São Paulo, 
saúde
23/03/2006
Bebês amamentados sentem menos dores
durante o "teste do pezinho"
Leite materno normaliza frequência cardíaca de recém-nascidos com mais rapidez após exame. Durante a coleta de sangue, indíce de choro dos bebês que amamentaram foi reduzido para 45,2%
Júlio
Bernardes

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"Na etapa de recuperação, após a extração do sangue, o choro entre os não amamentados chegou a 75,9%, contra 6,5% entre os que mamaram."
Depois de comparar o comportamento de 60 recém-nascidos no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, submetidos ao "teste do pezinho", a enfermeira Adriana Moraes Leite concluiu que o aleitamento materno reduz a dor causada pela coleta de sangue para o exame nos bebês.

O teste, usado para determinar erros inatos do metabolismo, como fenilcetonúria, hipotireoidismo e anemia falciforme, provoca dor aguda devido ao uso de uma lanceta para extrair o sangue do calcanhar dos recém-nascidos. Adriana comparou a freqüência cardíaca, a mímica facial, o estado de sono e vigília e o comportamento de auto-regulação dos bebês, bem como o comportamento das mães.

A amamentação, de acordo com a enfermeira, ajudou a normalizar a freqüência cardíaca dos recém-nascidos. "Antes do teste, a média era de 134 batimentos por minuto", relata Adriana, professora da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP. "Enquanto os bebês amamentados voltaram ao ritmo normal no período de recuperação, os que não mamaram tiveram em média 189 batimentos cardíacos a cada minuto."

Para medir o comportamento dos bebês durante o exame, a pesquisadora usou uma escala de 1 a 6, na qual o nível 1 corresponde ao sono profundo e o 6 ao choro. "Durante a fase de coleta, somente 45,2% dos bebês amamentados choraram, enquanto foi registrado choro em todos os recém-nascidos que não amamentaram", afirma. "Na etapa de recuperação, após a extração do sangue, o choro entre os não amamentados chegou a 75,9%, contra 6,5% entre os que mamaram."

Reações
Adriana explica que 31 bebês envolvidos na pesquisa foram amamentados a partir dos cinco minutos anteriores ao exame, em escolha feita por sorteio. "Duas câmeras de vídeo registraram suas reações no período basal, antes do teste, na fase de coleta do sangue (antissepsia, punção e ordenha) e no período de recuperação, cinco minutos após a obtenção das amostras."

Segundo Adriana, muitos recém-nascidos amamentados apresentaram estágios diferentes de sono, sendo que 25% atingiram o sono profundo. "Na coleta, 41% dos bebês amamentados apresentaram sono ativo, ou seja, estavam de olhos fechados mas se movimentavam, inclusive com a sucção da mama materna."

Para medir as principais reações faciais de dor dos bebês, foi usada a escala NFCS (Neonatal Facial activity Coding System, "Sistema de Codificação da Atividade Facial Neonatal"), elaborada pela pesquisadora canadense Ruth Grunau. "Para a ocorrência de sinais como fronte saliente, olhos apertados e sulco nasolabial aprofundado, atribuem-se valores que indicam maior ou menor intensidade de dor", explica a pesquisadora. "O índice, no momento da coleta, foi de 6,45 para os amamentados, enquanto nos não amamentados, a média foi 10."

Os resultados do estudo serão encaminhados à secretaria municipal da saúde de Ribeirão Preto, à secretaria de saúde do estado de São Paulo e à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), que estabelece os padrões para o teste. "A amamentação durante o teste ainda é pouco usual nos serviços de saúde."





· vínculos:
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto

· mais informações:
(0XX16) 3602-3411, (0XX16) 3625-0587, com Adriana Moraes Leite

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