São Paulo, 
agricultura
29/08/2006
Bioativador estimula produção de hormônios responsáveis pelo crescimento da soja
Pesquisa da Esalq comprova a eficiência de substância usada como inseticida nas fases iniciais de cultivo no aumento da germinação, vigor e crescimento das raízes, além de elevar a resistência à perda de água
Júlio
Bernardes

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"Com a maior produção de hormônios, a planta apresenta maior vigor, germinação e desenvolvimento de raízes"
O Thiametoxan, substância usada como inseticida na agricultura, estimula o crescimento da soja e aumenta sua produtividade, aponta pesquisa realizada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba. O composto, utilizado no início do cultivo, funciona como um bioativador, aumentando a produção de hormônios que regulam o desenvolvimento da planta.

O professor Paulo Roberto de Camargo e Castro, da Esalq, que coordenou a pesquisa, explica que o efeito do Thiametoxan na soja é indireto. "O bioativador atua na expressão dos genes responsáveis pela síntese e ativação de enzimas metabólicas, relacionadas ao crescimento da planta, alterando a produção de aminoácidos precursores de hormônios vegetais", destaca.

"Com a maior produção de hormônios, a planta apresenta maior vigor, germinação e desenvolvimento de raízes." Castro aponta que a substância também melhora a nutrição mineral da soja. "O Thiametoxan estimula a expressão gênica das proteínas de membranas, que aumentam o transporte iônico e a absorção de minerais", afirma.

Outro efeito indireto descoberto no estudo foi o aumento do teor de citocinina, substância sintetizada na ponta das raízes. "Com um maior número de raízes, aumenta a absorção e a resistência dos estômatos da planta à perda de água", diz o professor, "o que beneficia o metabolismo e aumenta a resistência aos estresses".

Testes
Criado na Suíça, o Thiametoxan é um inseticida sistêmico do grupo neonicotinóide, da família nitroguanidina. "Ele age no receptor nicotínico acetilcolina da membrana de insetos, danificando seu sistema nervoso", relata Castro. "A aplicação do produto, comercializado com os nomes de Cruiser ou Actara, é feita na semente ou nas fases iniciais de desenvolvimento de cultivos", explica o professor.

Testes com soja apontaram efeitos positivos do inseticida no crescimento, na área foliar e na proliferação de raízes, o que aumentou a absorção de água e de sais minerais. "Biotestes com tomateiro Micro-Tom e seus mutantes mostraram que a substância atua indiretamente na síntese de hormônios vegetais endógenos, diferenciando-se dos biorreguladores, que possuem ação direta sobre as plantas".

De acordo com o professor, o Thiametoxan apresenta baixa toxicidade. "Seu uso será testado em outros cultivos, como cana-de-açúcar, algodoeiro e feijoeiro", diz o professor. "Depois dos estudos brasileiros, o efeito fisiológico da substância em culturas de climas temperados começa a ser pesquisado na Alemanha e na Suíça".

Dois artigos sobre o bioativador serão publicados na Revista de Agricultura da Esalq. Castro também enviou um texto sobre bioativadores, biorreguladores, bioestimulantes e aminoácidos para a série de publicações Produtor Rural, que deve ser lançado pela biblioteca da ESALQ até o final do ano. "Embora muitos desses produtos sejam utilizados pelos agricultores, poucos deles tiveram seu rendimento testado em climas tropicais, em especial os aminoácidos e condicionadores de solo", alerta o professor.





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