A recuperação de uma fratura óssea pode demorar
por retardo na consolidação ou não acontecer
pela ocorrência de uma pseudoartrose. Uma pesquisa com 40
pacientes do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HC/FMUSP) mostrou
a eficiência do ultra-som de baixa intensidade na consolidação
óssea em casos de pseudoartrose.
O estudo foi realizada pelo ortopedista Walter Targa, que durante
quatro anos acompanhou pacientes com lesões na tíbia,
divididos em dois grupos. Um deles utilizou apenas fixador externo
e o outro fez o tratamento com ultra-som (Exogen) mais fixador.
"Em média, os pacientes com pseudoartrose que se trataram
com ultra-som consolidaram a fratura em 100 dias, contra 130 dos
que tinham apenas o fixador", afirma o médico. "O
tempo de recuperação pode ser reduzido em até
40%."
A pseudoartrose pode ocorrer por problemas de ordem mecânica,
quando persistem movimentos nos focos de fratura. "Isto acontece
pela não contenção dos fragmentos ósseos
com aparelho gessado ou por osteossínteses (pinos, placas
e parafusos), insuficientes", explica. "A doença
também pode ter causas biológicas, quando há
falta de sangue para irrigar fragmentos ósseos fraturados."
De acordo com Targa, a consolidação óssea em
casos de pseudoartose ocorre em média seis meses após
a cirurgia.
Ondas
O aparelho de ultra-som utiliza energia mecânica para produzir
energia elétrica, na forma de ondas de pressão, num
fenômeno conhecido como efeito piezelétrico. "As
ondas atuam sobre os íons de cálcio do osso, direcionando-os
e estimulando a regeneração", diz. "O ultra-som
também pode ser usado em casos de fraturas que não
necessitam de fixador externo."
Targa ressalta que o tratamento de fraturas com ultra-som de baixa
intensidade não possui contra-indicações, ao
contrário de outros tratamentos. "Medicações
a base de cálcio podem provocar cálculos renais e
os anti-inflamatórios apresentam risco de problemas cardíacos",
aponta o médico do HC. "O uso do Exogen é mais
uma arma no tratamento de fraturas ósseas, com maior certeza
da consolidação em menos tempo."
Embora o aparelho de ultra-som seja importado dos Estados Unidos,
o médico lembra que a tecnologia do Exogen foi criada no
Brasil pelo professor Luiz Duarte, da Escola de Engenharia de São
Carlos (EESC) da USP, nos anos 70. "Apesar do pioneirismo,
a técnica ainda é pouco utilizada nos serviços
de saúde brasileiros."
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