ISSN 2359-5191

31/10/2001 - Ano: 34 - Edição Nº: 15 - Sociedade - Instituto de Estudos Avançados
Cecília Meireles é tema de seminário internacional

São Paulo (AUN - USP) - Cecília Meireles era uma “artista moderna e radicalmente utópica”. O comentário, tecido pelo professor João Adolfo Hansen, do Departamento de Letras da USP, explica a recente realização do I Seminário Internacional Cecília Meireles: 100 Anos, no auditório da Escola de Aplicação da USP. O encontro possibilitou que amantes e estudiosos da poeta carioca - não só do Brasil, mas de Portugal e Estados Unidos - debatessem as diferentes fases de sua produção. A organização ficou por conta do Instituto de Estudos Avançados (IEA), dirigido pelo professor Alfredo Bosi. Ele próprio explicou a programação, em conferência que abriu o evento. A exposição foi seguida da leitura de poemas pelos atores Maria Fernanda - filha da homenageada - e Rubens de Falco, recheada com a projeção de imagens pessoais da escritora.

“Ler é diferente de recitar”. Com essa declaração, o ator rejeita a nomeação de sua apresentação como recital, pois crê que a leitura não dramatizada é mais fiel ao conteúdo dos textos. Amante de poesia, conheceu Cecília muito tempo atrás. De Maria Fernanda, é amigo de infância. Com ela, encena, há mais de 30 anos, espetáculos teatrais em que lêem a obra lírica completa da poeta, além de um dos seus maiores livros: O Romanceiro da Inconfidência.

As sessões ficam restritas a Centros Culturais e universidades. Rubens revela que teve oportunidade de conhecer entidades de ensino superior por quase todo o Brasil. O ator diz que as apresentações são uma realização pessoal de sua carreira, mas o projeto não se restringe às performances em público. “Passo o tempo livre estudando a obra e lendo os poemas de Cecília”. A iniciativa surgiu quando a poeta ainda era viva. Porém, ela não participou da concepção do espetáculo, e nem dava palpites. “Ela era muito fechada”, ressalta.

O seminário contou com uma mesa que discorreu sobre as características da trilha poética de Cecília. Lúcia de Sampaio Góes, também professora de Letras da USP, comentou o livro Cânticos, em que a “sensibilidade de diapasão” da escritora, numa referência à sonoridade nata da obra, explicita o caráter musical de sua poesia. Outra temática muito explorada foi a preocupação da poeta com seu objeto de estudo. No caso do Romanceiro, por exemplo, foram quatro anos de pesquisas a fim de dominar por completo o contexto da Inconfidência Mineira.

Apesar de contemporânea dos artistas modernistas, Cecília destoa do movimento imortalizado pela semana de 1922. Mesmo considerada no âmbito literário, nunca gozou das reverências feitas a seus colegas de época, como Carlos Drummond de Andrade e Guimarães Rosa. No caso do segundo, já foram organizados dois seminários internacionais sobre sua produção. Amigo e admirador, Rubens de Falco enxerga o evento da USP como uma ótima oportunidade para que se pensem em seminários sobre outros grandes expoentes da literatura nacional.

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