ISSN 2359-5191

31/05/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 09 - Economia e Política - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Problemas no gerenciamento prejudicam produção na cadeia de suprimentos

São Paulo (AUN - USP) - Falta de confiança, baixa fidelidade e ausência de comunicação entre parceiros comerciais são os problemas que mais prejudicam a implantação de um sistema de medição de desempenho na cadeia de suprimentos, e de um gerenciamento mais abrangente no mesmo setor. Essas são algumas das constatações feitas por Fabiano Rogério Itu Bueno, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP), em sua dissertação de Mestrado que foca o desempenho específico de uma empresa do setor de lácteos.

O trabalho, intitulado “Sistemas de medição de desempenho para a cadeia de suprimentos: um estudo de caso no setor dos lácteos”, analisa a cadeia de produção e as relações de gerenciamento entre empresas, produtores, e o resultado final que chega ao consumidor e acarreta conseqüências sobre ele. Deste modo, pretende-se mapear a cadeia de suprimentos, todos os seus membros e processos, identificando o papel que cada um desses têm na cadeia, e qual a percepção de cada um em relação à sua própria participação. Uma correta adequação entre todos esses processos acarretaria numa produção mais estável. Porém, há uma baixa cooperação entre os elos dentro dessa cadeia de produção (que envolve desde a produção dos insumos para as matérias-primas, até o consumidor final), principalmente no que diz respeito à fidelidade e ao compartilhamento de informações de demanda. Esses aspectos foram identificados por Fabiano especialmente na cadeia do leite.

Conforme os resultados da pesquisa, o mercado do leite é muito instável, devido a uma série de incertezas e problemas em sua cadeia de produção: curtos prazos de validade, e conseqüentemente de entrega, necessidade de refrigeração e transporte especial por parte de alguns produtos, e a sazonalidade da produção, devido ao período das chuvas. Este último aspecto determina um circulo de produção que dura aproximadamente três anos. No primeiro, durante o período da seca, a produção cai (visto que esta está diretamente relacionada com o período de chuvas), e diversos pequenos produtores deixam de produzir no setor. No segundo ano, com menos produtores, o preço do leite torna-se mais alto, e com isso, outros investidores passam a querer produzi-lo. A produção infla, causando queda no preço. Deste modo, no terceiro ano, esses produtores voltam a sair, e no ano seguinte, recomeça-se o ciclo, com a nova escassez de leite.

Isso poderia ser solucionado com a aplicação de uma teoria econômica básica, mas que aparentemente não tem efeito no setor de agrobusiness. Se o mercado de produção fosse fortalecido, unido, com cooperação entre os elos fortes e fracos da cadeia, não haveria essa instabilidade na quantidade de produtores. Essa instabilidade ocorre, além dos motivos já citados, por outras duas razões: a não existência de muitas barreiras para a entrada nesse mercado (a tecnologia necessária é de fácil acesso), e a estratégia das empresas de trabalhar com pequenos produtores. Estes não possuem fidelidade com a empresa a qual fornecem, procurando também outras para distribuir seu produto. Deste modo, as recebedoras do produto precisam estar sempre fornecendo elementos para tentar manter seus contratos. Se esse processo se desse com cooperativas de produção, o resultado seria diferente.

A pesquisa está de acordo com as tendências de discussão sobre esse assunto. Um dos componentes da banca examinadora, o professor Luiz Carlos Di Sério, docente da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), comentou que esteve presente em um congresso na área de operações, o mais importante dos Estados Unidos, “Production and Operation Management Society”. Neste congresso, houve uma palestra sobre agrobusiness, que falava exatamente sobre problemas na cadeia de produção e as relações de poder que ditam essa cadeia. Justamente uma das vertentes da pesquisa de mestrado feita por Fabiano.

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