer o manejo ideal do capim. A "parceria"
entre o braquiarão e a raça Nelore foi escolhida por
constituir a base genética da produção de carne
na região Centro-Oeste do Brasil.
Segundo o professor Valdo Rodrigues Herling, um dos coordenadores
do projeto juntamente com o professor Pedro Henrique de Cerqueira
Luz, alguns resultados já estão sendo discutidos e apresentados
em workshops, reuniões e congressos.
Herling conta que, num período de 140 dias, considerando o
aumento da quantidade de forragem ofertada, a resposta em relação
à taxa de lotação - número de animais
por área de pastagem - foi decrescente, de 5,75 UA/ha (Unidade
Animal por hectare) para 2,7 UA/ha (5% para 20%). Com relação
ao ganho de peso por área, foram 332 kg de peso animal por
ha, e um ganho médio diário por animal de 0,56 kg. "Podemos
considerar os resultados ótimos, levando em conta que a média
da lotação de pastagens no Brasil é de 0,6 UA/ha,
para animais com 450 kg, e ganho médio diário por animal
de 0,14 Kg (50 kg por ha/ano)".
A implantação do projeto teve início em 2001
no campus da USP em Pirassununga, com um planejamento de continuidade
das avaliações por mais três anos. Desde então,
os animais são submetidos à oferta diária de
forragem de 5%, 10%, 15% e 20% (kg massa seca/100 kg de peso animal/dia)
e manejados pelo método de lotação rotacionada.
"Isso significa sete dias de ocupação dos piquetes
por 28 de descanso, durante o verão, e 56 dias durante o inverno",
descreve Herling. A área experimental possui 27 hectares, entre
piquetes e corredores de manejo e comportou, até o momento,
um máximo de 190 animais.
De acordo com o pesquisador, o enfoque central no manejo da pastagem
é obter a máxima resposta da planta forrageira e dos
animais que a utilizam. "Para obtermos o melhor resultado desse
ecossistema e sua sustentabilidade temos de considerar não
apenas esses dois componentes, mas o solo, o clima e o manejo aplicado",
explicam Herling e Luz.
O mecanismo entre estes componentes, que interagem entre si, é
complexo. Dentro desse contexto, pode-se dizer que trata-se de um
projeto inovador. "As linhas de pesquisa visam justamente caracterizar
cada compartimento desse ecossistema: o solo, nas partes aérea
e subterrânea; o animal, por seu desempenho; o clima e o manejo",
completa o professor. Para tanto, o projeto reúne cerca de
50 componentes entre alunos, de graduação e pós,
e pesquisadores da USP, UNESP e da Universidade Federal de Uberlândia.
Características
O capim-braquiarão surgiu na década de 80, lançado
pela Embrapa, sendo bem aceito pelos produtores por apresentar resistência
às cigarrinhas-das-pastagens e ao pisoteio. "Além
disso tem bom valor nutritivo, altas produções de massa
verde e sementes viáveis", conta Herling. Mesmo sendo
um lançamento não muito recente e de ampla área
ocupada, muito ainda se deve pesquisar para encontrar o seu pastejo
ótimo para os principais ecossistemas brasileiros.
O nelore é um animal adaptado às condições
dos trópicos, pois apresenta pêlos curtos, finos, claros
e lisos que auxiliam na eliminação do calor. Além
disso, enfrentam os períodos de seca que duram até seis
meses. Possui bons aprumos, cascos e ligamentos firmes. "Trata-se
de uma raça rústica, fértil, prolífera,
com longa vida reprodutiva e resistente às doenças daquela
região", diz o pesquisador. Detalhes do projeto podem
ser acessados na internet pelo endereço www.braquiaraonelore.hpg.com.br
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