"Com a maior produção
de hormônios, a planta apresenta maior vigor, germinação
e desenvolvimento de raízes" |
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Thiametoxan, substância usada como inseticida na agricultura,
estimula o crescimento da soja e aumenta sua produtividade, aponta
pesquisa realizada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
(Esalq) da USP, em Piracicaba. O composto, utilizado no início
do cultivo, funciona como um bioativador, aumentando a produção
de hormônios que regulam o desenvolvimento da planta.
O professor Paulo Roberto de Camargo e Castro, da Esalq, que coordenou
a pesquisa, explica que o efeito do Thiametoxan na soja é indireto.
"O bioativador atua na expressão dos genes responsáveis
pela síntese e ativação de enzimas metabólicas,
relacionadas ao crescimento da planta, alterando a produção
de aminoácidos precursores de hormônios vegetais",
destaca.
"Com a maior produção de hormônios, a planta
apresenta maior vigor, germinação e desenvolvimento
de raízes." Castro aponta que a substância também
melhora a nutrição mineral da soja. "O Thiametoxan
estimula a expressão gênica das proteínas de membranas,
que aumentam o transporte iônico e a absorção
de minerais", afirma.
Outro efeito indireto descoberto no estudo foi o aumento do teor de
citocinina, substância sintetizada na ponta das raízes.
"Com um maior número de raízes, aumenta a absorção
e a resistência dos estômatos da planta à perda
de água", diz o professor, "o que beneficia o metabolismo
e aumenta a resistência aos estresses".
Testes
Criado na Suíça, o Thiametoxan é um inseticida
sistêmico do grupo neonicotinóide, da família
nitroguanidina. "Ele age no receptor nicotínico acetilcolina
da membrana de insetos, danificando seu sistema nervoso",
relata Castro. "A aplicação do produto,
comercializado com os nomes de Cruiser ou Actara, é feita na
semente ou nas fases iniciais de desenvolvimento de cultivos",
explica o professor.
Testes com soja apontaram efeitos positivos do inseticida no crescimento,
na área foliar e na proliferação de raízes,
o que aumentou a absorção de água e de sais minerais.
"Biotestes com tomateiro Micro-Tom e seus mutantes mostraram
que a substância atua indiretamente na síntese de hormônios
vegetais endógenos, diferenciando-se dos biorreguladores, que
possuem ação direta sobre as plantas".
De acordo com o professor, o Thiametoxan apresenta baixa toxicidade.
"Seu uso será testado em outros cultivos, como cana-de-açúcar,
algodoeiro e feijoeiro", diz o professor. "Depois dos estudos
brasileiros, o efeito fisiológico da substância em culturas
de climas temperados começa a ser pesquisado na Alemanha e
na Suíça".
Dois artigos sobre o bioativador serão publicados na Revista
de Agricultura da Esalq. Castro também enviou um texto sobre
bioativadores, biorreguladores, bioestimulantes e aminoácidos
para a série de publicações Produtor Rural, que
deve ser lançado pela biblioteca da ESALQ até o final
do ano. "Embora muitos desses produtos sejam utilizados pelos
agricultores, poucos deles tiveram seu rendimento testado em climas
tropicais, em especial os aminoácidos e condicionadores de
solo", alerta o professor.
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