São Paulo, 
saúde
03/04/2002
Estudo revela que mais médicos
especializam-se em homeopatia
Pesquisa da Faculdade de Saúde Pública
mostra que, apesar das resistências, vem
crescendo o número de médicos que
especializam-se em homeopatia
Juliana Kiyomura
Moreno

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"Quando o médico olha o paciente como um todo, ele dedica mais tempo para ouvi-lo e este acolhimento promove uma relação de confiança mútua."
A homeopatia, que vem despertando cada vez mais o interesse, tanto da população quanto de médicos, vem sendo uma nova opção de tratamento nos serviços públicos de saúde, em consultórios e nos ambulatórios de hospitais privados. Esta nova realidade da medicina é o tema da dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP pela médica homeopata Sandra Abrahão Chaim Salles.

A pesquisa mostra o que leva alguns médicos que já exercem a sua profissão a freqüentar um curso de mais três anos em busca de uma especialização que ainda encontra resistências no País. Sandra fez um levantamento cuidadoso entre os homeopatas que se formaram nos últimos doze anos em diversos cursos de especialização ministrados em cidades brasileiras. De acordo com o estudo, a homeopatia vem sendo procurada por médicos que já possuem outra especialização, principalmente em pediatria. "Eles argumentam que buscaram uma medicina que olhe o indivíduo como um todo e o encontro com colegas que estudam ou praticam a homeopatia lhes despertaram a curiosidade e a motivação para encontrar também os cursos desta especialidade", explica Sandra. "Quando o médico olha o paciente como um todo, ele dedica mais tempo para ouvi-lo e este acolhimento promove uma relação de confiança mútua."

Segundo a pesquisa, outro fator que vem despertando o interesse pela homeopatia é a observação dos resultados. "Os médicos têm ficado surpresos com esta possibilidade terapêutica que mostra também uma outra forma de compreender o adoecimento do ser humano e, por conseguinte, uma outra maneira de abordar o doente."

Resultados positivos
Desde 1980, a homeopatia é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina como uma especialidade médica. No entanto, apesar dos resultados positivos e do interesse crescente há, ainda, poucas faculdades que oferecem esta especialização. "Na Índia, a maioria dos médicos dedicam-se à homeopatia. Mas, no Brasil, os investimentos em pesquisas ainda são pequenos, o que contribui com a baixa incidência desta prática médica na rede pública".

Para especializar-se em homeopatia, o médico passa três anos em aulas e treinamento ambulatorial. "Os médicos homeopatas observam que mesmo aqueles colegas que respeitam a homeopatia e lhes encaminham pacientes para tratamento desconhecem suas possibilidades terapêuticas, achando que a homeopatia só funciona para tratamentos alérgicos e quadros que não são graves e não necessitam de uma ação rápida", lembra Sandra. "Os homeopatas afirmam evitar atitudes radicais e onipotentes. Mas ao mesmo tempo querem ver respeitados os seus direitos e os dos pacientes que por ela optarem tanto nos consultórios particulares como nos ambulatórios público."

Sandra acentua que algumas características da prática médica se modificam quando o profissional incorpora os preceitos homeopáticos porque o seu objeto de investigação passa a ser o indivíduo e não os seus órgãos doentes. "Para compreender o processo de adoecimento de cada paciente e poder efetivar a terapêutica homeopática, o homeopata aprende a ouvir queixas que anteriormente não tinham significado ou função. Aqueles sintomas que não são importantes ou não correspondem a um diagnóstico clínico, mas que perturbam os pacientes, ou mesmo os distúrbios de comportamento e de sono das crianças que, muitas vezes, deixam o pediatra impotente encontram na homeopatia uma resposta terapêutica efetiva".





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