ISSN 2359-5191

10/04/2007 - Ano: 40 - Edição Nº: 01 - Economia e Política - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
Brasil pode enfrentar “síndrome de Santos Dumont” com o álcool

São Paulo (AUN - USP) - O Brasil deve ficar atento para não enfrentar uma nova “síndrome de Santos Dumont” com a projeção internacional do etanol, segundo o professor titular da Universidade de São Paulo (USP) Jacques Marcovitch, ex-reitor da mesma instituição entre os anos de 1997 e 2001 e conselheiro do Fórum Econômico Mundial. O tema surgiu em um seminário de pesquisa com o tema “Mudanças climáticas e estratégias empresariais”, realizado recentemente na Faculdade de Administração e Economia da USP. Também estavam presentes outros especialistas da área, que debateram sobre como atrelar desenvolvimento empresarial com políticas de respeito ao meio ambiente.

Para o professor Marcovitch, o país se encontra em um momento de sua história que não deve ser desperdiçado, com a atenção mundial voltada ao uso combustível do etanol - produzido de cana-de-açúcar e que figura como principal alternativa à gasolina, obtida a partir do petróleo. “Estamos diante de uma oportunidade com a qual o Brasil pode avançar muito”, disse ele. Entretanto, o ex-reitor da USP afirma que o país pode perder o seu pioneirismo, e amargar, assim como no caso da invenção do avião, o esquecimento no cenário externo. “O Brasil descobre, mas não investe na pesquisa. O etanol não pode ser considerado somente como álcool processado, se não voltamos a 1500, um exportador de commodity [produto primário destinado à exportação]. O país deve ser visto como exportador de conhecimento, pela invenção e pela logística”, afirmou ele.

Em entrevista exclusiva, Marcovitch ressaltou os avanços logísticos conquistados pelos brasileiros no transporte de etanol, pois o álcool é um combustível de rápida evaporação e o seu transporte não é simples. Ele também alertou sobre a necessidade de o governo e o setor empresarial tomarem atitudes que não releguem o país ao papel de mero expectador. “Nós podemos arriscar a ver outros países investirem mais em pesquisa e, pouco a pouco, perdemos essa vantagem comparativa”, disse.

Para Vahan Agopyam, diretor-presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), no Brasil falta quem saiba lidar bem com o assunto. Ele afirmou que “há falta de profissionais capacitados na área, conscientes e competentes”. Em sua apresentação, Agopyam discorreu sobre o desenvolvimento de materiais biodegradáveis por centros de pesquisas nacionais e sobre a utilização de biocombustíveis no parque industrial brasileiro. Ela ainda citou as empresas que recorrem o chamado “marketing verde”: fazem questão de tornar públicas suas iniciativas de proteção e respeito ao meio ambiente.

Já Pedro Wongtschowski, vice-presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira da Indústria Química e Presidente do Grupo Ultrapar, preferiu abordar aspectos industriais de produção e destacou a importância que alternativas bioenergéticas representam ao cenário internacional. Segundo dados fornecidos por ele, a participação das matrizes energéticas que obtêm energia de fontes naturais renováveis, na produção mundial hoje, gira em torno de 1,5%. A projeção é que chegue a 30% em 2025. Ele ainda ressaltou a importância da “ecoeficiência”, em que há ênfase na eficiência energética e na gestão de controle da energia produzida.

O evento contou na platéia com a presença de diretores da Embraer (multinacional brasileira produtora de aviões), de membros integrantes do centro de pesquisa da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), de empresários da área financeira e de representantes de entidades empresariais francesas e britânicas.

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