...o BUDDA é uma importante ferramenta
para estudos futuros da formação das galáxias.
"O objetivo é buscar mais indicadores sobre a ação
das barras nestas estruturas e comparar galáxias de idades
diferentes" |
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Um software desenvolvido no Instituto de Astronomia, Geofísica
e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP possibilitou que
astrônomos brasileiros constatassem, pela primeira vez, que
as barras de algumas galáxias podem durar até cerca
de 1 bilhão de anos. O BUDDA (Bulge Disc Decomposition Algoritm),
como foi denominado o programa, permite a visualização
de imagens detalhadas de galáxias e o conhecimento da contribuição
de cada um de seus componentes.
A visão mais aceita estabelece que as barras são transitórias
(surgem de tempos em tempos) e podem provocar instabilidades dinâmicas
no disco de uma galáxia. O disco, o bojo e a região
central são os principais elementos que compõem a estrutura
luminosa de uma galáxia. As barras, por serem transitórias,
podem ou não compor a estrutura.
Segundo o professor Ronado Eustáquio de Souza, do Departamento
de Astronomia do IAG, e um dos que desenvolveram o programa, as barras
têm papel importante numa galáxia. "Elas capturam
gases concentrados na região central e auxiliam na formação
de novas estrelas. Chegam a modificar a estrutura de uma galáxia,
sendo um importante componente em sua evolução",
explica. As galáxias possuem, em média, 14 bilhões
de anos e evoluíram independentemente umas das outras. "Daí
a importância das barras em suas estruturas", avalia o
pesquisador.
Observações e constatações como estas
puderam ser feitas somente a partir da utilização do
BUDDA e com a análise de dados espectroscópicos. "As
imagens são capturadas normalmente por um telescópio.
Em seguida, são analisadas no programa que simula a ação
de todos os componentes da estrutura", descreve Eustáquio
de Souza. Ao todo, foram observadas e analisadas 18 galáxias.
"Estes estudos nos permitem dar respostas a questões comuns
da astronomia, como a que questiona se as barras seriam ou não
permanentes numa galáxia", garante o pesquisador. Segundo
ele, em todas as galáxias observadas que continham barras,
comprovou-se sua transitoriedade.
Disponível na internet
O BUDDA começou a ser desenvolvido no IAG havia dez anos, com
a participação de professores e alunos do instituto,
encabeçado pelos professores Eustáquio de Souza, Dimitri
Alexei Gadotti e Sandra dos Anjos. Trata-se do primeiro software brasileiro
e, segundo informações do professor Eustáquio,
um similar foi desenvolvido, na mesma época, na Universidade
do Arizona, nos EUA. O programa do IAG está disponível
no endereço http://www.mpa-garching.mpg.de/~dimitri/budda.html.
Além das galáxias analisadas com o BUDDA, os pesquisadores
do IAG possuem outras 50 estruturas que ainda deverão ser estudadas.
"Possuímos apenas dados obtidos com a fotometria destas
galáxias. Em breve começaremos a estuda-las mais profundamente,
utilizando o software e a espectroscopia", antecipa o pesquisador.
Os estudos estão sendo feitos a partir de observações
feitas no telescópio SOAR, instalado em Cerro Pachon, no Chile.
O Brasil possui 30% do tempo de utilização do equipamento,
de acordo com um consórcio estabelecido com as universidades
de Michigan e da Carolina do Norte, nos Estados Unidos.
De acordo com o pesquisador, o BUDDA é uma importante ferramenta
para estudos futuros da formação das galáxias.
"O objetivo é buscar mais indicadores sobre a ação
das barras nestas estruturas e comparar galáxias de idades
diferentes", diz.
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