|
|
|
As conclusões foram satisfatórias: o
produto apresentou boa aceitação e agora espera por financiamento
para sua produção em escala industrial |
|
|
|
|
Pesquisadores
da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), da USP
de Pirassununga, desenvolveram formulações visando a
industrialização do sorvete de mangaba e elaboraram
um estudo que verificou a aceitação do consumidor paulista.
O sorvete de mangaba pode ser algo incomun em São Paulo, mas
no Nordeste, onde a fruta é um recurso natural e abundante,
trata-se de um produto artesanal amplamente apreciado.
As conclusões foram satisfatórias: o produto apresentou boa aceitação
e agora espera por financiamento para sua produção em escala industrial.
Formado recentemente, o Grupo de Estudos de Ciência e Tecnologia de
Alimentos Aplicadas a Frutos Tropicais dedica uma de suas linhas de
pesquisa à obtenção de novas aplicações para estas frutas. "Os frutos
tropicais, como a mangaba, são uma das nossas maiores riquezas, mas
são pouco explorados comercialmente. Este fruto é fonte de sais minerais
(cálcio, fósforo e ferro) além de ser rico em vitaminas A, B1 e C",
diz a pesquisadora Alessandra Lopes de Oliveira, responsável pelo
estudo.
"Tentamos estimular o desenvolvimento e industrialização de vários
produtos à base destas frutas aqui no Sudeste", conta Alessandra.
Segundo ela, isso deverá impulsionar um melhor aproveitamento econômico
desta matéria-prima, tão abundante no Brasil - e eventualmente abrir
as portas para a exportação, gerando renda para regiões pobres do
Nordeste. "A Bahia e Sergipe são os maiores produtores
de mangaba", informa a pesquisadora, que lecionou na Universidade
Federal do Sergipe (UFS).
Etapas do estudo
A primeira etapa da pesquisa consistiu no desenvolvimento do produto
propriamente dito. Depois de obter por meio de doação os ingredientes
para formulação (emulsificante, estabilizante, adoçante, entre outros)
e adquirir a polpa congelada de mangaba, foram iniciados uma série
de testes utilizando a máquina para fazer sorvete do laticínio da
própria FZEA. As propriedades físicas controladas no processo e produto
foram a viscosidade, o ponto de congelamento e a incorporação de ar
durante o batimento (overrum) conforme as variações na composição.
"Um dos estudos verificou a variação da temperatura de armazenamento.
Testamos uma queda de temperatura para simular o transporte e experimentamos
algumas variações na composição do estabilizante para constatar se
a oscilação causava formação de cristais de gelo perceptíveis ao paladar
durante a recristalização".
Os cristais de gelo não foram sensorialmente perceptíveis quando oscilada
a temperatura de armazenamento, para a maioria das 12 diferentes formulações
que tinham variações na concentração de polpa e estabilizante.
Na segunda etapa, de análise sensorial, uma população de teste foi
estabelecida. Para a análise de cristais foi usada uma escala não
estruturada de 9 pontos, em que zero (nenhum cristal) era um dos extremos
da escala e 9 (muito cristal) o outro. "Os provadores foram submetidos
a um treinamento sensorial, receberam amostra com muito cristal e
outra sem nada, para criar memória do palato", explica Alessandra.
Para verificar a aceitação do consumidor, foi utilizada uma "escala
hedônica verbal", que avalia o quanto o provador gostou ou não do
produto, funcionando como se fossem atribuídas notas de zero a nove
ao sorvete. "As amostras tiveram uma média entre 6 e 7, o que é muito
satisfatório", comemora.
Os próximos projetos do grupo incluem o desenvolvimento de sorvete
de leite de cabra - para crianças e idosos alérgicos ao leite de vaca
- vinho de cajá, leite fermentado e sorvete de frutos tropicais com
pré e probióticos e suco em pó. O grupo pretende também implantar
uma linha de pesquisas com extração supercítrica de aromas e princípios
ativos de frutos tropicais (com financiamento da FAPESP) - especialidade
de Alessandra Lopes de Oliveira. E ainda a obtenção, extração e caracterização
de antioxidantes de frutos tropicais.
|
|
|