Além da extensa coleção
de xilogravuras brasileiras, o rol de obras inclui ainda trabalhos
de 300 artistas, como Lasar Segall, Hansen Bahia, Oswaldo Goeldi,
Livio Abramo, entre outros. |
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Poucos
sabem disso, mas a USP é herdeira de um dos acervos mais completos
de xilogravuras existentes no Brasil. Trata-se do acervo do Museu
Casa de Xilogravura, que se localiza em Campos de Jordão (SP)
e conta atualmente com mais de 2 mil peças, compondo a mais
representativa coleção nacional desta técnica
artística. "Nós temos obras de praticamente todos
os artistas brasileiros que produziram xilogravuras. Não existe
nada equivalente no Brasil", afirma Antonio Fernando Costella,
proprietário e mantenedor do museu, e que ainda fez diversas
obras utilizando esta técnica.
Desde 2003 está redigida a disposição testamentária
que lega o museu (os prédio onde ele está localizado
e ainda outro imóvel, que serve atualmente de moradia) e todo
seu acervo à USP. Além da extensa coleção
de xilogravuras brasileiras, o rol de obras inclui ainda trabalhos
de 300 artistas, como Lasar Segall, Hansen Bahia, Oswaldo Goeldi,
Livio Abramo, entre outros. "Além disso, compramos recentemente
uma tipografia, e estou em negociação para adquirir
um linotipo", revela. A tipografia ainda está em processo
de restauração, mas em breve já deverá
ser exposta na Casa.
Ele afirma que a USP foi escolhida para gerir o museu principalmente
pela experiência que a universidade acumulou com a manutenção
de diversos outros, como o Museu de Arte Contemporânea (MAC),
ou o Museu Paulista (mais conhecido como Museu do Ipiranga). "A
USP tem tradição, sabe administrar isso. Lá as
coisas são mais complicadas, e por isso é mais seguro.
Ninguém faz nada sozinho, é necessária a aprovação
em conselhos, etc."
Museu
A Casa Museu de Xilogravura foi fundada em 1987, após Costella
ter tomado consciência da inutilidade de uma riqueza tão
grande ser acessível a tão poucas pessoas, como acontece
com coleções particulares. Hoje, já são
cerca de vinte salas abertas ao público. "A Casa foi crescendo,
adquirindo uma dinâmica própria", observa. Sem fins
lucrativos, o museu cobra entrada de R$ 1,00 (com isenção
para excursões de escolas públicas, menores de 12 anos
e maiores de 65), e realiza cursos de arte e palestras culturais,
sempre com uma grande proporção de bolsistas.
No entanto, para que a USP mantenha a tutela do espaço, será
necessária a observância de duas condições.
A primeira é que ele continue a ser um museu de xilogravura
aberto ao público. A segunda é um tanto peculiar: que
o túmulo de seu cachorro Chiquinho permaneça no jardim
do imóvel. O estranho desejo é passível de explicação,
e revela um pouco mais sobre a figura de Costella.
"Ele tem uma importância muito grande na minha vida, mudou
muito a minha maneira de pensar as coisas", explica. Costella
escreveu um livro sobre uma viagem que fez à Europa, mas sob
a perspectiva de seu cão. "Para escrever como um cachorro,
eu precisava pensar como um". Isso o aproximou de uma visão
mais ecológica do mundo, além de abrir as portas para
um amplo mercado editorial, o da ficção.
A literatura, aliás, é outro campo das artes em que
Costella obteve sucesso. Já publicou mais de 25 livros, entre
obras técnicas, de ficção e até destinadas
ao público infanto-juvenil. Formado em direito no Largo São
Francisco, já lecionou na Escola de Comunicações
e Artes (ECA) da USP, na Faculdade de Comunicação Social
Cásper Líbero, na Escola Superior de Jornalismo de Porto
(Portugal) e outras instituições.
O Museu Casa de Xilogravura está localizado na Av. Eduardo
Moreira da Cruz, 295, Jaguaribe, Campos de Jordão. Ele fica
aberta ao público de quinta a segunda-feira, das 9 às
12 e das 14 às 17 horas.
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