São Paulo, 
economia
06/09/2006
Metodologia inédita realiza cálculo de valores de seguros contra inundações urbanas
Conjunto de cálculos desenvolvidos por pesquisadores da EESC para estimar os seguros serão apresentados no Encontro Nacional de Águas Urbanas, que acontecerá em São Carlos no próximo ano
Júlio
Bernardes

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"Com políticas públicas adequadas, cada R$ 1 investido em prevenção, a longo prazo, economizaria R$ 30 em despesas de reconstrução".
Uma metodologia inédita no Brasil para calcular valores de seguros contra inundações urbanas foi criada por pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP. O método combina dados sobre chuvas, vazão das águas e levantamentos econômicos das regiões das bacias hidrográficas para estimar o impacto das enchentes e otimizar a gestão dos recursos investidos nos seguros.

"A metodologia é integrada por cinco componentes: hidrológico, econômico, hidroeconômico, eficiência financeira e protocolo de gestão de risco para inundações", diz o professor da EESC, Eduardo Mario Mendiondo, que coordenou os estudos. "Para estimar o potencial de alagamento e altura que podem atingir as águas, é necessário criar uma curva de dados a partir da freqüência de chuvas intensas, sua duração, severidade e a vazão dos rios em cada bacia hidrográfica", explica.

Mendiondo esclarece que por meio do componente econômico são calculados os danos causados a residências e estabelecimentos comerciais para diferentes alturas da lâmina d'água. "No local da construção são avaliados o capital total do lote, as perdas materiais em caso de inundação e a disposição do proprietário quanto ao pagamento do seguro", relata.

A simulação de cenários de inundações é feita com o componente hidroeconômico. "É possível simular diferentes graus de cobertura do sinistro, conforme o valor pago pelo segurado, estimando séries hidrológicas em um período de 40 a 50 anos", conta Mendiondo. "Assim é possível otimizar, para cada tipo de cobertura de sinistro, os valores cobrados em prêmios e indenizações pagas pelas seguradoras."

Eficiência
O método também envolve a construção de curvas de eficiência e solvência financeira para administração do fundo de seguro, seja em empresas privadas ou como política pública, e um protocolo de gestão de risco para inundações. "O protocolo é usado para facilitar a tomada de decisões sobre o seguro, evitando limitações de ordem econômica, social, cultural e dos estudos hidrológicos."

Segundo o professor, entre 4% e 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil é comprometido diretamente pelo impacto de inundações urbanas, valor que pode chegar a 12% com os custos indiretos. "Com políticas públicas adequadas, cada R$ 1 investido em prevenção, a longo prazo, economizaria R$ 30 em despesas de reconstrução."

A metodologia já foi testada em bacia hidrográfica urbana experimental de São Carlos e atualmente pesquisada em bacias de São Paulo, e regiões do Sul e do Nordeste do Brasil, inclusive bacias transfronteiriças da América Latina. Todo o método será disponibilizado no próximo Encontro Nacional de Águas Urbanas, que será realizado em Sao Carlos, em maio de 2007.

As pesquisas do Núcleo Integrado de Bacias Hidrográficas (NIBH) do Departamento de Engenharia Hidráulica e de Saneamento da EESC tem o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Os estudos também tiveram a cooperação da cooperação das universidades federais de São Carlos (UFSCar), Minas Gerais (UFMG), Santa Catarina (UFSC), Rio Grande do Sul (UFRS), Rio Grande do Norte (UFRN) e Alagoas (UFAL).





· vínculos:
Escola de Engenharia de São Carlos

· mais informações:
(0XX16) 3373-8271, com Eduardo Mario Mendiondo; site www.shs.eesc.usp.br/laboratorios/hidraulica

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