"Além de poder usar a energia solar, podemos reaproveitar
a água que será separada no tratamento" |
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Na
Escola Politécnica da USP, dois recentes estudos desenvolvidos
na área de tratamento de efluentes industriais estão
sendo testados com sucesso. Os métodos visam principalmente
minimizar os impactos ambientais causados pelo descarte de efluentes
tóxicos.
No Centro de Engenharia de Sistemas Químicos, do Departamento
de Engenharia Química da Poli, um grupo de pesquisadores está
patenteando um projeto destinado a tratar efluentes na indústria
têxtil, que contêm silicone em sua composição.
No Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, uma tese
de doutorado viabilizou a implantação de uma estação
de tratamento de efluentes numa indústria em Americana, no
interior de São Paulo.
O processo de degradação de efluentes por meio de processos
fotoquímicos de oxidação avançada, desenvolvido
no Departamento de Engenharia Química sob a coordenação
do professor Cláudio Augusto Oller do Nascimento, funciona
em escala piloto no próprio Departamento. "O projeto possibilita
a separação do silicone, componente usado na indústria
textil para o amaciamento de fibras", explica o professor. O
processo usa a reação entre o peróxido de hidrogênio
e ferro, submetida à radiação ultravioleta.
"O silicone não é biodegradável, não
sendo portanto suscetível a processos biológicos de
degradação", explica Oller. "Atualmente, as
indústrias têxteis depositam seus efluentes em locais
específicos. Atualmente, os resíduos líquidos
contendo silicone são incinerados, o que acarreta em custos
com armazenamento e transporte", calcula o professor.
O pesquisador associado, Antonio Carlos Silva Costa Teixeira, que
integra a equipe do professor Oller, destaca a economia do sistema.
"Além de poder usar a energia solar, podemos reaproveitar
a água que será separada no tratamento", afirma.
A radiação ultravioleta tanto pode ser produzida por
uma lâmpada especial como pela própria luz do Sol. Para
tanto, os pesquisadores construíram um sistema de captação
de luz solar. "O método torna o silicone insolúvel,
quebrando suas moléculas", conta o pesquisador. Teixeira
destaca ainda que o processo demanda pouco espaço físico
e recursos financeiros.
O sistema desenvolvido no Departamento de Engenharia Química
da Poli está sendo patenteado e, segundo os pesquisadores,
poderá ser implantado, em breve, em escala industrial. Recentemente,
o projeto foi vencedor, entre cerca de 70 trabalhos, do Prêmio
Nacional do Encontro de Aplicações Ambientais de Processos
Oxidativos Avançados/ 2003. O encontro é realizado há
cada dois anos. Além dos professores Oller e Teixeira, integra
a equipe o professor Roberto Guardani, também do Departamento
de Engenharia Química da Poli.
Experiência concreta
Na Degussa Brasil Ltda, indústria de especialidades químicas,
localizada em Americana, no interior de São Paulo, uma tese
de doutorado defendida no Departamento de Engenharia Hidráulica
e Sanitária da Poli, viabilizou a instalação
de uma estação de tratamento de efluentes. De acordo
com o engenheiro civil Jader Viera Leite, a estação
já está em funcionamento e conta com aprovação
dos órgãos ambientais.
Em sua tese de doutorado Tratamento de águas residuárias
de insdústrias químicas por processos oxidativos avançados
- POA. Estudo de caso, Vieira Leite utilizou, basicamente, o mesmo
processo: a reação do peróxido de hidrogênio
com ferro catalisada com luz ultravioleta. "Trata-se do primeiro
projeto em escala industrial", afirma o engenheiro. Desenvolvido
para tratar efluentes com altas cargas de toxicidade, o sistema implantado
na empresa fragmenta os diversos compostos do efluente para que estes
possam ser mais facilmente degradados biologicamente.
Sob a orientação da professora Dione Mari Morita, o
estudo foi viabilizado em conjunto com a Unicamp, sob co-orientação
do professor Wilson Figueiredo Jardim, e teve a colaboração
da própria empresa. Segundo Vieira Leite, seu sistema também
é mais econômico em relação aos métodos
convencionais para efluentes com alta toxicidade e alta carga orgânica.
"Com a diminuição do espaço requerido e
maior controle do processo há uma economia de recursos",
garante.
Na Degussa, em Americana, a estação de tratamento trata
dos efluentes com altas concentrações de formaldeídos
e ácidos carboxílicos de difícil degradação.
"Além do mais, o tratamento não produz lodo, comum
nestes casos. Após o tratamento, o efluente segue para o processo
tradicional de degradação biológica", explica
o engenheiro. Depois de três anos de estudos, a estação
de tratamento começou a operar há cerca de dois anos
sendo totalmente concluída em julho do ano passado.
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