Além de ferramentas e programas
específicos, que podem ser entendidos mais facilmente por especialistas,
o programa fornece interfaces intuitivas em Excel, de fácil
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partir do segundo semestre deste ano, os comitês de bacias hidrográficas
poderão se utilizar de uma importante ferramenta para o gerenciamento
e planejamento integrado de sistemas hídricos. Um estudo que
vem sendo desenvolvido na Escola de Engenharia de São Carlos
(EESC) da USP vai resultar num novo Sistema de Suporte de Decisão
(SSD) para Bacias Hidrográficas. O SSD Riverhelp, como foi
denominado, é um sistema computacional com ferramentas avançadas
para auxiliar no processo de tomada de decisões.
Segundo o engenheiro Guilherme de Lima, doutorando do Departamento
de Hidráulica e Saneamento da EESC, atualmente a maioria dos
comitês de bacias hidrográficas ainda não utilizam
esse tipo de tecnologia. "Nosso sistema permitirá analises
técnicas importantes para definir políticas sustentáveis
para cada região levando em consideração não
só fatores ambientais, mas também fatores sociais e
econômicos", destaca.
O engenheiro lembra que a maioria dos sistemas atuais sistemas trata
de questões especificas como, qualidade de água, outorga
e geração de energia elétrica de maneira independente.
Poucas pesquisas ainda existem sobre SSD capazes de abordar de maneira
integrada os fatores mais importantes para a gestão da bacia
hidrográfica. Além de fornecer informações
que propiciem uma visualização global dos problemas,
o Riverhelp pode ser usado até mesmo por não-especialistas
no assunto. "Isso acontece devido à configuração
que desenvolvemos. Além de ferramentas e programas específicos,
que podem ser entendidos mais facilmente por especialistas, o programa
fornece interfaces intuitivas em Excel, de fácil consulta e
acesso", explica.
Estrutura e Componentes
O SSD Riverhelp é dividido em quatro módulos: Interface
principal e Base de Gerenciamento de Informações (ambos
em Excel); Sistema de Informações Geográficas
(SIG); e um Modelo de Gerenciamento de Bacias Hidrográficas.
"Os dois últimos módulos são softwares comerciais.
O modelo de gerenciamento utilizado foi o MIKE BASIN desenvolvido
na DHI Water and Environment, da Dinamarca, entidade parceira no desenvolvimento
do novo sistema", conta Lima, que estagiou durante um ano naquela
instituição.
O pesquisador informa que o custo atual dos módulos de SIG
(software ArcGIS, da ESRI) e o Modelo de Gerenciamento de Bacias (software
MIKE BASIN da DHI) gira em torno de 6.250 euros.
Bacia do Piracicaba, Capivari e Jundiaí
Em seu estudo, Lima inseriu no SSD Riverhelp dados referentes à
Bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, no estado de
São Paulo. "Esta bacia é uma das 22 regiões
hidrográficas do Estado", diz o engenheiro. Por ser uma
região muito desenvolvida e com problemas complexos de escassez
hídrica, Lima resolveu implantar o sistema num estudo de caso.
"Além do mais, trata-se de uma bacia importantíssima
no abastecimento não só da região que se encontra
como da cidade de São Paulo", lembra. Ao todo, a bacia
possui cerca de 15 mil quilômetros quadrados incluindo uma área
do Estado de Minas Gerais. A partir de julho, o engenheiro garante
que o SSD Riverhelp estará disponível numa versão
para testes para essa região.
Comitês
Os Comitês de Bacias Hidrográficas têm, entre outras
atribuições, promover o debate das questões relacionadas
aos recursos hídricos da bacia; articular a atuação
das entidades; arbitrar, em primeira instância, os conflitos
relacionados a recursos hídricos; aprovar e acompanhar a execução
de Planos de Recursos Hídricos e estabelecer os mecanismos
de cobrança pelo uso de recursos hídricos e sugerir
os valores a serem cobrados. São órgãos colegiados
que contam com a participação dos usuários, da
sociedade civil organizada, de representantes de governos municipais,
estaduais e federal.
Além da parceria do DHI Water and Environment, da Dinamarca,
Lima contou com recursos financeiros do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq). O estudo, iniciado
em 2003, vem sendo orientado pelo professor Frederico Fábio
Mauad, que é diretor do Centro de Recursos Hídricos
e Ecologia Aplicada da EESC/USP.
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