ISSN 2359-5191

13/01/2006 - Ano: 39 - Edição Nº: 24 - Saúde - Faculdade de Medicina
Nova classe de medicamentos prometem vida melhor para doentes dos “ossos de vidro”

São Paulo (AUN - USP) - Menos fraturas, menos dor, menos deformidades: a qualidade de vida que os portadores da doença conhecida como “ossos de vidro” sempre desejaram parece estar mais próxima, graças a uma nova classe de medicamentos, os chamados Bisfosfonatos. Em um estudo ainda inédito em publicações científicas, pesquisadores da Disciplina de Ortopedia Pediátrica do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do HC (IOT-HC) obtiveram resultados significativos no tratamento dos portadores da doença com o uso deste novo tipo de medicamento.

A doença dos “ossos de vidro”, cientificamente denominada Osteogênese Imperfecta (OI), é uma condição genética caracterizada por fragilidade óssea com diferentes graus de acometimento, decorrente de um defeito no colágeno dos ossos de seus portadores. O colágeno é a principal proteína de constituição do tecido ósseo, e o defeito encontrado na OI leva a uma falha na mineralização deste tipo de tecido. Ou seja, o cálcio não entra na formação óssea como deveria, e isto se traduz em um número elevado de fraturas – que podem ocorrer desde o nascimento, com a manipulação para uma simples troca de fralda –, além de dor crônica e deformidades no esqueleto que afetam os membros e a coluna vertebral dos seus portadores. Como é uma doença rara, que afeta um indivíduo em cada 50 mil, há pouca motivação econômica da indústria farmacêutica na busca de um tratamento específico para ela.

Entretanto, ao entrar em contato com trabalhos conduzidos por norte-americanos utilizando os novos Bisfosfonatos no tratamento de portadores de paralisia cerebral, no início dos anos 1990, os pesquisadores da Disciplina de Ortopedia Pediátrica do IOT-HC enxergaram a possibilidade de um tratamento mais eficaz para seus pacientes com OI, conta o principal autor do estudo brasileiro, o médico ortopedista Roberto Guarniero. Esta nova classe de drogas possui um potente efeito impedindo a reabsorção do tecido ósseo, e favorecendo a mineralização e a formação deste tecido, tendo sido desenvolvida com sucesso para o uso em outra doença que deixa os ossos frágeis, a Osteoporose. Assim, eles agem fortificando o esqueleto, reduzindo a osteoporose que também está presente nos portadores da OI.

Os resultados do estudo são promissores e mostraram, objetivamente, um aumento de mais de 20% na densidade mineral óssea com o uso de três medicamentos – Pamidronato, Alendronato e Zoledronato – concomitante a uma diminuição no número de fraturas e de deformidades dos indivíduos estudados. Além disso, os pacientes passaram a referir menos dor e mais qualidade de vida. “A medicação evidentemente não é a cura da doença”, frisa o pesquisador, “mas representa um significativo avanço terapêutico”. Se antes a base do tratamento era a correção das fraturas sofridas, agora a perspectiva é bem diferente, com a prevenção destas.

Iniciado em 1992, os primeiros resultados do estudo só puderam ser consolidados agora por causa do pequeno número de pacientes – ainda que o IOT-HC tenha o maior número de casos do Brasil – e dos cuidados éticos necessários para sua realização, já que se trata de drogas relativamente novas no universo médico e os pacientes são crianças. O primeiro estudo publicado sobre o assunto é canadense e só apareceu em 1998; o estudo brasileiro está pronto para publicação e será apresentado pela primeira vez no Congresso da Academia Americana de Cirurgiões Ortopedistas em Chicago no próximo ano.

Leia também...
Nesta Edição
Destaques

Educação básica é alvo de livros organizados por pesquisadores uspianos

Pesquisa testa software que melhora habilidades fundamentais para o bom desempenho escolar

Pesquisa avalia influência de supermercados na compra de alimentos ultraprocessados

Edições Anteriores
Agência Universitária de Notícias

ISSN 2359-5191

Universidade de São Paulo
Vice-Reitor: Vahan Agopyan
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Jornalismo e Editoração
Chefe Suplente: Ciro Marcondes Filho
Professores Responsáveis
Repórteres
Alunos do curso de Jornalismo da ECA/USP
Editora de Conteúdo
Web Designer
Contato: aun@usp.br