ISSN 2359-5191

31/05/2005 - Ano: 38 - Edição Nº: 09 - Meio Ambiente - Instituto de Biociências
Cultivo de algas é fonte de renda para populações litorâneas

São Paulo (AUN - USP) - As populações litorâneas brasileiras podem ganhar uma nova opção para sua subsistência econômica: a maricultura de algas vermelhas. É o que destaca a pesquisa desenvolvida pela professora Estela Plastino, do Instituto de Biociências da USP. “Em países como o Chile, populações inteiras vivem exclusivamente do cultivo de algas. Seu potencial econômico para o Brasil é enorme”, afirma a pesquisadora.

As algas vermelhas estudadas por Estela são largamente utilizadas em todo o mundo, tanto em laboratórios quanto em indústrias. “Elas são a matéria-prima para a extração do agar, um composto de suas paredes”. Essa substância ganhou destaque durante a Segunda Guerra Mundial, quando se intensificaram os cultivos de fungos e bactérias para a produção de antibióticos. “Por se tratar de um meio inerte, ou seja, que não interage com os organismos nele depositados, o agar era o composto ideal para esses cultivos”. Atualmente, há meios sintéticos para esse fim. Entretanto, o agar continua com papel fundamental na biologia molecular, na qual seu gel é utilizado no sequenciamento genético de organismos.

Esse composto também apresenta enorme importância fora dos laboratórios, principalmente na indústria alimentícia. “Todos os produtos que apresentam uma consistência gelatinosa, desde o queijo até a pasta de dente, contém o gel da parede de algas”. Desse modo, pode-se ter uma dimensão do potencial econômico do cultivo desses organismos.

Falta de matéria-prima

Apesar do grande litoral brasileiro, grande parte do agar consumido no país é importado. “Não temos indústrias de extração de agar com qualidade no país possivelmente por não termos matéria-prima abundante”. O crescimento natural das algas não é suficiente para acompanhar o ritmo industrial. “O desenvolvimento da maricultura desses organismos possibilitaria o aumento da qualidade das indústrias nacionais e garantiria seu abastecimento”.

Nesse sentido, o primeiro passo já foi dado. Estela e sua equipe pesquisaram os fatores ambientais, como temperatura, nutrientes e intensidade luminosa, ideais para o desenvolvimento das algas. Também foram estudadas as linhagens de cor apresentadas por espécie. “Queremos saber se as diferentes cores conferem alguma vantagem para as algas”. Todos os estudos têm dois grandes objetivos: encontrar as melhores condições de crescimento para as algas e identificar quais grupos produzem o melhor agar.

Entretanto, como aponta a pesquisadora, o desenvolvimento de uma maricultura exige uma grande integração com a comunidade. “Precisamos treinar verdadeiros agricultores do mar, pessoas comprometidas com o cultivo das algas”. Essa é a parte mais complicada do projeto, uma vez que esse comprometimento é difícil de ser conquistado. “Buscamos encontrar a espécie, a linhagem e até mesmo os indivíduos que melhor reagirão no litoral brasileiro. Não podemos decepcionar as populações locais com projetos que não vingarão”, explica a pesquisadora.

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