2/04/2003 - biologia
CEBIMar faz estudos preliminares de aranhas do mar e ácaros marinhos
As aranhas do mar (pantópodes ou picnogônidas) são animais carnívoros e predadores encontrados nas algas. Entre os ácaros marinhos, estima-se que deve haver 130 espécies, sendo que 14 já foram encontradas


Da Redação, Agência USP


O Centro de Biologia Marinha (CEBIMar) da USP vem estudando algumas espécies de animais marinhos que não têm correspondente em terra. Um exemplo disso são as aranhas do mar (pantópodes ou picnogônidas), animais carnívoros e predadores encontrados nas algas.

A espécie vem sendo objeto de um levantamento preliminar realizado por Elisa Palhares de Souza, graduanda do Instituto de Biociências (IB) da USP. O material para os estudos é proveniente do projeto temático Biota/Fapesp e das coletas realizadas pela estudante no canal de São Sebastião.

As aranhas do mar são arrancadas da base frondes de algas. A estudante separa os animais de que precisa, devolvendo ao ambiente os que não fazem parte da pesquisa. Já no laboratório, corta as algas, observa na lupa os aracnídeos, anestesia-os, coloca-os no álcool e os etiqueta.

O procedimento de anestesia dos animais antes de sacrificá-los, segundo o professor Claudio Tiago, que orienta Elisa em suas pesquisas, é em primeiro lugar uma questão ética. "O respeito à vida é uma questão crucial no nosso código de ética. A anestesia ajuda a prevenir que os indivíduos coletados e fixados no álcool fiquem contraídos", explica.

No CEBIMar, todo animal retirado da água e não usado é devolvido ao seu ambiente. O orientador observa que campanhas do tipo "salvem as baleias" levam às ruas milhares de pessoas, mas poucos são os que respeitam formas menores de vida. Às vezes, pelo contrário, o respeito pela vida é extremo, como no caso de cientistas russos que se negam a destruir a única amostra do mundo de vírus da varíola, alegando necessidade de preservar a biodiversidade na Terra, apesar dos perigos que estes organismos possam representar para a vida humana.

Ácaros marinhos
Também sob a orientação do professor Claudio Tiago, Almir Rogério Pepato vem realizando um levantamento semelhante com ácaros marinhos (aracnídeos do grupo dos carrapatos). Pepato é o único no Brasil a estudar esses animais. Tudo o que descobrir poderá ser tranqüilamente publicado, sem receio de repetição. Do mesmo grupo, segundo ele, existem apenas nove espécies descritas para o Brasil, em trabalhos antigos publicados por pesquisadores alemães e franceses.

Pepato estima que deve haver pelo menos 130 espécies, tendo encontrado até agora 14, que serão incorporadas ao levantamento do Programa Biota/Fapesp. Seu interesse está em coletar material não apenas no litoral de São Sebastião, mas de outros ambientes. Os espécimes são tão minúsculos que só podem ser observados ao microscópio.

Os ácaros marinhos alimentam-se de algas ou de outros animais, causando-lhes danos. Os "testemunhos" destinados ao museu são fixados em lâminas, e ele já depositou alguns no Museu de Zoologia da USP.

Colaborou Miguel Glugoski, do Jornal da USP

 

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