ISSN 2359-5191

05/12/2001 - Ano: 34 - Edição Nº: 16 - Saúde - Instituto de Estudos Avançados
Pesquisa de campo ajuda no combate a malária

São Paulo (AUN - USP) - Estudos realizados por pesquisadores do Campus Avançado da USP em Rondônia apostam na pesquisa genética para analisar o panorama da malária no Brasil e traçar um plano de ação para combater a doença.

Análises realizadas no norte de Rondônia, área do estado mais afetada pela doença, mostram características diferentes das notadas em pesquisas realizadas na África, por exemplo. As diferenças não se limitam ao número de casos, ou ao tipo de mosquito agente. Enquanto na África, as crianças são as mais atingidas, no Brasil, a malária pode ser caracterizada como uma doença profissional que atinge, principalmente, homens entre 16 e 34 anos. A precocidade da imunidade é outro fator que diferencia o Brasil, já que foi constatada uma variação menor dos parasitas da doença no país.

O professor Luiz Hildebrando da Silva, do Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Médicas da USP, participou no princípio da década de 90 de uma pesquisa no Senegal, realizada pelo Instituto Pasteur, e lidera hoje o grupo que pesquisa em Rondônia. Segundo ele, essa menor variabilidade genética dos parasitas possibilitaria a criação de uma vacina regional para a doença. "Não se pode combater mais a doença como se fazia em 1890, somente com inseticidas", afirma o professor, que fez palestra no Instituto de Estudos Avançados da USP.

De acordo com Hildebrando, as pesquisas genéticas se realizam hoje em diferentes frentes. No Brasil, além da variação dos parasitas, estuda-se a adaptação genética que está sofrendo o Anófilis darlinge, mosquito transmissor mais comum da doença. Na Alemanha, pesquisadores estudam hoje quais os fatores genéticos que determinam a competência vetorial dos anofelinos, ou seja, que determinam a freqüência com que os mosquitos irão transmitir a doença. A partir disso, seria criado uma população transgênica de mosquitos, pouco eficientes na transmissão do parasita.

O terceiro campo de atuação é sobre como os fatores genéticos do ser humano influenciam na imunidade em relação à doença. No estado de Rondônia,a malária atinge 50 pessoas a cada 1000 por ano. Entretanto, em meio à população ribeirinha, em áreas críticas, esse total chega a 800 pessoas a cada mil, neste mesmo período. Em 2001, foram registrados 60 mil casos da doença. Isso reflete uma grande melhora em relação aos 240 mil, da década de 90. Hildebrando lembra que, de fato, a melhor maneira de se diminuir o número de pessoas contaminadas, não é com remédio, mas com saneamento básico.

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