"Com políticas públicas
adequadas, cada R$ 1 investido em prevenção, a longo
prazo, economizaria R$ 30 em despesas de reconstrução".
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Uma metodologia inédita no Brasil para calcular valores de
seguros contra inundações urbanas foi criada por pesquisadores
da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP. O método
combina dados sobre chuvas, vazão das águas e levantamentos
econômicos das regiões das bacias hidrográficas
para estimar o impacto das enchentes e otimizar a gestão dos
recursos investidos nos seguros.
"A metodologia é integrada por cinco componentes: hidrológico,
econômico, hidroeconômico, eficiência financeira
e protocolo de gestão de risco para inundações",
diz o professor da EESC, Eduardo Mario Mendiondo, que coordenou os
estudos. "Para estimar o potencial de alagamento e altura que
podem atingir as águas, é necessário criar uma
curva de dados a partir da freqüência de chuvas intensas,
sua duração, severidade e a vazão dos rios em
cada bacia hidrográfica", explica.
Mendiondo esclarece que por meio do componente
econômico são calculados os danos causados a residências
e estabelecimentos comerciais para diferentes alturas da lâmina
d'água. "No local da construção são
avaliados o capital total do lote, as perdas materiais em caso de
inundação e a disposição do proprietário
quanto ao pagamento do seguro", relata.
A simulação de cenários de inundações
é feita com o componente hidroeconômico. "É
possível simular diferentes graus de cobertura do sinistro,
conforme o valor pago pelo segurado, estimando séries hidrológicas
em um período de 40 a 50 anos", conta Mendiondo. "Assim
é possível otimizar, para cada tipo de cobertura de
sinistro, os valores cobrados em prêmios e indenizações
pagas pelas seguradoras."
Eficiência
O método também envolve a construção de
curvas de eficiência e solvência financeira para administração
do fundo de seguro, seja em empresas privadas ou como política
pública, e um protocolo de gestão de risco para inundações.
"O protocolo é usado para facilitar a tomada de decisões
sobre o seguro, evitando limitações de ordem econômica,
social, cultural e dos estudos hidrológicos."
Segundo o professor, entre 4% e 5% do Produto Interno Bruto (PIB)
do Brasil é comprometido diretamente pelo impacto de inundações
urbanas, valor que pode chegar a 12% com os custos indiretos. "Com
políticas públicas adequadas, cada R$ 1 investido em
prevenção, a longo prazo, economizaria R$ 30 em despesas
de reconstrução."
A metodologia já foi testada em bacia hidrográfica urbana
experimental de São Carlos e atualmente pesquisada em bacias
de São Paulo, e regiões do Sul e do Nordeste do Brasil,
inclusive bacias transfronteiriças da América Latina.
Todo o método será disponibilizado no próximo
Encontro Nacional de Águas Urbanas, que será realizado
em Sao Carlos, em maio de 2007.
As pesquisas do Núcleo Integrado de Bacias Hidrográficas
(NIBH) do Departamento de Engenharia Hidráulica e de Saneamento
da EESC tem o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (Capes), da Financiadora de Estudos
e Projetos (Finep) e da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Os estudos também tiveram a cooperação
da cooperação das universidades federais de São
Carlos (UFSCar), Minas Gerais (UFMG), Santa Catarina (UFSC), Rio Grande
do Sul (UFRS), Rio Grande do Norte (UFRN) e Alagoas (UFAL).
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