Testes realizados
na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP comprovam a aceitabilidade
de alimentos matinais e barras energéticas à base de amaranto. A
planta, que não é um cereal mas possui características parecidas,
é vantajosa em termos nutricionais, porém pouco conhecida e consumida
no Brasil. Cerca de 50 pessoas provaram e aprovaram os produtos em estudo feito
na FSP. A nutricionista Karina Dantas Coelho, que desenvolveu os alimentos
em sua pesquisa de mestrado, garante que eles estão prontos para o consumo.
"O amaranto é um pseudocereal de origem andina, que tem mais
proteína, e de melhor qualidade que os cereais tradicionais, como arroz,
milho e trigo", conta a nutricionista. "Ele tem mais cálcio,
em quantidades parecidas com a do leite; mais fibras, importantes componentes
de nossa dieta, e pode ser consumido por pessoas
com intolerância ao glúten. Também foi comprovada em animais
sua capacidade de reduzir o colesterol no sangue". Karina desenvolveu
o alimento matinal e a barra energética com o amaranto como matéria-prima,
visando a máxima aceitação e a mínima perda de nutrientes.
"Esses alimentos seriam uma forma de inserir o amaranto na dieta da população",
explica. Apesar de todas as vantagens apresentadas, ele ainda não é
comum no Brasil. Ele só é plantado, em caráter experimental,
no Distrito Federal. Características O alimento matinal produzido
com o amaranto teve adição de aroma de doce de leite, com a coloração
bege clara e em forma de bolinhas. A barra energética teve como ingredientes
o amaranto, arroz expandido e frutas desidratadas (maçã, uva passa
e coco). Nelas, o amaranto usado foi do tipo estourado (uma espécie de
"pipoca"). Não foi utilizada gordura vegetal hidrogenada na fabricação
das barras, e sim uma solução de amido desenvolvida no laboratório,
mais saudável. "Os dois alimentos foram bem aceitos. Também
observamos uma maior presença de proteínas e fibras",
conta Karina. "Nas barras de cereais normais, a quantidade de fibras
é mínima, e algumas
apresentam até mais gordura, e do tipo trans, a
a mais prejudicial". Aceitação
As análises de aceitação ao sabor dos alimentos foram feitas
em um salão para análise sensorial da FSP. As pessoas provaram cada
produto desenvolvido, dando uma nota de 1 a 9 para o sabor e especificando o que
haviam gostado ou não. "Consideramos 7 como a nota que diria que os
alimentos estariam prontos para o consumo", explica a nutricionista. O cereal
matinal obteve 72% de notas maiores que 7, e a barra energética obteve
esse valor em 77% dos casos, demonstrando aceitação de ambos no
paladar. "Ainda é necessário confirmar a redução
do colesterol promovida pelo amaranto no sangue em humanos, mas ele já
possui vantagens que justificam sua inclusão na alimentação",
constata Karina. A solução de amido desenvolvida no laboratório
está com processo de obtenção de patente que não será
de exclusividade. O intuito é que essa tecnologia seja transferida para
outras empresas, para que possa ser feita uma difusão da produção
de alimentos com amaranto. Porém, ainda não há previsão
da inserção dos produtos no mercado. "É preciso saber
se as pessoas não consomem o amaranto porque ele não é encontrado,
ou se ele não é produzido pois as pessoas não consomem",
conclui. |