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Aline Moraes |
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O diagnóstico prematuro de distúrbios
fonológicos e das dificuldades de escrita e leitura nas crianças
pode ser auxiliado por testes de Nomeação Rápida (NR).
Geralmente associados apenas à rapidez de acesso ao léxico
(uma espécie de banco de dados de uma língua), esses testes
também se relacionam à maneira como se dá o processamento
da informação. Para ler, precisamos processar a informação
visual, fazer a relação com aspectos lingüísticos
e articular a leitura, tudo isso com rapidez. É isso que a nomeação
rápida verifica, explica a fonoaudióloga Vanessa Falbo
Simões. Em sua pesquisa de mestrado, desenvolvida no Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina (FM) da USP, Vanessa submeteu 62 crianças de primeira e segunda série, de escolas públicas e particulares da cidade de São Paulo, a dois testes de NR - CTOPP e RAN, originários de estudos estrangeiros e adaptados na pesquisa à realidade brasileira -e, posteriormente, a testes de leitura e escrita. Crianças nesse estágio escolar são mais sensíveis à nomeação rápida, afirma. Segundo Vanessa, os alunos de segunda série foram melhores que os da primeira. Os estudantes das escolas particulares tiveram melhor desempenho nos testes. A maioria dos alunos de primeira série se recusou a fazer a leitura, por isso nem puderam ser considerados. As crianças que foram mais rápidas, e tiveram um maior número de acertos na nomeação rápida, também obtiveram um melhor desempenho na leitura e na escrita. O inverso também se verificou, aponta Vanessa. Isso permite dizer que há uma relação entre a NR e a capacidade de ler e escrever - o que significa que o teste pode ser aplicado em crianças pequenas para diagnosticar problemas futuros. Segundo a pesquisadora, existem trabalhos no exterior que também verificam a relação entre leitura e escrita e nomeação rápida. Mas, faltava um estudo desse tipo que retratasse a realidade brasileira. Conheço apenas um fazendo essa relação no Brasil, comenta a fonoaudióloga. Mas, ainda assim, ele utilizou apenas o teste RAN, avaliou um número menor de crianças e trabalhou apenas com alunos de escolas particulares. Testes Nos testes CTOPP e RAN adaptados, as letras a serem nomeadas são escolhidas de acordo com a freqüência de uso - que difere de uma língua para outra. Foi preciso, portanto, encontrar as letras com freqüência equivalente na língua portuguesa, explica a pesquisadora. As crianças tiveram de nomear, o mais rápido possível, estímulos como letras, números, cores e figuras. Foram avaliados a velocidade da nomeação e o número de acertos. A leitura e a escrita foram testadas com o objetivo de verificar a forma como as crianças de escolas particulares e públicas lêem e escrevem e fazem a reflexão da língua, aponta a fonoaudióloga. O teste é composto por 192 palavras, sendo 96 delas pseudopalavras por exemplo, a palavra dalé, que foi criada a partir de café. Todas as palavras diferenciam-se entre regulares (exemplo: festa s com som de s entre consoantes), de regra (casa s tem som de z entre vogais) e irregulares (azul com o z no lugar do s entre vogais). Nos testes de leitura e escrita, especificamente, verificou-se uma maior facilidade com as palavras regulares. Mas o que observei de interessante foi uma tendência à regularização das pseudopalavras irregulares, como no caso de foxe (baseada na palavra boxe). Em geral, as crianças leram foche, regularizando a pronúncia, explica a pesquisadora. Para Vanessa, esse é um campo promissor. A minha idéia é prosseguir com esses estudos, ampliar e diversificar o público-alvo das avaliações. E, inclusive, buscar a aplicação clínica da nomeação rápida na avaliação fonoaudiológica.
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Mais informações:(0XX11) 3091-7452, com Vanessa Falbo Simões; e-mail vansfalbo@translate.com.br | |||
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