No modelo desenvolvido por Nakano, mesmo
os locos fora de equilíbrio são considerados nos cálculos. "Dessa
forma, o número de marcadores que podem ser usados é ampliado, possibilitando
um aumento da precisão dos resultados" |
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Uma
pesquisa de doutorado desenvolvida pelo engenheiro Fábio Nakano
resultou em um software inovador, que representa um avanço
no uso dos modelos matemáticos de cálculos em testes
de paternidade (de DNA). A principal vantagem é que o modelo
proposto poderá fornecer, em questão de segundos, resultados
precisos para as situações de investigação
de paternidade complexas.
"Entre essas situações, podemos citar os casos
em que não é possível coletar material do suposto
pai, então a análise é feita com o material genético
de um outro parente próximo (os irmãos deste ou o seu
avô, por exemplo), ou quando há outros vínculos
discutíveis: se um desses irmãos não for legítimo
ou ainda se existe casamento entre primos (consangüinidade)",
explica o pesquisador. Segundo Nakano, o modelo proposto utiliza melhor
todos os dados disponíveis, o que gera rapidamente resultados
precisos.
O pesquisador prevê que até o segundo semestre de 2007
o modelo estará disponível por meio de um serviço
na internet. Isso se tornou possível devido ao apoio da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp)
por intermédio de seu Programa de Inovação Tecnológica
em Pequenas Empresas (PIPE).
Os seres humanos possuem 46 cromossomos, sendo metade de origem paterna
e a outra, materna. Cada um desses cromossomos é composto por
DNA - ácido desoxirribonucléico - molécula em
que são codificadas as características hereditárias.
Essas informações genéticas (genótipo)
estão dispostas linearmente, ao longo do cromossomo, em posições
denominadas locos. Cada loco contém uma de várias combinações
possíveis de bases de DNA (adenina, guanina, citosina e timina)
- cada combinação é chamada alelo. Os exames
de paternidade são realizados por meio da análise e
comparação dos alelos presentes em alguns locos selecionados
- marcadores moleculares - da mãe, do filho e do suposto pai.
Quanto mais marcadores são testados, mais exato (e caro) será
o resultado.
Locos fora de equilíbrio
Nakano usou como modelo de referência o teste de paternidade
proposto pelo cientista A.P. Dawid, em 2002, considerado "o estado
da arte" em termos de testes de DNA. Quando comparado a esse
modelo de referência, o sistema desenvolvido por Nakano é
menos dependente de uma Lei da Genética: a Hipótese
de Equilíbrio de Hardy-Weinberg. Essa hipótese afirma
que, dentro de determinadas condições (quando os marcadores
moleculares não sofreram seleção e mutação),
as freqüências alélicas permanecerão constantes
com o passar das gerações.
No modelo de referência é obrigatório o uso de
marcadores em equilíbrio. No modelo desenvolvido por Nakano,
mesmo os locos fora de equilíbrio são considerados nos
cálculos. "Dessa forma, o número de marcadores
que podem ser usados é ampliado consideravelmente, possibilitando
um aumento da precisão dos resultados", explica o engenheiro.
A tese de Nakano teve orientação dos professores Carlos
Alberto de Bragança de Pereira, do Instituto de Matemática
e Estatística (IME), e Hugo Aguirre Armelin, do Instituto de
Química (IQ). O trabalho foi apresentado no último mês
de novembro ao Programa Interunidades em Bioinformática da
USP, que reúne, além do IME e do IQ, o Instituto de
Física de São Carlos (IFSC), a Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz (Esalq), o Instituto de Biociências (IB), o
Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), a Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) e a Faculdade de Ciências
Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP). Durante o doutorado
o pesquisador recebeu apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
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