ISSN 2359-5191

05/12/2001 - Ano: 34 - Edição Nº: 16 - Saúde - Instituto de Ciências Biomédicas
Estresse rotineiro aumenta o potencial da cocaína

São Paulo (AUN - USP) - Camundongos expostos a estímulos de estresse previsíveis, do dia-a-dia estão mais propensos aos efeitos da cocaína. Essa é a conclusão da dissertação de mestrado da farmacêutica Ana Paula Natalini de Araujo, defendida no Instituto de Ciências Biomédicas a USP cujo título é Aspectos comportamentais e moleculares da sensibilização cruzada entre estresse e cocaína. De acordo com informações da pesquisadora, foram trabalhados dois grupos de camundongos: um exposto ao que é chamado de estresse previsível (EP) e outro grupo exposto ao estresse imprevisível (EI).

"O EP é aquele cujos estímulos estressores são sempre os mesmos. Já no EI, há uma variação", afirma Ana Paula. Daí se tira a conclusão de que o tipo de estresse vivido pelo camundongo potencializa ou não os efeitos da droga. A exposição ao EP, por exemplo, aumenta a propensão da vulnerabilidade ao abuso da cocaína. Isso é claramente percebido quando os resultados mostram um aumento progressivo da atividade motora no decorrer do uso da droga. Segundo Ana Paula essa mudança configura a farmacodependência.

No grupo estimulado pelo estresse imprevisível, os resultados foram nulos, se estudados os efeitos da cocaína na sensibilização comportamental cruzada entre cocaína e estresse. Por outro lado, o estudo demonstra que o uso crônico da cocaína causou alterações enzimáticas no cérebro dos camundongos que sofreram o EI. Essa descoberta, segundo Ana Paula, é uma surpresa. "Achávamos que os ratos do EP é que teriam alguma manifestação diferenciada, mas isso não ocorreu", relata a pesquisadora.

Ela afirma que ainda é muito cedo para colocar na prática os resultados obtidos em sua tese. As terapias utilizadas no tratamento de dependentes de cocaína levam em conta todo um quadro social no qual o usuário vive. A informação comprovada agora é que o estresse pode aumentar a propensão ao desenvolvimento da dependência da cocaína, o que nenhum estudo do ramo havia descoberto. Ana Paula acredita que a sua linha de pesquisa é o início do caminho para um tratamento diferenciado aos dependentes químicos. "É aonde pretendemos chegar", idealiza a pesquisadora.

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