São Paulo (AUN - USP) - A imagem desgastada dos polÃticos hoje em dia é fruto, em parte, da exposição da mÃdia. à isso que aponta Rogério Schlegel em sua dissertação de mestrado defendida no Departamento de Ciência PolÃtica da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e orientada pelo professor José Ãlvaro Moisés.
O estudo chamado âMÃdia, Confiança PolÃtica e Mobilizaçãoâ afirma que, a partir dos resultados do Eseb (Estudo Eleitoral Brasileiro), a exposição dos polÃticos nos veÃculos jornalÃsticos afeta negativamente a imagem de polÃticos, partidos, Congresso e Governo. Ele acredita que apesar da mÃdia não ter papel decisivo âo viés crÃtico do jornalismo sobre a polÃtica e os negócios públicosâ também contribui para o ceticismo em conjunto com âas caracterÃsticas negativas do funcionamento do regime democráticoâ.
Outro fator influente é o grau de escolaridade e de renda da população, mas o autor associa esse dado ao acesso a veÃculos de imprensa. Isso é comprovado ao constatar que cada meio de comunicação produz um impacto diferenciado, sendo os jornais impressos os que têm maior influência, logo aqueles com que a população mais pobre tem menos contato.
Por outro lado, a mÃdia não abala a confiança na democracia como melhor regime polÃtico e mantém as instituições como parte do jogo democrático. Ou seja, a população diferencia o desempenho dos polÃticos ou do Congresso da função que ele cumpre para manter a democracia como o melhor regime polÃtico possÃvel.
Um dado interessante é que a participação polÃtica seja em perÃodo de eleições ou fora dele está diretamente ligada ao acompanhamento dos veÃculos jornalÃsticos. Os indivÃduos mobilizados acompanham mais do que os com baixa participação. Um exemplo se insere ao tratar da participação eleitoral: para 58% das pessoas com alta participação polÃtica a informação que chega pela mÃdia ajuda muito na decisão eleitoral. Nas pessoas com menor participação esse número cai para 38%.
Também neste caso a renda tem fator forte de influência. Das pessoas com maior mobilização apenas 2% têm renda até um salário mÃnimo, por outro lado, mais de 60% têm renda maior de cinco salários.
Ainda sobre a participação polÃtica Schlegel faz uma ressalva. As atitudes polÃticas não são pautadas pela mÃdia, mas os indivÃduos mobilizados que passam a acompanhar mais o noticiário polÃtico num processo que se retroalimenta.