ISSN 2359-5191

22/12/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 24 - Meio Ambiente - Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
Formação do gás ozônio é observada em nossa atmosfera respirável
Previsões meteorológicas trarão informações sobre a concentração ozônio num futuro não muito distante.

São Paulo (AUN - USP) - A radiação ultravioleta, sem a presença da camada de ozônio (O3) na estratosfera - parte da atmosfera situada entre 20 e 40 km de altitude - tornaria praticamente inexistente a vida como a conhecemos na Terra. Porém, quando na troposfera (onde vivemos e respiramos, indo até 20 km do solo no equador), o ozônio irrita mucosas como olhos e nariz, e destrói a vegetação.

Em São Paulo, estudos conduzidos pela professora Maria de Fátima Andrade e outros do Instituto de Astrofísica, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) têm a intenção de explicar como se origina o O3 presente em nossa troposfera. Sabe-se que ele resulta de reações entre o oxigênio (O2) que respiramos e partes “quebradas” pela radiação ultravioleta do sol de moléculas de poluentes produzidos pelos automóveis - óxidos nitrosos (NOx) e hidrocarbonetos (compostos com carbono e hidrogênio em suas cadeias principais). Túneis urbanos, por onde passam milhares de carros por dia, são os laboratórios de pesquisa.

Durante um tempo de atmosfera estável, com pouco deslocamento de ar(vento), mede-se a concentração de NOx e hidrocarbonetos (HC) dentro dos túneis, além da especificidade destes últimos – tarefa árdua, dado a grande variedade de moléculas de HC provenientes da queima de combustíveis fósseis (gasolina, por exemplo). E por que dentro dos túneis? É onde a concentração de poluentes é maior, gerando medidas mais precisas que fora dele, onde se dispersam, e também porque a radiação ultravioleta não incide quebrando as moléculas dos poluentes – não são estáveis ao sol.

Meteorologia com reações químicas é recente

Na década de 50 do século passado, os modelos meteorológicos não levavam em consideração as reações químicas que ocorriam no ar, que transportava substâncias em teoria “inertes”. A partir da década de 70, os deslocamentos de ar, substâncias e as reações envolvidas passaram a ser estudados mais intensamente. Mas apenas um pouco antes da década de 90 percebeu-se que estas reações químicas também alteram a meteorologia. Foram sistematizados novos modelos meteorológicos com modelos acoplados sobre a radiação solar e formação de chuva relacionados à composição e concentração de compostos na atmosfera, corrigindo os anteriores.

O ozônio é um poluente secundário, o que significa que é formado de substâncias resultantes da queima de combustível (o poluente primário). Pode-se perceber sua presença no ar por meio de um bioindicador; no caso, é a folha de tabaco o mais utilizado, na qual se formam manchas quando em contato com O3. No futuro, previsões sobre a concentração de ozônio na troposfera e alertas sobre concentrações acima do normal poderão ser feitas com base nas estatísticas e dados dos estudos do grupo do IAG. Estudo de impactos de mudança nas matrizes energéticas – da gasolina para o hidrogênio, por exemplo - ligadas aos sistemas de transporte também serão possíveis, por meio da criação de cenários fictícios de poluição em comparação ao modelo meteorológico atual.

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