30/11/2005 - estética
Plantas colaboram com drenagem linfática e microcirculação cutânea
Creme à base de catuaba e marapuama aumentou temperatura cutânea e reduziu medidas antropométricas de regiões afetadas pela celulite. Associação com outros extratos, como castanha-da-Índia e arnica, pode complementar ação do tratamento estético


André Benevides


Conhecidas por seus supostos efeitos afrodisíacos, a catuaba e a marapuama também podem ser usadas no tratamento estético na melhora da celulite. Segundo pesquisa realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, um extrato que associa as duas plantas possui propriedades que colaboram com a drenagem linfática e a microcirculação cutânea, fatores que influenciam no aparecimento das deformidades estética. "Médicos que acompanharam os estudos e voluntárias submetidas ao tratamento observaram melhora na aparência geral da pele", conta a farmacêutica industrial Idalina Salgado-Santos.

De acordo Idalina, que estudou as duas plantas nativas brasileiras em seu mestrado, a pesquisa envolveu 40 mulheres com Hidro Lipodistrofia Ginóide (o nome científico da celulite) de grau 2 e 3, em uma escala que varia de 1 a 4, e apontou dois efeitos. O primeiro deles foi um aumento na temperatura cutânea de aproximadamente 0,6 °C (graus centígrados) em média, o que revela principalmente que a microcirculação melhorou nos locais onde esta variação foi constatada. "Os locais afetados tendem a ser regiões mais frias", explica ela. A pesquisadora afirma que a temperatura normal nas regiões da coxa e abdômen gira em torno de 31 °C e 32 °C, enquanto os valores registrados nas voluntárias antes e depois do tratamento, respectivamente, foram de 28,5 °C, em média, e até 29,5°C.

Nestas mesmas regiões, foi observada uma ligeira diminuição nas medidas antropométricas, outro aspecto cujas alterações se mostraram relevantes. "Verificamos, em condições padronizadas de medida, reduções próximas a 1 centímetro, valores estatisticamente significativos." Como não houve, durante a pesquisa, alteração de peso das voluntárias que pudesse influenciar nesse resultado, a conclusão foi de que a ação dos extratos melhorou a drenagem linfática, distribuindo os líquidos com maior eficácia.

Apesar de as propriedades do extrato serem compatíveis com as indicações propostas pelas indústrias que começam a comercializá-lo, Idalina recomenda cautela. "A melhora observada pode ser um pouco abaixo da expectativa do cliente, que geralmente é bastante alta." A pesquisadora acredita que a associação do extrato com outros ativos pode resultar em maior eficiência. Derivados de castanha-da-Índia, arnica, cafeína e outras plantas poderiam complementar a ação da catuaba e da marapuama, pois possuem atividade lipolítica (quebra de gorduras), propriedades que não foram detectadas no estudo.

Tratamento
Durante 60 dias, as voluntárias utilizaram o creme com o extrato. Ao final de cada mês passaram por avaliações para medir variações no fluxo sanguíneo, na temperatura cutânea, nas medidas antropométricas, no peso e na espessura da hipoderme (grosso modo, a camada de gordura que fica logo abaixo da derme). Para evitar ao máximo interferências externas, as pacientes passaram por uma rigorosa avaliação clínica, que determinou o grau de celulite de cada uma, além de itens como o Índice de Massa Corporal (IMC), acúmulo de líquidos por conta do ciclo menstrual, hábitos alimentares e cosméticos, histórico de gestações e utilização de medicamentos, práticas de exercícios, antes e durante toda a pesquisa.

No final de 2004, alguns resultados foram apresentados no congresso da International Federation of Societies of Cosmetics Chemists (IFSCC), realizado nos EUA. A idéia é divulgar as conclusões, no próximo ano, neste evento e também no International Society for Bioengeering and Skin Congress, que também acontece nos EUA. Segundo ela, por serem acessíveis e não invasivos, os tratamentos cosméticos para celulites têm se popularizado, motivo pelo qual algumas empresas já estariam bastante adiantadas para disponibilizar comercialmente cremes que contenham os ativos.

 

Mais informações: (0XX11) 5581-4949 ou idalina@evicbrasil.com.br, com a pesquisadora


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