São Paulo, 
artes
22/12/2004
Museu Casa de Xilogravura tem a mais completa coleção de xilos de artistas brasileiros
O acervo conta ainda com cerca de 2 mil peças de artistas consagrados, como Lasar Segall e Lívio Abramo. Desde 2003 que Antonio Costella, proprietário do museu, decidiu legar a instituição, em testamento, à USP
André
Benevides

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Além da extensa coleção de xilogravuras brasileiras, o rol de obras inclui ainda trabalhos de 300 artistas, como Lasar Segall, Hansen Bahia, Oswaldo Goeldi, Livio Abramo, entre outros.
Poucos sabem disso, mas a USP é herdeira de um dos acervos mais completos de xilogravuras existentes no Brasil. Trata-se do acervo do Museu Casa de Xilogravura, que se localiza em Campos de Jordão (SP) e conta atualmente com mais de 2 mil peças, compondo a mais representativa coleção nacional desta técnica artística. "Nós temos obras de praticamente todos os artistas brasileiros que produziram xilogravuras. Não existe nada equivalente no Brasil", afirma Antonio Fernando Costella, proprietário e mantenedor do museu, e que ainda fez diversas obras utilizando esta técnica.

Desde 2003 está redigida a disposição testamentária que lega o museu (os prédio onde ele está localizado e ainda outro imóvel, que serve atualmente de moradia) e todo seu acervo à USP. Além da extensa coleção de xilogravuras brasileiras, o rol de obras inclui ainda trabalhos de 300 artistas, como Lasar Segall, Hansen Bahia, Oswaldo Goeldi, Livio Abramo, entre outros. "Além disso, compramos recentemente uma tipografia, e estou em negociação para adquirir um linotipo", revela. A tipografia ainda está em processo de restauração, mas em breve já deverá ser exposta na Casa.

Ele afirma que a USP foi escolhida para gerir o museu principalmente pela experiência que a universidade acumulou com a manutenção de diversos outros, como o Museu de Arte Contemporânea (MAC), ou o Museu Paulista (mais conhecido como Museu do Ipiranga). "A USP tem tradição, sabe administrar isso. Lá as coisas são mais complicadas, e por isso é mais seguro. Ninguém faz nada sozinho, é necessária a aprovação em conselhos, etc."

Museu
A Casa Museu de Xilogravura foi fundada em 1987, após Costella ter tomado consciência da inutilidade de uma riqueza tão grande ser acessível a tão poucas pessoas, como acontece com coleções particulares. Hoje, já são cerca de vinte salas abertas ao público. "A Casa foi crescendo, adquirindo uma dinâmica própria", observa. Sem fins lucrativos, o museu cobra entrada de R$ 1,00 (com isenção para excursões de escolas públicas, menores de 12 anos e maiores de 65), e realiza cursos de arte e palestras culturais, sempre com uma grande proporção de bolsistas.

No entanto, para que a USP mantenha a tutela do espaço, será necessária a observância de duas condições. A primeira é que ele continue a ser um museu de xilogravura aberto ao público. A segunda é um tanto peculiar: que o túmulo de seu cachorro Chiquinho permaneça no jardim do imóvel. O estranho desejo é passível de explicação, e revela um pouco mais sobre a figura de Costella.

"Ele tem uma importância muito grande na minha vida, mudou muito a minha maneira de pensar as coisas", explica. Costella escreveu um livro sobre uma viagem que fez à Europa, mas sob a perspectiva de seu cão. "Para escrever como um cachorro, eu precisava pensar como um". Isso o aproximou de uma visão mais ecológica do mundo, além de abrir as portas para um amplo mercado editorial, o da ficção.

A literatura, aliás, é outro campo das artes em que Costella obteve sucesso. Já publicou mais de 25 livros, entre obras técnicas, de ficção e até destinadas ao público infanto-juvenil. Formado em direito no Largo São Francisco, já lecionou na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, na Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, na Escola Superior de Jornalismo de Porto (Portugal) e outras instituições.

O Museu Casa de Xilogravura está localizado na Av. Eduardo Moreira da Cruz, 295, Jaguaribe, Campos de Jordão. Ele fica aberta ao público de quinta a segunda-feira, das 9 às 12 e das 14 às 17 horas.



Vista externa do Museu Casa de Xilogravura, em Campos de Jordão

Uma das salas do Museu, que tem obras de mais de 300 artistas em seu acervo

Nos ateliês os alunos aprendem de perto sobre a xilogravura
Imagens cedidas por Antonio Costella




· mais informações:
(0XX12) 3662-1832, no Museu Casa de Xilogravura

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