ISSN 2359-5191

16/05/2008 - Ano: 41 - Edição Nº: 38 - Ciência e Tecnologia - Escola Politécnica
Poli projeta veleiro para atletas paraolímpicos

São Paulo (AUN - USP) - O veleiro POLI19 será utilizado pelos atletas paraolímpicos durante os treinamentos. O projeto foi fruto do trabalho voluntário de docentes e alunos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli). A construção do primeiro veleiro foi viabilizada pelo apoio de outras instituições como a FINEP, que financiou, além da construção do barco, as formas que foram doadas à Federação de Vela do Estado de São Paulo (Fevesp). O projeto teve início com o pedido de Renato Valentim, coordenador de vela paraolímpica Fevesp, para que alguns professores da Poli planejassem o veleiro.

A Fevesp requisitou então um veleiro que comportasse três pessoas para o treinamento desses atletas, que fosse barato e que apresentasse soluções inteligentes para as necessidades de pessoas com mobilidade reduzida. Assim seria possível a concretização do plano que pretendia para construir por volta de dez barcos que seriam espalhados pelo Brasil.

A modalidade do veleiro olímpico tem duas categorias, a individual e a para três pessoas, o POLI 19 é um modelo próprio para a categoria de equipe. A Fevesp já possui dois barcos próprios para a categoria de um velejador e pretende adquirir mais dez barcos do mesmo modelo.

Em competições oficiais os atletas utilizam o Sonar, veleiro inglês de 23 pés. Esse modelo é comercial tem um custo de aproximadamente 40 mil dólares. Durante as competições oficiais a FEVESP costuma alugar pelo período necessário um Sonar. No entanto, devido a esse custo elevado e outras dificuldades esse modelo é inviável para o treinamento dos atletas brasileiros.

Há adaptações simples nesses veleiros usados em competições como a travessa de um lado ao outro do barco. As adaptações dependem e variam muito de acordo com a equipe e das restrições especificas que ela apresenta. Algumas dessas são contempladas pelo POLI 19, não estão implementadas ainda, mas já estão projetadas e muitas foram até desenhadas.

O barco utilizado anteriormente, o BaySailer, não comportava adequadamente os três tripulante, sendo um modelo ideal para dois velejadores. O projeto é antigo e já é produzido em diversos países, inclusive no Brasil. O custo desse modelo é baixo mas ele é desconfortável para quem apresenta algum tipo de deficiência, sua ergonomia não é própria para esse público, por não ter sido projetado com essa finalidade.

A diferença de quatro pés que aparentemente pode ser pouca faz muita diferença na prática. O treinamento dos velejadores brasileiros em represas impossibilita o uso de barcos de 23 pés devido à profundidade limitada.

Para atender a demanda da Fevesp diversas adaptações foram feitas e diversos aspectos foram incorporados ao projeto. O veleiro deveria ser fácil de ser rebocado, ter baixíssimo custo comparativo e mecanismo de içamento da quilha. O projeto foi bem sucedido, o custo final previsto para o POLI 19 é de S$25 mil, cerca de 30% a 40% mais barato do que os modelos comerciais, segundo o professor Alexandre Nicolaos Simos, um dos coordenadores do projeto.

O POLI 19 é seguro para os velejadores, ergonomicamente apropriado para deficientes, principalmente nos detalhes como os bancos e cockpit projetados especialmente para esse público. A poupa aberta do veleiro torna a subida no barco em caso de uma eventual queda mais fácil, por exemplo, explica o professor André Luis Condino Fujarra, outro coordenador do projeto.

O veleiro também apresenta ótima estabilidade. Apesar de a questão de desempenho não ser uma prioridade do projeto, o resultado nesse quesito foi satisfatório e até surpreendente, afirma Alexandre Nicolaos. Ele pode ser velejado por qualquer pessoa. Visualmente é um veleiro convencional, as adaptações são quase imperceptíveis já que o intuito do projeto era justamente esse. Não é adaptado para uma equipe especifica, pois a função do veleiro é ser adaptável e não já apresentar as adaptações necessárias de cada atleta. Nas competições como nas Paraolimpíadas os velejadores utilizam um modelo comercial já que o espírito na competição é a inclusão desses atletas.

O mecanismo de içamento da quilha desenvolvido especialmente para esse barco será patenteado em breve. Essa patente será feita em nome da USP, mas sem o objetivo financeiro de ganho de royalties mas simplesmente para que seja registrado que o desenvolvimento desse equipamento foi realizado na universidade, segundo afirmam Alexandre Nicolaos Simos e André Luis Condino Fujarra.

O veleiro já foi apresentado publicamente na represa Guarapiranga em evento no dia 26 de abril, no qual se deu grande destaque para os diferenciais do POLI19. Ele já havia sido testado anteriormente em canal entre Santos e o Guarujá.

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