ISSN 2359-5191

22/12/2004 - Ano: 37 - Edição Nº: 24 - Saúde - Instituto de Ciências Biomédicas
Efeitos da doença de Chagas podem estar associados a carga genética
Experimentos realizados com cobaias mostram como a presença ou ausência de determinados genes determina o tipo e o grau de infecção.

São Paulo (AUN - USP) - Estudos realizados no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP) e na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ-USP), em parceria com o Instituto Gulbenkian de Ciência (Portugal), indicam que os efeitos da doença de Chagas estão ligados à carga genética do hospedeiro. Em experimentos feitos com ratos, verificou-se que o órgão afetado e o nível de gravidade da infecção dependem da presença, ausência e interação de determinados genes no organismo.

Os pesquisadores isolaram e clonaram um espécime do protozoário Tripanosoma cruzi, causador da doença. Em seguida, inseriram os clones em dois grupos de cobaias, com cargas genéticas distintas e mapeadas. Por fim, uma análise dos tecidos do coração, do fígado e de músculos estriados revelou que, no primeiro grupo, houve desenvolvimento, com vários graus de intensidade, de hepatite e lesões inflamatórias em músculos estriados, mas com ausência de patologia cardíaca. O segundo grupo apresentou um maior número de focos de inflamações, além de lesões cardíacas.

Outro aspecto analisado foi a taxa de mortalidade. As cobaias foram observadas durante um período de 20 meses. No primeiro grupo, 20% dos animais morreram em decorrência da doença. No segundo grupo, a taxa de mortalidade encontrada foi de 63%. Segundo os pesquisadores, essa taxa pode ser uma conseqüência da intensidade das infecções.

A doença

Nos seres humanos, a infecção pelo Tripanosoma cruzi produz efeitos diversos que variam da ausência de sintomas a formas graves de patologias cardíacas e digestivas. Essa variação é atualmente atribuída às diferentes características tanto do hospedeiro quanto do parasita. De acordo com os pesquisadores, a avaliação da doença em roedores contribui para uma maior compreensão do papel da carga genética no desenvolvimento de diferentes “padrões” da doença de Chagas. A presença de genes específicos pode estimular ou evitar a concentração – e o grau de concentração – do protozoário em tecidos específicos no organismo.

Os estudos a respeito da susceptibilidade genética ao mal de Chagas são escassos. Embora muitas pesquisas tenham se voltado às características do parasita e ao papel de sua variação nos sintomas da doença, a contribuição da carga genética do hospedeiro para o grau das infecções ainda é um campo aberto à investigação científica.

A doença de Chagas representa um grande problema de saúde na América Latina. Somente no Brasil, cerca de cinco milhões de pessoas têm a doença. A maior parte dos infectados vive na área rural, onde ainda há a presença do barbeiro, inseto transmissor do mal de Chagas.

Leia o artigo científico publicado pelo grupo de pesquisadores (em inglês): http://www.pubmedcentral.gov/articlerender.fcgi?tool=pmcentrez&artid=375186.

Mais informações:marinho@usp.br, com o pesquisador Cláudio R. F. Marinho.

Leia também...
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br