O eucalipto pode ser uma alternativa para a indústria moveleira.
Além de apresentar alto rendimento possui aspectos favoráveis
para a construção de móveis. "O maior
obstáculo é a crença de que sua madeira seja
de baixa qualidade, já que mais de 90% do que está
disponível no mercado foi manejado objetivando a produção
de celulose e papel", conta a pesquisadora Camila Doubek.
Camila, que há
seis meses estuda as propriedades físicas,
mecânicas, usinabilidade (desempenho da madeira ao ser serrada,
lixada, aplainada, etc.) e acabamento do eucalipto, informa que
a idade ideal da madeira para a fabricação de mobiliário
é de 18 anos.
"Para a celulose, são aproximadamente sete anos",
explica, lembrando que, neste caso, a madeira não possui
as características necessárias para a fabricação
de móveis. "É muito porosa. Devido a presença
de alta percentagem de madeira juvenil, apresenta diâmetro
reduzido, muitos nós e racha facilmente", descreve.
Já para a indústria de celulose, essas características
não são importantes, uma vez que a madeira será
reduzida a fibras.
Camila conta que espécies nativas da Amazônia, que
há muito tempo são usadas na fabricação
de mobiliário, como a cerejeira e o pau-marfim, estão
em extinção e são protegidas pelo IBAMA. "Já
em relação ao eucalipto, temos a maior área
plantada do mundo". E além de ser reflorestável,
"o que gera um apelo ecológico", está pronto
para ir à serraria em até 15 anos, enquanto as árvores
nativas requerem aproximadamente 50 anos. Outras vantagens são
a diversidade de cores, desenhos e a padronização
de alguns aspectos de qualidade da madeira.
Tendência inevitável
Outro ponto fundamental a se pensar são os altos custos de
transporte da área de produção até as
fábricas, e como o pólo moveleiro do Brasil é
no Sudeste, é melhor aproveitar cultivos da região.
A concentração de plantios florestais de eucalipto
nos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo já tem
resultado no surgimento de pólos moveleiros baseados unicamente
neste gênero. "Em Minas surgiu recentemente um pólo
no Vale do Jequitinhonha, que tem desenvolvido produtos com o apoio
do SEBRAE. Em Linhares (ES) foi estruturado outro pólo para
produção de móveis de madeira de eucalipto",
diz a orientadora da pesquisa, professora Adriana Nolasco.
No entanto, o preço da madeira de eucalipto
adequado à fabricação moveleira ainda é
muito alto. De acordo com Camila, não porque seu cultivo
requeira mão-de-obra especializada, mas porque sua técnica
de manejo ainda não é muito difundida.
Essa ainda é a primeira parte da pesquisa, que está
sendo realizada no Departamento de Ciências Florestais da
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP em
Piracicaba e será concluída no final de 2007. O objetivo
é detalhar 3 espécies da planta (E. grandis, E.
urophylla, E. dunii) quanto às suas propriedades físicas,
mecânicas, usinabilidade e aceitação de acabamento.
Além de analisar qual é a mais adequada para
móveis, o projeto prevê o estudo de outras 23 espécies.
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