"Na etapa de recuperação, após
a extração do sangue, o choro entre os não amamentados chegou
a 75,9%, contra 6,5% entre os que mamaram." |
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Depois de comparar o comportamento de 60 recém-nascidos no Hospital das
Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, submetidos ao "teste
do pezinho", a enfermeira Adriana Moraes Leite concluiu que o aleitamento
materno reduz a dor causada pela coleta de sangue para o exame nos bebês.
O teste, usado para determinar erros inatos do metabolismo, como fenilcetonúria,
hipotireoidismo e anemia falciforme, provoca dor aguda devido ao uso de uma lanceta
para extrair o sangue do calcanhar dos recém-nascidos. Adriana comparou
a freqüência cardíaca, a mímica facial, o estado de sono
e vigília e o comportamento de auto-regulação dos bebês,
bem como o comportamento das mães.
A amamentação, de acordo com a enfermeira, ajudou a normalizar
a freqüência cardíaca dos recém-nascidos. "Antes
do teste, a média era de 134 batimentos por minuto", relata Adriana,
professora da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP. "Enquanto
os bebês amamentados voltaram ao ritmo normal no período de recuperação,
os que não mamaram tiveram em média 189 batimentos cardíacos
a cada minuto." Para medir o comportamento dos bebês durante
o exame, a pesquisadora usou uma escala de 1 a 6, na qual o nível 1 corresponde
ao sono profundo e o 6 ao choro. "Durante a fase de coleta, somente 45,2%
dos bebês amamentados choraram, enquanto foi registrado choro em todos os
recém-nascidos que não amamentaram", afirma. "Na etapa
de recuperação, após a extração do sangue,
o choro entre os não amamentados chegou a 75,9%, contra 6,5% entre os que
mamaram." Reações Adriana explica que 31
bebês envolvidos na pesquisa foram amamentados a partir dos cinco minutos
anteriores ao exame, em escolha feita por sorteio. "Duas câmeras de
vídeo registraram suas reações no período basal, antes
do teste, na fase de coleta do sangue (antissepsia, punção e ordenha)
e no período de recuperação, cinco minutos após a
obtenção das amostras." Segundo Adriana, muitos recém-nascidos
amamentados apresentaram estágios diferentes de sono, sendo que 25% atingiram
o sono profundo. "Na coleta, 41% dos bebês amamentados apresentaram
sono ativo, ou seja, estavam de olhos fechados mas se movimentavam, inclusive
com a sucção da mama materna." Para medir as principais
reações faciais de dor dos bebês, foi usada a escala NFCS
(Neonatal Facial activity Coding System, "Sistema de Codificação
da Atividade Facial Neonatal"), elaborada pela pesquisadora canadense Ruth
Grunau. "Para a ocorrência de sinais como fronte saliente, olhos apertados
e sulco nasolabial aprofundado, atribuem-se valores que indicam maior ou menor
intensidade de dor", explica a pesquisadora. "O índice, no momento
da coleta, foi de 6,45 para os amamentados, enquanto nos não amamentados,
a média foi 10." Os resultados do estudo serão encaminhados
à secretaria municipal da saúde de Ribeirão Preto, à
secretaria de saúde do estado de São Paulo e à Associação
de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), que estabelece os padrões para
o teste. "A amamentação durante o teste ainda é pouco
usual nos serviços de saúde."
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