ISSN 2359-5191

31/10/2001 - Ano: 34 - Edição Nº: 15 - Ciência e Tecnologia - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
Cápsulas inteligentes aumentam qualidade dos produtos

São Paulo (AUN - USP) - Alimentos enriquecidos com vitaminas, perfumes que duram mais tempo, fertilizantes que não precisam de reaplicação constante e remédios que não fazem mal ao estômago são algumas das novidades que um grupo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas tenta implantar no Brasil. Comandado pela engenheira química Maria Inês Ré, uma equipe multidisciplinar pesquisa os processos e efeitos do microencapsulamento de substâncias e suas aplicações em produtos industriais.

Essa tecnologia, já utilizada no Exterior, teve como produto inicial papéis que dispensavam o uso do carbono para a produção de suas cópias. A tinta era armazenada em pequenas cápsulas que se quebravam com a pressão da caneta e, em contato com o químico existente no papel sobposto, reproduziam o traço feito. Esse processo foi logo adaptado para a propaganda de fragrâncias veiculadas em papel. Com a fricção, as pequenas bolsas se rompiam e exalavam o perfume.

Logo perceberam que tal técnica tinha uma utilização muito mais ampla e esse processo passou a ser adaptado para diversas áreas. Criar invólucros para as substâncias permite que elas não percam suas propriedades ou atuem de forma gradativa e seletiva (como se fosse uma membrana celular), de acordo com as necessidades do produto. O IPT hoje trabalha com três áreas: a de fármacos, alimentos e produtos voltados para agropecuária e agricultura. De acordo com o material utilizado para envolver cada substância, pode-se obter um resultado. "Devemos pesquisá-lo de acordo com sua utilização", diz Maria Inês, "se for um alimento ou fármaco, temos que nos preocupar com a disgestão, se for um fertilizante, com a biodegradabilidade", completa. O principal papel do Instituto é fazer com esse tipo de tecnologia seja aplicada em um maior campo. “Essa tecnologia é muito segmentada, ou seja, um avanço em uma área não é incorporado por outra, devido à diferença na formação de profissionais, por exemplo. Além disso, a tecnologia é protegida por patentes, limitando sua divulgação”, explica.

Tudo isso se torna um fator muito atrativo às empresas, pois agregar tais propriedades “inteligente” ao seus produtos trazem também grande valorização e maior vantagem frente à concorrência. “Mas isso também não pode inviabilizar o produto”, afirma Maria Inês, explicando porquê a relação custo-benefício só é estabelecida em relação a certos produtos e mercados.

Atualmente, o IPT encontra-se envolvido com pesquisas de iniciativa própria no combate populacional a pragas da soja e do milho por meio de inseticidas que utilizam o microencapsulamento. Negociam também a fonte de ferro (Fe) e Cálcio (Ca) encapsuladas para complementos alimentares, e pesquisam o uso de drogas com liberação controlada no combate ao câncer. Além disso, negociam, no próximo mês, com mais duas empresas veterinárias e agropecuárias e duas patentes em aromas.

E o que os pesquisadores ganham com a divulgação de uma tecnologia de tão alta qualidade? Além de melhor qualidade de vida, segundo Maria Inês, o pagamento de royalties é a única forma de obter retorno financeiro. “Se conseguirmos desenvolver processos que impliquem novas patentes e elas forem comercializadas, o IPT recebe pelos direitos”, afirma a engenheira. E sorrindo complementa: “o conhecimento tem um retorno imediato”.

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