"A parte física costuma
ficar esquecida no tratamento dessa doença", lembra Eliane,
que recomenda atenção a atividades como a fisioterapia
ou a terapia ocupacional, à atividade física orientada
e à nutrição adequada. |
|
|
|
|
Pacientes
com Alzheimer deveriam fazer fisioterapia desde o início do
diagnóstico. A recomendação é da fisioterapeuta
Eliane Mayumi Kato. Embora na fase leve a doença atinja apenas
a parte cognitiva e comportamental do doente, a fisioterapia pode
colaborar com a diminuição do avanço da doença.
"Os exercícios podem minimizar quedas, danos motores e
prolongar a independência dos pacientes", diz Eliane.
Em pesquisa defendida recentemente na Faculdade de Medicina (FM) da
USP, Eliane mostrou que a fisioterapia é importante para diminuir
a progressão da doença. "Por meio de exercícios,
a prática pode manter o paciente na mesma fase pelo maior tempo
possível", explica. O treino das atividades do dia-a-dia,
como subir a escada ou escovar os dentes, ajuda a melhorar o equilíbrio,
diminuindo a dependência dos idosos. O fortalecimento muscular
também ajuda na prevenção de quedas.
Os fisioterapeutas também são importantes para orientar
os cuidadores a fazer as adaptações necessárias
na casa do paciente, como a instalação de barras de
apoio no box do banheiro, a retirada de tapetes e uso de iluminação
adequada para facilitar sua locomoção e diminuir os
riscos de quedas. "Os idosos já possuem, normalmente,
alterações de equilíbrio, mas naqueles que têm
a doença de Alzheimer elas são ainda maiores" diz
a fisioterapeuta.
Na fase mais avançada da doença, quando o paciente passa
a maior parte do tempo restrito ao leito, a fisioterapia é
importante tanto para orientar os cuidadores sobre como transferir
corretamente os doentes na cama quanto para minimizar as complicações
da síndrome do imobilismo. Entre as possíveis conseqüências
desse problema estão o encurtamento dos músculos e a
perda da força muscular, o surgimento de úlceras por
pressão (escaras), trombose, prisão de ventre e pneumonia,
entre outros.
"A parte física costuma ficar esquecida no tratamento
dessa doença", lembra Eliane, que recomenda atenção
a atividades como a fisioterapia ou a terapia ocupacional, à
atividade física orientada e à nutrição
adequada. Ela também ressalta a importância de um trabalho
dirigido aos médicos, para que eles também orientem
adequadamente os pacientes e seus cuidadores.
Quedas e equilíbrio
A pesquisa analisou 48 idosos com Alzheimer (25 na fase leve e 23
na moderada) e 40 idosos saudáveis. Além de um questionário,
respondido pelo familiar, sobre quedas e atividades cotidianas, foram
feitos testes de equilíbrio que simularam movimentos do dia-a-dia,
como apoiar os pés no degrau, por exemplo. Em relação
ao equilíbrio, os pacientes com Alzheimer na fase leve não
apresentaram resultados muito diferentes dos saudáveis. Os
que estavam num estágio mais avançado da doença
tiveram uma maior perda de estabilidade. A capacidade de execução
de tarefas diárias foi diminuindo com a progressão da
doença.
O estudo comparou o número de quedas de idosos saudáveis
com o de pacientes com Alzheimer: enquanto 45% dos primeiros sofreram
pelo menos uma queda no ano anterior, nos com a doença o número
foi de 50%. "Quedas em idosos são sempre um problema grave.
Elas podem causar hematomas e fraturas, levando até a cirurgias
e hospitalização. Além disso, a instabilidade
e o medo de novas quedas pode aumentar a dependência, o que
ainda é mais grave nos idosos com Alzheimer - já propensos
a isso", explica a pesquisadora. Além disso, existe a
possibilidade de evoluírem para uma depressão, por ficarem
mais restritos.
Os idosos com diagnóstico de Alzheimer na fase leve apresentaram
mais quedas que os na fase moderada. "Isso acontece porque eles
ainda se expõem mais. Os que estão num estágio
mais avançado da doença já andam sempre acompanhados
e normalmente não se lembram de terem caído quando estavam
sozinhos". Também é importante evitar o uso excessivo
de remédios para alterações do comportamento
e agressividade, comuns nesta doença. Esses medicamentos podem
facilitar as quedas, aumentando o desequilíbrio e provocando
grande sonolência - o que deixa o idoso menos ativo, diminui
sua força muscular e traz maior dependência.
|
|
|