"Quando o médico olha o paciente como
um todo, ele dedica mais tempo para ouvi-lo e este acolhimento promove
uma relação de confiança mútua." |
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homeopatia, que vem despertando cada vez mais o interesse, tanto da
população quanto de médicos, vem sendo uma nova opção de tratamento
nos serviços públicos de saúde, em consultórios e nos ambulatórios
de hospitais privados. Esta nova realidade da medicina é o tema da
dissertação de mestrado apresentada na Faculdade de Saúde Pública
(FSP) da USP pela médica homeopata Sandra Abrahão Chaim Salles.
A pesquisa mostra o que leva alguns médicos que já exercem a sua profissão
a freqüentar um curso de mais três anos em busca de uma especialização
que ainda encontra resistências no País. Sandra fez um levantamento
cuidadoso entre os homeopatas que se formaram nos últimos doze anos
em diversos cursos de especialização ministrados em cidades brasileiras.
De acordo com o estudo, a homeopatia vem sendo procurada por médicos
que já possuem outra especialização, principalmente em pediatria.
"Eles argumentam que buscaram uma medicina que olhe o indivíduo como
um todo e o encontro com colegas que estudam ou praticam a homeopatia
lhes despertaram a curiosidade e a motivação para encontrar também
os cursos desta especialidade", explica Sandra. "Quando o médico olha
o paciente como um todo, ele dedica mais tempo para ouvi-lo e este
acolhimento promove uma relação de confiança mútua."
Segundo a pesquisa, outro fator que vem despertando o interesse pela
homeopatia é a observação dos resultados. "Os médicos têm ficado surpresos
com esta possibilidade terapêutica que mostra também uma outra forma
de compreender o adoecimento do ser humano e, por conseguinte, uma
outra maneira de abordar o doente."
Resultados positivos
Desde 1980, a homeopatia é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina
como uma especialidade médica. No entanto, apesar dos resultados positivos
e do interesse crescente há, ainda, poucas faculdades que oferecem
esta especialização. "Na Índia, a maioria dos médicos dedicam-se à
homeopatia. Mas, no Brasil, os investimentos em pesquisas ainda são
pequenos, o que contribui com a baixa incidência desta prática médica
na rede pública".
Para especializar-se em homeopatia, o médico passa três anos em aulas
e treinamento ambulatorial. "Os médicos homeopatas observam que mesmo
aqueles colegas que respeitam a homeopatia e lhes encaminham pacientes
para tratamento desconhecem suas possibilidades terapêuticas, achando
que a homeopatia só funciona para tratamentos alérgicos e quadros
que não são graves e não necessitam de uma ação rápida", lembra Sandra.
"Os homeopatas afirmam evitar atitudes radicais e onipotentes. Mas
ao mesmo tempo querem ver respeitados os seus direitos e os dos pacientes
que por ela optarem tanto nos consultórios particulares como nos ambulatórios
público."
Sandra acentua que algumas características da prática médica se modificam
quando o profissional incorpora os preceitos homeopáticos porque o
seu objeto de investigação passa a ser o indivíduo e não os seus órgãos
doentes. "Para compreender o processo de adoecimento de cada paciente
e poder efetivar a terapêutica homeopática, o homeopata aprende a
ouvir queixas que anteriormente não tinham significado ou função.
Aqueles sintomas que não são importantes ou não correspondem a um
diagnóstico clínico, mas que perturbam os pacientes, ou mesmo os distúrbios
de comportamento e de sono das crianças que, muitas vezes, deixam
o pediatra impotente encontram na homeopatia uma resposta terapêutica
efetiva".
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