ISSN 2359-5191

13/01/2006 - Ano: 39 - Edição Nº: 24 - Saúde - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP
Prática da Enfermagem está profundamente ligada à questão da família

São Paulo (AUN - USP) - A relação que a enfermeira desenvolve, em sua profissão, com o paciente não se resume apenas a ele próprio, mas está profundamente ligada à questão da família. Por causa disso, muitos professores da área têm estimulado a pesquisa no campo de Enfermagem da Família, além da criação de disciplinas específicas sobre o assunto nos cursos de graduação. No I Encontro de Enfermagem e Família, que ocorreu na Escola de Enfermagem da USP, professoras de universidades de dentro e de fora do país compartilharam suas experiências.

A professora da EE-USP e líder do Grupo de Estudos em Enfermagem da Família (GEENF), Margareth Ângelo, foi quem falou primeiro no encontro. Ela demonstrou que o pensamento sistêmico tem grandes aplicações na Enfermagem da Família. Essa corrente parte de pressupostos como a crença na complexidade e instabilidade do mundo e a intersubjetividade como condição para compreensão da realidade. Isso proporciona uma visão de mundo mais abrangente, já que esse passa a ser pensado em função de sistema do qual ele faz parte – a família e a comunidade – e para as relações que ele estabelece com esses grupos.

Após o esclarecimento das bases teóricas da Enfermagem da Família por Margareth, Anna Maria Chiesa, também professora da EE-USP, falou sobre como esses conceitos têm sido colocados em prática através do Programa Saúde da Família (PSF). Anna Maria, que é coordenadora do PSF no município de São Paulo, conta que a estratégia do projeto é a chamada vigilância da saúde, que tem seu foco na equipe de saúde, na população, em suas necessidades e riscos a que é submetida e em suas condições de vida e trabalho. Essa estratégia vem para superar dois outros modelos de saúde, anteriormente vigentes: o modelo médico-assistencial privatista e o sanitarista. O primeiro é focado no médico especialista e o segundo é focado na figura do sanitarista.

A professora observa que, de acordo com o senso comum, a atenção básica à saúde é desprovida de complexidade e as unidades de saúde mais complexas e importantes são os hospitais especializados. Porém, ela enfatiza que cada unidade tem seu grau próprio de complexidade e que a atenção básica à saúde é, sim, de grande importância e quando é feita adequadamente deve resolver 100% dos casos prevalentes. Ela também destaca a importância da formação generalista de profissionais da saúde. Surge, nesse momento, a questão: o médico ou enfermeiro generalista não seria, ele próprio, um especialista? Isso porque ele também se especializa num sistema – não no sistema nervoso ou respiratório – mas no sistema constituído pela família e pala comunidade.

Quanto à inserção da Enfermagem da Família nos cursos de graduação, cada universidade tem uma experiência diferente. No curso de Enfermagem da USP, por exemplo, já existe uma disciplina regular que aborda o assunto. Pesquisas na área também são desenvolvidas e estimuladas na pós-graduação. Na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), os esforços são no sentido de preparar os caminhos para a pós-graduação. Por enquanto, o conteúdo é abordado em atividades de extensão e, de maneira fragmentada, em diversas disciplinas da graduação. Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), essa preocupação surgiu a partir da pós-graduação. Em 1996 formou-se a primeira turma com especialização em Enfermagem da Família. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) apresenta uma disciplina curricular específica para o assunto. Também há especialização e pós-graduação na área.

Fora do Brasil, a Enfermagem da Família também é assunto de grande importância. Na Universidad Andrés Bello, do Chile, por exemplo, os alunos começam a ver referenciais filisóficos para compreender a família desde o primeiro ano – é o que relata a professora Luz Angélica Muñoz Gonzáles, palestrante do segundo dia do encontro. Maria Concepcion Pezo e Silva, professora da Universidad Nacional Pedro Ruiz Gallo, do Peru, também afirma que em seu país existe uma intenção de se criar disciplina específica para Enfermagem da Família.

Durante o encontro, surgiram os diferentes níveis em que se encontram as universidades no campo da Enfermagem da Família. O mais importante, porém, é a força de vontade e a evolução que cada uma delas vem atingindo ao longo dos anos. O I Encontro Brasileiro de Enfermagem e Família veio em comemoração aos 10 anos de formação do GEENF. Ao longo desses anos, o grupo vem promovendo eventos, palestras, pesquisas e tem participado, desde 1997, de conferências internacionais.

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