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De acordo com o pesquisador, os próximos
dois "apagões" acontecerão em 2009 e 2014. |
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As
previsões do professor Augusto Damineli, do Instituto de Astronomia,
Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP
de que a Eta Carinae, maior estrela conhecida do Universo,
sofreria um "apagão", entre junho e julho deste ano,
estão confirmadas. "Tudo aconteceu com a precisão
de um relógio", comemora o cientista, que estuda o astro
desde 1989.
Segundo ele, o "dia D" do fenômeno aconteceu na última
quinta-feira, 25 de junho. Ao longo de todo o "apagão",
que acontecerá ao longo de um mês, a Eta Carinae
perde luz equivalente a 20 mil vezes a que é emitida pelo Sol.
"Denominamos 'apagão' a interrupção rítmica
de alguns canais de emissão de energia luminosa da estrela.
Após o fenômeno todos os canais da Eta Carinae
estarão ativos novamente", explica.
Há cerca de seis anos, o cientista vinha defendendo a teoria
de que o astro seria composto por um sistema duplo, com duas estrelas
interagindo e formando um sistema ligado pela força da gravidade.
Damineli também havia previsto o intervalo de tempo entre os
"apagões" de aproximadamente 2.020 dias. O último
fenômeno aconteceu em dezembro de 1997. Uma outra corrente de
pesquisadores, no entanto, imaginava que a Eta Carinae era
uma estrela isolada.
Ao morrer, essa estrela poderá causar um grande impacto na
vida na Terra. Teorias recentes indicam que estrelas com essa massa
morrem em forma de hipernova, brilhando como todas as estrelas do
Universo juntas (100 bilhões de vezes 100 bilhões de
sóis). Isso ocorrerá em menos de 500 mil anos, ou pode
ter acontecido há 7 mil anos, já que ela está
há 7 mil anos-luz de nós.
Oportunidade única
A Eta Carinae fica à direita do Cruzeiro do Sul, e só
pode ser vista com binóculos ou telescópios. De acordo
com o pesquisador, os próximos dois "apagões"
acontecerão em 2009 e 2014. "Não podíamos
perder essa oportunidade, já que o período foi ideal
para as observações. Em 2009, o fenômeno deverá
ocorrer em dezembro, época que não favorecerá
o acompanhamento das interrupções rítmicas",
garante.
No Brasil, a estrela vem sendo monitorada por Damineli, Nelson Leister
e Ronaldo Savarino, todos do IAG, no Observatório do Pico dos
Dias, do Laboratório Nacional de Astrofísica, em Brazópolis,
Minas Gerais. Zulema Abraham, também do IAG, monitora o apagão
no radiotelescópio de Itapetinga, próximo a São
Paulo. Do espaço, o satélite XTE mede todos os dias
o fluxo de raios X. Outros telescópios espaciais como o Hubble,
Chandra, XMM e Integral fazem parte da campanha.
A Eta Carinae é a estrela mais luminosa que se conhece.
Estrelas como essa são raríssimas nesta fase do Universo,
mas suas "irmãs" produziram, há 13 bilhões
de anos, a quase totalidade do oxigênio de nossa galáxia.
A confirmação de que a Eta Carinae é uma
estrela dupla permite, segundo Damineli, "pesá-la",
pois o segredo das estrelas está escrito em suas massas. As
observações prosseguem até meados de agosto,
quando a estrela passa a cruzar os céus durante o dia.
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