ISSN 2359-5191

31/10/2001 - Ano: 34 - Edição Nº: 15 - Saúde - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Piercings e implantes cirúrgicos podem fazer mal à saúde

São Paulo (AUN - USP) - Uma grande ameaça à saúde se esconde nos implantes ortopédicos e piercings utilizados atualmente. Segundo uma pesquisa feita pelo Laboratório de Análise de Falhas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, os materiais metálicos utilizados na confecção destes objetos são de baixa qualidade e apresentam grande possibilidade de corrosão e deterioração antes do tempo. Isso pode acarretar casos de hipersensibilidade e até mesmo câncer nos pacientes, quando não são submetidos a outra cirurgia para reparar o dano. Todos os materiais analisados, como aço inoxidável e ligas de titânio, foram reprovados nos testes e mostraram estar fora dos padrões impostos pelas normas técnicas de associações como ABNT, ISO e ASTM. “Isso ocorre por não existir nenhuma lei que regulamente ou fiscalize os implantes comercializados no país”, diz Cesar R. de Farias Azevedo, responsável pelo Laboratório.

A pesquisa durou três anos e foi concluída há pouco. Mesmo com a divulgação dos resultados, não houve manifestação alguma por parte dos fabricantes. “Sem a lei, as empresas estão isentas de qualquer responsabilidade”, afirma Cesar. Segundo ele, não existem números estimados da reincidência de falhas em casos de implantes defeituosos, pois não há uma preocupação com isso. E o problema parece ser muito maior pois a aplicação destes materiais não se limita a esse tipo de cirurgia: eles estão em peças odontológicas e, agora, teve seu uso largamente expandido com o uso de piercings.

Este problema preocupa algumas instituições desde a década de 70 e já foi levantado anteriormente por outras pessoas. Em 95, o médico Eduardo Cavalcante já havia criado uma comissão para discussão do assunto. O vereador Vicente Sapienza, do PMDB, já apresentou o ante projeto de lei número 467 para que uma fiscalização compulsória seja estabelecida, mas até agora nada foi feito. Com isso, seria possível estabelecer um mesmo nível de qualidade que o existente em países como os Estados Unidos, onde a inspeção é feita pela FDA (Food and Drugs Administration),e que aprova os produtos de duas empresas brasileiras.

Algumas pessoas já chegaram a procurar o Instituto para pedir uma análise das peças danificadas, assim como hospitais que queriam verificar a qualidade do lote de peças comprado. Isso se tornou um dos motivos que levou o Laboratório a realizar tal pesquisa.

De acordo com Cesar, cabe a órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e o SUS (Sistema Único de Saúde) se preocupar com tais condições médicas e impulsionar a fiscalização no país, “e não colocar médicos e burocratas da área da medicina alegando que as condições do país são ótimas”, afirma.

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