ISSN 2359-5191

22/12/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 24 - Meio Ambiente - Escola Politécnica
Planejamento elétrico combate desperdício de capital
Através de uma análise mais aprofundada do impacto de geradores é possível evitar muitos dos problemas atuais.

São Paulo (AUN - USP) - Ter geradores de eletricidade, mas não usá-los por falta de dinheiro para o diesel; tornar-se inválido aos 40 anos devido à produção de farinha, trabalho que poderia ser amenizado com motores elétricos, esse é o cenário de comunidades que da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (RDSM), localizada na região de Tefé, no estado da Amazônia. Todos esses problemas poderiam ser diminuídos com escolhas mais apropriadas para gerar energia elétrica.

Pensando nisso, o Departamento de Energia e Automação Elétricas da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (PEA-USP) desenvolve novo método de planejamento energético que, além dos impactos econômicos, leva em consideração aspectos políticos, ambientais e sociais para produzir eletricidade.

Como usualmente apenas o retorno econômico é considerado importante para a construção de novos geradores, o investidor, na maior parte das vezes, analisa apenas o custo da operação e da produção da energia, o que deixa de lado informações sobre o meio ambiente, a aceitação por parte dos moradores e até gargalos políticos.

Assim, apesar do projeto de geração de energia contar com o capital necessário, ele pode demorar anos para chegar a ser efetuado. “Temos diversos exemplos principalmente no pré-racionamento período em que existiam empreendimentos com análise técnica e econômica ótima, davam retorno para o investidor, mas a usina teve problemas com o processo de licenciamento ambiental e com a sociedade. Com o adiamento da construção, muitos investidores desistiram. Apesar do planejamento mais amplo ser mais caro, ele evita problemas como esses”, comenta André Luiz Veiga Gimenes, pesquisador do PEA-USP.

Pesquisa de campo

Para elaborar a tese de doutorado, André foi até a Reserva Mamirauá para acrescentar o estudo de caso, uma forma de validar a pesquisa através de experiências reais.

A região foi escolhida por ser a única comunidade do país a pensar no desenvolvimento através da sustentabilidade, além de estar distante do eixo sul-sudeste, áreas em que o sistema de eletricidade já está consolidado.

A área pesquisada engloba aproximadamente 260 mil hectares, habitado por cerca de 4 mil pessoas divididas em 20 comunidades que só se interligam através de barcos.

Por ser uma região de várzea da Floresta Amazônica, a transmissão de eletricidade é inviável. Como agravante, há ainda o fato da demanda ser pequena, o que não desperta grande interesse de investimentos privados.

A energia chega através de pequenos geradores movidos a diesel, mas como falta dinheiro para comprá-lo (a população tem renda per capita diária de menos de meio dólar por dia), a população passa a maior parte do tempo sem luz (há fornecimento de eletricidade por apenas quatro horas diárias).

Segundo o pesquisador, o fornecimento constante de energia, além de auxiliar na segurança e na melhoria da qualidade de vida, teria efeitos positivos na renda da população. “Para eles, a coisa mais importante é ter freezer, porque aí eles conseguiriam pescar e armazenar o peixe para depois vender por um preço melhor na entressafra”, explica André.

No caso da Reserva Mamirauá, André diz que entre as melhores hipóteses estão a exploração de energia solar ou que as próprias pessoas aprendam a gerenciar melhor os recursos disponíveis, medida que, apesar de não pôr fim ao problema, poderia amenizá-lo.

Mais informações: gimenes@pea.usp.br

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