"O amaranto é rico em fibras
e pode ser usado como fonte de zinco, fósforo e cálcio,
elemento pouco encontrado em vegetais" |
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semente do amaranto, que mede aproximadamente 1 milímetro de
diâmetro e é extraída de uma planta originária
do Peru, pode se tornar uma importante fonte de proteínas,
cálcio e zinco na alimentação, além de
contribuir para a redução dos níveis de colesterol.
Pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da
USP utilizaram as sementes e reduziram o colesterol de animais de
laboratório. Agora estão desenvolvendo sua aplicação
em barras de cereais, musli (mistura de cereais), pães, bolachas
e saladas.
De acordo com o professor José Alfredo Gomes Arêas, coordenador
do Laboratório de Bioquímica e Propriedades Funcionais
dos Alimentos da FSP, o amaranto possui grande potencial nutritivo.
"A semente possui cerca de 15% de proteínas, que tem uma
qualidade biológica comparável à do leite e superior
a de outros vegetais, como a soja e o feijão", afirma.
"O amaranto também é rico em fibras e pode ser
utilizado como fonte de zinco, fósforo e cálcio, elemento
pouco encontrado em vegetais."
Experiências realizadas com coelhos de laboratório na
FSP, que tiveram seu colesterol aumentado por uma dieta, demonstraram
a capacidade do amaranto em reduzir os níveis plasmáticos
de colesterol. "O efeito benéfico foi comprovado, mas
serão necessários novos testes para medir a extensão
da queda do colesterol em seres humanos", diz. "Outros estudos
serão feitos para descobrir qual substância do amaranto
provoca esta redução."
José Alfredo Arêas observa que a farinha do amaranto
pode ser usada na dieta dos portadores de doença celíaca
(alergia ao consumo de trigo), pois não foi verificada nenhuma
reação adversa à sua ingestão.
Aplicações
De acordo com o pesquisador, a semente expandida pode ser consumida
como pipoca e também vem sendo pesquisado seu emprego como
matéria-prima em alimentos consumidos habitualmente pela população.
A semente do amaranto, em grão, como farinha ou pré-cozido,
foi utilizada em saladas e na produção de pães,
bolachas, barras de cereais e musli, em pequenas proporções.
"O objetivo é a aumentar a quantidade utilizada nestes
produtos, para potencializar os efeitos nutritivos e funcionais do
amaranto", diz Arêas.
O amaranto é um arbusto que pode atingir até 2 metros
de altura, com folhas grandes e panículas (tufos semelhantes
às espigas) que concentram as sementes. "As folhas podem
ser cozidas como a couve", observa o professor. "Para a
produção de farinha, é necessário extrair
das sementes o óleo, que tem altos níveis de ácidos
graxos insaturados e também poderia ser usado na alimentação."
As pesquisas com o amaranto na FSP começaram em 1996, e uma
parceria com a Embrapa de Planaltina (GO) introduziu o cultivo no
Brasil. "O amaranto se adaptou bem ao cerrado brasileiro, pois
possui raízes profundas para captação de água,
o que facilita o plantio em climas relativamente áridos",
aponta o professor Arêas. "A colheita pode ser feita em
quatro meses, o que favorece seu uso na rotação de culturas
com a soja e o milho."
Segundo o professor, a descoberta de utilidades para o amaranto é
fundamental para que haja rentabilidade e os produtores possam aumentar
a área plantada e reduzir o custo de produção.
"Estima-se que deverá ser semelhante ao da produção
da soja, que tornou-se mais barata com o aumento de sua utilização
e com o cultivo em grande escala", aponta.
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