""Os usuários de próteses
aprendem a lidar com as informações que os sensores
estão captando e com o tempo adquirem uma percepção
muito apurada de temperaturas frias e quentes, por exemplo". |
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Um
sistema eletrônico capaz de fazer próteses de mão
transmitirem sensações de temperatura, tato, vibração
e dor para seus usuários acaba de ser desenvolvido
pelo engenheiro Paulo Marcos de Aguiar em pesquisa na Escola
de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP. O estudo faz parte
do projeto "Mão Antropomórfica Brasileira",
do Departamento de Engenharia Mecânica da EESC.
O sistema é composto de pequenos sensores conectados a um circuito
integrado. "Eles também são ligados à pele
por meio de transdutores, pequenos dispositivos que transformam os
registros dos sensores em impulsos elétricos", relata
o professor da EESC Glauco Caurin, coordenador da pesquisa. "Sensores
de pressão registram as impressões de tato, pressão
e vibração.".
Os testes com pacientes amputados são feitos na Faculdade de
Medicina (FM) da USP, com a colaboração do professor
Emygdio Jose Leomil de Paula. "Os usuários de próteses
aprendem a lidar com as informações que os sensores
estão captando e com o tempo adquirem uma percepção
muito apurada de temperaturas frias e quentes, por exemplo",
conta Caurin.
O projeto da "Mão Eletrônica Brasileira" é
desenvolvido há seis anos, com apoio da Fapesp. "A pesquisa
serve como base para criar tecnologias que possam ser aplicadas em
próteses comerciais", explica o professor. A construção
da mão é semelhante à do esqueleto humano. "O
sistema não utiliza pinos metálicos como articulações,
apenas superfícies de contato conectadas entre si".
Dedos
Cada um dos cinco dedos da mão eletrônica funciona como
um robô, atuando de forma cooperativa. "Os programas criados
para determinar os movimentos são inseridos em um pequeno computador
dedicado", aponta Caurin. "Uma série de cabos faz
o papel dos tendões, transmitindo os movimentos aos dedos".
A energia para executar os movimentos é produzida por dois
servo-motores.
A mão eletrônica foi totalmente construída com
material biocompatível, à base de resina de mamona.
"A idéia é que o material possa ser usado em próteses
que não causem rejeição ao serem implantadas
no corpo humano", diz o professor. O uso da resina para fazer
os componentes da mão eletrônica foi pesquisado em parceria
com a equipe do professor Gilberto Chierice, do Instituto de Química
de São Carlos (IQSC) da USP.
Até o final do ano, os pesquisadores da EESC deverão
finalizar um protótipo capaz de reproduzir 20 dos 23 movimentos
principais realizados pelas articulações da mão
humana. "Para o futuro, será pesquisada a miniaturização
da parte computacional", afirma. "Hoje, o computador dedicado
é do tamanho de uma carteira e os servo-motores possuem as
dimensões de uma caixa de sapatos".
Além dos testes de tecnologia para próteses, o professor
aponta que a mão eletrônica poderá ser usada em
tarefas que exijam habilidade manual em ambientes perigosos. "Em
lugares muito quentes ou na manipulação de produtos
químicos, por exemplo, ela poderia ser operada de forma remota,
sem colocar vidas humanas em risco".
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